quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Carpe Diem: Na Praia

Para acompanhar leia: Na Festa

A semana passou corrida após aquela festa. Miguel procurou encontrar a garota em alguns lugares, mas suas buscas se tornaram frustradas. Já cansado aceitou que só a encontraria quando desistisse de procurar, ocupou-se então com seu trabalho e estudos, salvos pelos passeios de skate na madrugada com Steve. Este que se mostrava cada vez mais um cara legal, com quem gostava de passar boas horas conversando e divagando sobre assuntos.


"Um dia de praia." Foi este pensamento que o fez levantar da cama e correr para o chuveiro enquanto despertava naquela manhã quente. Combinou de se encontrar com o Steve na Praia que ficava perto de sua casa, então partiu em direção a mesma.Saiu de casa vestindo uma bermuda de um pano que secasse rápido e o permitia nadar tranquilamente, uma camiseta leve e os óculos escuros, afinal o sol já gritava alto naquele céu. Nos pés um par de chinelos que seriam facilmente retirados para o banho de mar.

A praia está cheia, nota-se isto logo que chega próximo a areia. Devido ao tempo que faz e o fato de ser um sábado, muito contribuiu com isso. Caminha um pouco pela areia, agora sua camiseta está enrolada e presa a sua bermuda, enquanto segura seus chinelos para poder sentir a maciez da areia sob seus pés. Encontrou-se com Steve em frente a um pequeno quiosque, onde se sentaram e ficaram conversando sobre alguma coisa. Miguel precisava dar um mergulho naquele mar, mas seu amigo estava entretido com seu cigarro, então preferiu ali ficar.

Muitas pessoas passam em sua frente enquanto fica a admirar a fúrias daquelas águas e a forma como surfistas brincam com as pranchas sobre as ondas. Nada um pouco, tentando esquecer as aflições, afinal sua vida se baseava nisso. Até algumas semanas atrás tudo com que tinha se preocupado era em não sentir falta de Lívia, porém agora, se frustra por não saber o nome da bela garota que viu na semana anterior. Se perderia em tantos outros pensamentos, se uma prancha não voasse em sua direção, derrubando o surfista que estava ali em cima, e quase acertando o rosto de Miguel.

Saindo da água aborrecido com o fato, se pôs a caminho do surfista, que agora tinha colocado sua prancha presa a areia, ficando atrás da mesma enquanto conversava com alguém. Miguel esqueceu de sua fúria assim que viu quem era "o tal surfista". A garota de cabelos negros, encontram-se presos, o que deixa suas costas nuas, porém invisível aos olhos de Miguel, já que este se encontrava olhando para os seios que fomentavam suas fantasias, sobrepostos apenas por um pequeno biquíni. Descendo por uma cintura estreita, se molda em lindas curvas que salientam o pequeno shorts da garota.

Claire Hooper! Era só o que Miguel conseguia guardar daquele pedido de desculpas. Apenas se importaria se a prancha lhe tivesse acertado os olhos, privando-o da bela visão que a garota lhe proporcionava. Então conversaram por algum instante, agora ria do quase-acidente que acabara de ocorrer, Claire explicava que não o havia visto por isto caiu quando desviou a prancha da direção do garoto. Sentaram ali na areia, e a conversa fluía como água por uma pequena brecha em uma represa, que aos poucos estoura a barreira e faz a travessia mais fácil.

Claire era noiva de Eric - filho de um sócio de seu pai - que lhe fora prometido por esta união gerar muito conforto a família. Ainda não estava acostumada com todo aquele relacionamento, fortemente, influenciado por seus pais. Aceitou a bolsa que conseguiu em uma faculdade Australiana, fazendo que o seu casamento tivesse de ser remarcado até o fim de seus estudos. Considera-se muito nova para tal compromisso, com dezenove anos Claire mora com duas amigas que, assim como ela, querem se divertir mais um pouco antes de ingressar na vida a dois. Porém não é o que sua mãe pensa, já que a garota passava mais tempo com sua prancha em alguma praia de Vancouver no Canadá, do que pensando num futuro que ela julgara ser o correto.

O sol agora baixara, Miguel reparou quando Steve saiu da água. Sua tatuagem, uma ave em formas tribais que sobrepunha sua coxa direita até certa altura de sua cintura, reluzia conforme o sol lhe tocava, pelo menos a parte que ficava exposta fora do alcance da sua sunga. Claire aguardou pela chegada do rapaz, o cumprimentou enquanto se despedia. Steve sorriu para a garota, compreendendo quem era a hora que fitou Miguel com o sorriso estampado no rosto. Ficaram ali sentados enquanto a mesma recolhia sua prancha, disse que esperava encontra-lo novamente, brincou com o ocorrido no mar.

Steve preferiu se manter em silencio, enquanto Miguel divagava sobre a garota. A paixão é algo que acontece sem ser notada, o brilho nos olhos e o tom da voz muda de um segundo para outro. Passa-se a sentir necessidade do outro, com isso os momentos juntos se tornam grandes e valiosos. É como uma grande amizade, você age de forma boba o tempo todo, seu amigo lhe compreende e continua suas brincadeiras sem que antes tivesse combinado algo. Porém na paixão o sentimento queima, faz com que a vontade de um abraço se torne intensa, então é preciso consumir a carne, deixar-se queimar.

Steve era sua definição perfeita de amizade que queima. Claire era sua definição perfeita de paixão que age de forma boba. Sorriu para seu amigo, enquanto com os olhos acompanhou as curvas nas costas da garota, que terminava em uma pequena tatuagem com os dizeres: Carpe Diem.

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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Doce Cúpido

Os rastros do sangue escorriam desde a porta e se estendiam por um pequeno quarto. Em um colchão coberto por um lenço branco - que agora se encontrava vermelho pela espeça mancha que escorria em suas dobras - encontrava-se uma garota. Deitada de forma que suas costas ficaram para cima, seus cabelos louros encontravam-se manchados, combinando com as tonalidades que haviam se espalhado por todo o percurso. Em suas costas, o motivo era evidente, pequenas asas brancas se estendiam, o vermelho se misturava a suas penas, deixando claro que ali acabara de nascer um anjo.


É como ganhar um peixe em um aquário. Um presente incrível, porém só se manterá vivo se você se dedicar e assumir este compromisso: cuidar de sua vida. Ela tinha agora que assumir está responsabilidade, entregaria o pequeno presente para uma criança que aprenderia a cuidar e a amar cada dia mais. O pequeno peixe encontraria alguém com quem compartilhar suas alegrias, ela entregaria o peixe a este alguém. Que o amaria tanto ao ponto de buscar a razão de sua vida dentro de um mesmo aquário. 

O arco se fez divino, em um súbito brilho surgiu entre seus dedos. Claro que nunca manuseou arma alguma, era apenas uma garota que amava demais e via nisto a grande força de sua vida. Dedicou cada um de seus dias para fazer dos que estavam a sua volta felizes. Mas foi só questão de tempo, sua vida era prometida para feitos maiores, conseguia compreender isto agora com o instrumento em sua mão. O manuseava perfeitamente, os tiros eram precisos, as flechas surgiam em seus dedos conforme flexiona o arco. Assim fez Doce Cúpido. Cada ponta de flecha deslaçaria as rédeas que prendiam o coração, entregando-o ao merecedor de seu amor, este que estaria diante de seus olhos no momento certo.

Duas garotas caminhando sozinhas numa madrugada, seus longos cabelos louros e suas vestimentas mostravam que eram de boa família. Uma delas chora por um amor destruído, se lamenta por todos os erros que cometeu, mas as lágrimas se tornam sorrisos conforme a amiga a conforta falando qualquer coisa aleatória e a entretendo durante todo o percurso. Os pensamentos divagam em suas mentes, e num súbito momento de euforia seus olhos se encontram, como uma loucura presente, uma vontade voraz, o beijo acontece. O Doce Cúpido sorri, sua flecha acertou o coração machucado.

Um rapaz cabisbaixo, tentando entender o que lhe falta. Era um empresário de sucesso, mundialmente reconhecido. Sua família se sentia orgulhosa por suas conquistas, porém o mesmo se encontrava ali, sozinho, caminhando mais uma vez de volta para casa. Uma garota feliz, do tipo que contagia a todos, que se rodeia por pessoas que a amam e a querem bem, porém em algumas noites frias sentia a falta de um braço em volta de seu corpo, protegendo-a e fazendo dela a garota feliz por ser de alguém. Enquanto caminham em direção opostas seus olhos se encontram, em um brilho sente algo explodir. Ele oferece a mão sobre o seu rosto, ela se entrega ao beijo apaixonado. Doce Cúpido mirou dois peitos, sua flecha se prendeu a eles.

Em uma grande festa, uma mesa de bar, andando sozinho pela rua, no emprego enquanto escuta o grito de seu chefe, as vezes comprando um refrigerante, outras vezes abraçando um amigo. Doce Cúpido cumpria sua missão, suas flechas não cessariam. O amor motivaria, a envolveria e quebraria todas as barreiras que fossem impostas. A amiga de anos de uma garota, a garota que nunca viu aquele rapaz, o rapaz que nunca sentiu nada por seu melhor amigo. Era o instrumento do amor, com ele curaria cada ferida, faria delas dores do passado, curaria com amor tudo o que o amor feriu. 

A responsabilidade era grande, mas a satisfação era maior. Enquanto curava as dores de amores, estourava cada uma das rédeas que prendiam os corações, percebeu que se amarrava nisto. O sorriso no rosto do Doce Cúpido agora lhe fugia a face. Os amores a sua volta poderiam alimentar a sua felicidade momentânea  mas ela precisava mais do que isso. Seu peito agora doía, curou tantas dores do amor, que agora se via vítima desta doença. Criou o antídoto para um veneno, mas não esperava tomar a dose do mesmo. 

A flecha surgiu entre seus dedos, o arco não se fez necessário. Olhou para sua ponta, em seu peito algo tentava pulsar, mas continuava preso ali. Fechando seus olhos e usando de extrema força fez um movimento, rodou a flecha sobre seus dedos e a cravou em seu coração. Era o fim de Doce Cúpido, suas asas se recolhiam e o sangue escorriam de seu peito pelo chão em que agora se encontrara.


Os rastros do sangue escorriam desde a porta e se estendiam por um pequeno quarto. Em um colchão coberto por um lenço branco - que agora se encontrava vermelho pela espeça mancha que escorria em suas dobras - encontrava-se uma garota. Seguindo este percurso um rapaz preocupado se propôs a procurar, e ao chegar no quarto se surpreendeu. As manchas de sangue secavam e o peito da garota se encontrava intacto, era a imagem mais bela que já vira, loura de pele clara, poderia dizer que era um anjo. Ainda mais agora, enquanto seus pequenos olhos azuis se abriram em sua direção, encontrando-se com os dele.

É como ganhar um peixe em um aquário. Um presente incrível, porém só se manterá vivo se você se dedicar e assumir este compromisso, de cuidar de sua vida. Ela tinha agora que assumir está responsabilidade, entregaria o pequeno presente para uma criança que aprenderia a cuidar e a amar cada dia mais. O pequeno peixe encontrou alguém com quem compartilhar suas alegrias. O amaria tanto ao ponto de buscar a razão de sua vida dentro de um mesmo aquário. 

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Comprou o bilhete?

O grande lance da vida é sempre reclamar por coisas das quais não conseguimos alcançar. O ser-humano tem este dom. Culpa tudo menos a si mesmo pelas derrotas que toma da vida. Percorrem toda a estrada de sua vida apontando e indicando as falhas das pessoas, mas não percebe as rachaduras na sua parede. É triste, é estressante, mas é tão humano.


Quantas vezes criticamos alguém bem empregado e com grande sucesso na carreira, simplesmente, por achar que ele não é merecedor daquilo. Ou melhor, as vezes simplesmente apontamos o dedo e falamos um monte de asneira a respeito de como a pessoa conquistou o sucesso que tem, enquanto no final, continuamos no mesmo lugar com o dedo estendido. Esperando que do nosso céu caia um baú de dinheiro e resolva os problemas de nossas vidas. Financeiro, porque temos coisas que dinheiro não resolve.

E os casais mais felizes que já conhecemos. A garota é uma linda moça, o garoto nem tão belo assim. Então surge a dúvida "o que ela vê nele?". Com esta pergunta surge a respostas. "Ela vê mais do que seus olhos fúteis conseguem entender". As pessoas se interessam por aparências, mas se conquistam por muito mais que isso. Basta ter a atitude necessária para se lutar pelo o que se quer.

De que adianta viver reclamando de tudo e cobiçando o que os outros têm?
Pessoas que se deram bem na vida, foram por que buscaram por onde. E se assim nasceram, é porque um pai cansado que mal via sua família, fez isso por seus filhos. Lutou, acordou cedo, pegou dois ônibus e um metrô. E hoje em dia dirige seu próprio carro comprado com o suor de seu esforço.

Claro que vivemos em um mundo mercenário. Onde quem tem dinheiro é favorecido e quem não tem sofre bem mais. Nunca discordaria disto. A injustiça é gritante, em um país como o Brasil, por exemplo, é quase que escancarada. Porém a luta para se tornar alguém melhor vai depender de você. As suas conquistas e suas vitórias não se resumem a quanto dinheiro você tem, e sim a sua satisfação pessoal.

Lute para que o seu emprego seja o melhor do mundo, que a sua família seja a melhor de se estar, lute para que o seu relacionamento seja o mais promissor de todos. No fim lute para você ser o melhor que pode todos os dias. E antes de reclamar que nunca ganhará na loteria, compre um bilhete.

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Tic tac


Tic-tac.
Acordando-me assustado na madrugada.
Era onde aquela escuridão profunda me dizia estar,
Mesma que não me permitiu distinguir centímetro nenhum a frente de meus olhos.

Tic-tac.
Ouvi daqueles pequenos ponteiros.
Tic-tac
Uma voz miúda, ouvida com grande concentração.
A percepção se expande quando você se encontra sozinho ali.

Tic-tac.
Disse-me a moça de cabelos negros.
Enquanto de seus olhos, os sentimento transbordavam.
Esses que escorriam em sua face contemplada pela beleza.

Tic-tac.
Ouvi daqueles pequenos lábios.
Tic-tac
Uma voz suave, ouvida com grande concentração.
O coração se aborrece quando você se encontra sozinho ali.

Tic-tac
Arranhando-me a garganta.
Fazendo com que o belo sol vá embora.
Trazendo a vida aquela dama que ilumina o céu noturno.

Tic-tac
Ouvi dentro de minha mente.
Tic-tac.
Uma voz severa, ouvida com grande concentração.
O cérebro explode quando você se encontra sozinho ali.

Tic-tac. Eu ouvi.
Tão unidos num pequeno ruído
Gostaria de imaginar o mesmo sem o seu Tic.
Procurando incessantemente por um outro Tac.

Tic-tac, tic-tac, tic...
Acordando, dizendo, arranhando...
Tic-tac, tic-tac, tic...
Miúdo, Suave, severo...

Tic-tac, fez o coração.
Tic-tac, unindo o cérebro a percepção.

Tic-tac, sozinho ali.
Apenas um tic,
Tac se foi.

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domingo, 20 de janeiro de 2013

Direto no Furacão

Querido diário, ou sei la como eu deveria lhe chamar. Poderia ser amigo, psicólogo, ouvinte ou qualquer coisa que envolvesse você saber todas as minhas histórias e nunca me perguntar nada sobre elas. Mais uma vez chorei por conta de um amor mal resolvido. É sim, outra mesma história com protagonistas diferentes. Mas você me conhece e sabe muito bem que nesta questão eu não mantenho freios, eu afundo meu pé no acelerador como um louco esperando chegar logo ao destino.


Não me peça para ir devagar, eu entro de olhos fechados e pulo direto no furacão. Não procuro um lugar onde me segurar, mas sim braços que me envolvam enquanto estiver dentro deste turbilhão. Você pode dizer que sou um grande idiota irracional que precisa colocar os pés no chão. Mas eu te ouviria se o som do vento causado por toda esta turbulência não me deixasse surdo. Minhas mãos se esticariam pedindo por um socorro, mas o único que me alcançaria é o centro deste fenômeno remoto que me joga para todos os lados fazendo com que minha respiração saia ofegante e meu coração entre em colapso.

Me pediram uma definição sobre o amor, eu respondi com um sorriso, claro, foi tudo o que a pessoa guardou e isto se fez suficiente. Porém se ela perguntasse o porque da minha definição eu responderia com a lágrima que escondi enquanto deixava o sorriso transparecer. É isto que ele causa, não é? Um grande e lindo sorriso quando se apresenta, mas se torna uma imensa lágrima de sangue quando se vai. Devora cada parte do seu EU original, tornando-te uma outra pessoa, que nem você consegue ver como esta chegou ali. E isto só será percebido quando a vida lhe obrigar a viver fora de toda esta confusão, te obrigar a juntar suas partes e sair deste turbilhão. 

Continuarei aqui, entorpecido pela angústia de um final frustrado que sempre chega antes da hora. Minhas lutas incessantes para manter-me vivo dentro do turbilhão se tornam meros gritos desesperados que nunca serão ouvidos. Um apelo de um louco para que você possa compartilhar de sua lucidez mais insana, o choro de uma fera ferida enquanto o caçador se aproxima para acabar com sua dor. Continuarei como o embrulho de um presente, que se fez tão bonito e guardou a peça com todo o cuidado que podia, mas foi rasgado e esquecido assim que apresentado ao destinatário. 

Peço-lhe desculpas se minhas palavras são cortantes e duras, destas que saem enquanto ferem a boca de quem fala e o ouvido de quem ouve. Porém é tudo o que restou após este furacão. Tirando-me tudo que construí e todo o cuidado que mantive para fazer dos dias mais doces e suaves. Estirado ao chão agora após este fenômeno, tudo que consigo ver é a destruição e o choro de uma criança que agora ficou sem um lugar para ir quando sentir medo. Pretendo continuar aqui, é frio e solitário, eu tenho ciência disso, mas me aconchegarei. Afinal, logo outro turbilhão começará. Então, não me peça para ir devagar, eu entro de olhos fechados e pulo direto no furacão.

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Carpe Diem: A Festa

Para acompanhar leia: Recompondo-se

Aquelas tochas iluminavam o caminho por toda a praia. E ao fundo Miguel conseguia ouvir o som da música, algumas batidas fortes e eletronizadas se misturavam ao som do mar. Olhou para este e viu a enorme lua que iluminava aquela noite, sentiu-se satisfeito pela escolha que fizera para aquela festa. Então com um aperto sobre seu ombro, e um grito agitado, Steve deixou claro que era hora de curtir a noite.


O Local era uma enorme tenda recheada por ornamentos coloridos que brilhavam ao toque das luzes que emanavam de um mesmo local. Este que ao canto da tenda, no lado oposto a água salgada do mar, abrigava uma enorme cabine, cheia de aparelhos e caixas de som que contornavam todo o local. Acima dela um rapaz com cabelos compridos pintados com alguma tinta que brilhava junto com os ornamentos, sendo oculto apenas pelo arco dos enormes fones sobre seus ouvidos. 

Conversava com alguns amigos de Steve que estavam parados em um círculo enquanto se movimentavam conforme a música era tocada. Miguel aos poucos se deixava envolver com as batidas, no começo parecia um pouco difícil, estar em um lugar, totalmente, desconhecido até o momento e, praticamente, sozinho o tempo todo. Mas conforme ia bebendo algumas bebidas de cores que ele achava interessante e cujo o conteúdo ele nem se importava mais de saber, seu corpo ia sendo levado devagar e continuou assim por boa parte daquela noite.

Steve estava acostumado a este tipo de festa, era sua habitual "fuga", quando sentia falta de sua casa, ou apenas um momento de diversão para um sábado a noite. Trouxera o novo amigo para experimentar este tipo de vivência, e estava disposto a fazê-lo experimentar o mundo que vivia alucinadamente. Enquanto se afastou de Miguel, observou alguns de seus amigos em outro canto, eles tinham algo que ele estava precisando. Um pouco exausto após o dia todo andando com seu skate, precisava de um "upgrade" para a sua noite. E foi ali com este amigos que conseguiu um pequeno comprimido para acabar com seu cansaço.

As músicas eram incessantes, e Miguel parecia estar perdendo o folego diante tantos passos e bebidas. Steve vendo o estado do amigo ofereceu então o remédio para toda esta fadiga. De cara Miguel não aceitou, sabia bem o efeito do Êxtase, seus amigos no Brasil costumavam usar este tipo de narcótico, mas ele nunca precisou disto. Infelizmente, só com a bebida e a música não conseguiria fugir de seus pensamentos sobre a garota que deixara para trás, então sem pensar muito sobre o assunto, aceitou a sugestão do amigo.

Era como se a pilha velha do controle remoto fosse removida, e uma nova pilha três vezes mais potente posta no lugar. As batidas pareciam estar mais lentas, enquanto o seu corpo se movia sem que ele precisasse de tanto esforço para comandá-lo. Esquecia-se do que lhe diziam no momento que concordava com a cabeça, assim como não se importava mais de ouvir o que lhe era dito. Só queria esquecer e dançar, a noite toda se possível. Viu Steve a olhá-lo e a segui-lo naqueles passos que pareciam doidos até certo ponto, após isto era só diversão.

Poderia ficar nisto a festa inteira, se a sede não fosse sua fiel companheira agora, e fizesse com que Miguel tivesse que parar por um instante para buscar por uma nova garrafa d'água. E foi em uma destas, concentrações que teve de fazer para saciar sua sede, que esbarrou com uma garota. Ainda estasiado pelo efeito da pastilha não deu muita atenção a imagem, até que se virou para desculpar-se e então a viu.

Os olhos eram azuis, como o céu de uma bela manhã de verão, meio acinzentados conforme o brilho lhe era dirigido, contrastados com o contorno de uma linha negra que se misturava a algo de um verde brilhante, com cintilantes pedras que se misturavam a pintura sobre suas pálpebras. O nariz descia em uma finesa e contraste sem igual, a boca - sua melhor parte - seus lábios superiores eram incrivelmente desenhados para acompanhar a beleza daquela espécie, e os inferiores eram fartos, como se o sangue quente emanasse de dentro deles. Este lhe ofereciam um sorriso, que fez Miguel perder-se nas palavras ao se desculpar.

Meu Deus! Que garota era aquela. Enquanto dançava observava os passo da mesma. Seus longos e negros cabelos voavam conforme seus movimentos. Trajava um pequeno top que fazia toda a atenção ser mantida naqueles pequenos e redondos seios. Sobre eles um pequeno tecido colorido, como se uma enorme quantia de tintas fluorecentes tivessem caído no mesmo, o corte deixava seus ombros desnudos, o tecido terminava na altura do umbigo, deixando-o a amostra, fermentando assim a imaginação. Sobre aquela pequena cintura um shorts, que o deixou ainda mais intrigado, devido ao tamanho singelo da peça. Suas longas pernas bronzeadas pelo o sol eram esculturais e por fim terminavam em um par de pequenos tênis baixos que também eram coloridos e demonstravam o estilo da garota.

O sol agora iluminava o local, enquanto as músicas nunca cessavam. Procurava que algo iluminasse sua mente, mas os pensamentos eram desnexos, iam e vinham de vários lugares ao mesmo tempo. Respondia a algumas perguntas de Steve, mas não prestava atenção à suas palavras. Então o mesmo tentou entender o que tirara a atenção de Miguel, encontrou a garota que ele fitava. Não prestando muito bem atenção ao o que dizia, falou algo sobre deixar se levar pelo momento e permitir-se um pouco mais nesta louca aventura. E foi tudo o que Miguel conseguiu ouvir.

Não fosse o efeito de tantas drogas que provara na noite, Miguel poderia tentar se aproximar. E este era um ponto contraditório, afinal, não tinha o que pensar, então o medo não o impediria de chegar e conversar com aquela garota, mas algo o impedia e quando se viu tentado a enfrentá-lo, não avistou mais a musa de seus olhos. Fazendo assim com que perdesse a esperança de reencontrá-la.

Steve já cansado e agora careteado após os efeitos dos narcóticos, se viu tentado a ir embora. Miguel havia perdido o foco, o sol já estava a pino, então decidiu que era a hora de partir. Caminharam sobre a areia, num corredor de tochas, agora apagadas, até encontrarem o carro. Steve ainda falava muitas coisas e Miguel mantinha-se perdido em pensamentos. Quem era aquela garota? Por que não perguntou ao menos seu nome? Tantas coisas a se pensar.

Já no carro partiram em retirada. Contou a Steve sobre a garota e confessou que nunca havia presenciado tanta beleza. Este escutou toda história, mas manteve-se neutro sobre o assunto. Deu alguma opinião sobre existir várias garotas iguais a esta por aí e que ele ainda conheceria muitas. Mas Miguel tinha certeza, existiam muitas garotas que o faria respirar mais forte quando as encontrasse, porém aquela garota o fez perder o ar, e isso o motivava a querer um pouco mais dela.

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pulsação de um Beija Flor

E não importa o que acontecesse, no fim seria sempre o mesmo beija-flor procurando por sua flor a muito perdida. Escondida entre as matas selvagens de um floresta escura e fechada. Flor esta que esperava o doce toque de seu amado. Esperando todos os dias, até que a encontrasse...


Um dia de céu fechado, tempo nublado, aqueles que o sol tenta de todas as formas se descobrir, mas os cobertores lhe sufocam, ocultando o seu brilho e fazendo com que permaneça por traz desta nuvens. Dia este que o voo parece impossível, as asas se encharcariam e o peso das mesma o faria cair. A chuva caí la fora, enquanto a tempestade continua sendo dentro de seu peito.

Desprotegida de qualquer tempestade ela continua ali, parada e recebendo a benção dos céus. Para alguns a chuva pode ser um grande obstáculo, para outros é como o carinho suave de uma divindade que cuida e protege você. E era assim com ela, cada gota que tocasse suas pétalas teriam um gosto macio e delicado, como a de um aconchego. Mas este não era o toque que esperava, a pulsação que sentia era por outra divindade, está que ainda tinha medo de se molhar.

Existiu uma época que o pequeno Beija-Flor voava livre sobre o céu, em dias de sol víamos os brilhos de suas asas tocarem as nuvens. E neste céu que ele a viu, uma flor de cores brancas que se misturavam ao vermelho que escorria em suas pétalas, como se uma pequena parcela de tinta fosse derramada por cada uma delas. Sabia que está deveria ser a sua flor, ainda mantendo o voo desejou toca-la, foi assim que descobriu. O gosto de seu mel era tão doce.

Durante todas as estações este foi o gosto que quis sentir, o mel daquela flor branca com pequenos tons de vermelho sobre sua superfície. Voava livre no céu, enquanto aquela se mantinha sempre ali. Via como dançava contra o vento mostrando toda sua beleza para ele. Este que ainda buscava o mel de outras espécies, tentava entender porque só ela poderia oferecer aquele doce gosto ao seu paladar. E foi assim que a tempestade chegou. Enquanto deu as costas para o doce mel de sua flor, buscando melhores gostos.

Protegido contra aquela fortes gotas ele a via lá, parada e desprotegida, esperando por sua pulsação. Pequeno Beija-Flor o que teme? Qual o seu medo? Suas asas são fortes o suficiente para voar até lá, seu amor é suficiente para encontrá-la. O doce mel que produzira não é o suficiente para você? Ou ainda tem medo de abrir suas asas e voar?

Um dia de céu fechado, tempo nublado, aqueles que o sol tenta de todas as formas se descobrir, mas os cobertores lhe sufocam, ocultando o seu brilho e fazendo com que permaneça por traz desta nuvens. Neste dia escuro ele decidiu voar. Ao abrir suas asas pôde sentir cada gota tocar suas penas, e o peso do voo parecia que iria derrubá-lo, mas este não cairia, não enquanto ela o aguardasse. Ao longe aquela Flor Branca viu seu amado voar, em um céu escuro que era colorido apenas pelas penas e o alçar de voo de seu pássaro.

Ao tocar suas pétalas sentiu o sua suavidade, ela respondia a ele. Sua pulsação era cada vez mais forte e agora entendia o porquê. O doce mel que esta lhe oferecia não era comum, era o mais puro sabor de seus sentimentos que brotavam e se protegiam. As gotas que tornavam seu voo pesado, agora não era mais sentida, enquanto aquela flor desabrochasse ele continuaria no ar. Aos poucos seus movimentos tornaram-se lentos, suas asas precisavam descansar.

As pétalas envolveram todo seu corpo, enquanto esse, já cansado de lutar contra a chuva, deixou-se ali ficar. Era o último toque de sua amada, era o último voo que alçara. Sentindo o gosto pela última vez permitiu-se adormecer ante o corpo de sua preciosa Flor, esta que junto com ele deixou aquela tempestade ser a última que sentira.


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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Fria Metamorfose

Paixão, Tempo e Amor. É como a Lagarta, Casulo e Borboleta. 
A beleza só será completa na hora certa, nunca quebrando por fora e sim sendo rompida por dentro. O que se mantiver congelado, assim ficará, até que esteja pronta para queimar. Antes disso só sentira o frio tentando escapar, mas se vendo preso no mesmo lugar.


Coração, na questão biológica é um órgão que bombeia o sangue por todas as partes do corpo animal, no ser humano divide-se entre átrios e ventrículos. Na questão poética é a concentração de todo o sentimento guardado, que bombeia cada sentimento por toda área do corpo, que desencadeia uma série de sensações e questões que nem o próprio saberia responder. E é sobre este ponto de vista que falaremos hoje, o poético.

Existiu uma época em que apaixonar-se era uma grande aventura, era o mais esperado de todos os momentos. Sentir aquele controlador pulsando o sangue por todas a áreas de seu corpo, fazendo ferver cada centímetro do mesmo, aquela questão de pernas desordenadas, palavras gaguejadas em linhas embaralhadas diante aos olhos do emissor de um sorriso singelo, ou apenas um olhar bem direcionado. Fazendo com que nada, além daquele sorriso, precisasse de mais que dois segundo de sua atenção.

Como já dizia o grande Poeta português Luiz Vaz de Camões "Amor é fogo que arde sem se ver; Ferida que dói e não se sente". Paixão chega e devasta, queima, bagunça, desregula, desequilibra, cega, enlouquece e, por fim, acalma. Transformando-se em algo maior, amadurecendo em cada detalhe do sentimento. Cada conversa demorada sobre o futuro a dois, sonhos compartilhados de uma viagem de verão, qual o nome do animal de estimação e, futuramente, a cor do tapete que ficará na sala. Presenciamos o nascimento do velho brigão e exigente, companheiro e descontrolado. O Amor.

Paixão é um adolescente, que briga com tudo e destrói o que atrapalhar o seu crescimento, exige tudo na sua hora, no seu momento. Até que machuca, fere, corrói um ao outro. Amor é um adulto maduro, que compreende enquanto não é compreendido, que constrói enquanto tentam destruí-lo, que te mostra que "sentimento adolescente" nenhum vale o esforço, quando você já passou por todas estas fases. Ninguém chega no fim do jogo e fica contente de cair em uma casa que lhe manda voltar ao início.

O que antes era o fogo que ardia sem se ver, torna-se um inverno frio e gelado, que dói e se sente. Ao término de uma relação os corpos se separam, os amigos se dividem, os sorrisos se tornam forçados, sentimentos tornam-se ultrapassados. Ninguém consegue ocupar o espaço em seu peito, afinal a entrada está coberta por uma espeça camada de gelo, que não se romperá. Por mais doloroso que seja, o amor é sábio. Conhece o tempo certo e faz dele seu eterno aliado.

O tempo é um eterno amigo do Amor. Este cara bobo que passa sem se ver, que faz cada instante se tornar passado a partir do momento que você pensa nele. Determina quem vai e quem vem, quem fica e quem diz Adeus. Tempo, tempo, tempo. Uma criatura tão poderosa, que fica difícil definir o que não possa conseguir, o que não possa alcançar. A cada segundo que o ponteiro mostra, nos torna mais distantes do passado e mais próximo de um futuro.

O tempo nasce após o fim da paixão. Tenta auxilia-la, mas esta imatura que é, decide que quer agir sozinha, no agora, naquele instante. Despede-se, mas volta a procurá-lo quando amadureceu, quando se tornou Amor. E este como um fiel companheiro a ampara, dá abrigo, acolhe e protege. Cria um escudo de gelo envolta de sua superfície, este que ninguém quebrará antes do momento certo. Deixa viver novas tentativas frustradas de descongelamento, vê sorrisos forçados e carinhos manjados. Até que se cansa, e faz o peito pulsar.

Você sabe como se cria um antídoto a uma picada de Cobra? O veneno que feriu será o mesmo que curará. O inverno que congelou será sempre o verão que derreterá. E este é o trabalho do tempo, trazer a você uma cura e não uma operação frustrada sem sucesso. O que está ali guardado, será mantido. Até que o emissor do sorriso (aquele bobo que busca mais que dois segundos de atenção) seja a chama que arde sem se ver. Que derreta, que cure e que mostre que valeu a pena esperar.

Quando isto acontecer saiba apreciar, dedicar, mostrar. Deixe o peito queimar, o fogo adormecido pairar no ar, fazendo com que queime toda a sua pele, que derreta todo os seus medos. Deixe que a bela Lagarta voe livre daquele Casulo que se manteve presa por tanto tempo, a Borboleta tem lindas asas, detalhadamente desenhadas, cada linha contempla a beleza da asa oposta, cada movimento contempla a vida que esperou tanto para surgir. Por fim, deixe que esta pouse em seu peito e que extraia dali todo o pólen que precisar.


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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Carpe Diem: Recompondo-se

Para acompanhar leia: A Despedida

Ela o abraça enquanto a segurava em seu colo, o toque da sua pele era macio e o doce cheiro que esta emanava o fazia escravo daquele momento. Hipnótico era o seu sorriso, magnético era o seu corpo enquanto cósmico eram os seus beijos. Preso a um mundo no qual só os dois viviam. Ficaria ali para sempre, se o som de algum relógio barulhento não tivesse despertado Miguel daquele sonho, quase que real...


Como de costume levantou cedo naquele dia. Legal, um final de semana livre, sem estresse de trabalho ou qualquer outra bobeira rotineira dos dias convencionais. Hoje era aquele momento de colocar sua regata velha, a bermuda surrada, o par de tênis largo e o boné colorido com desenhos costurados virado para o lado. Fones no ouvido e o skate, seu fiel companheiro, nos pés. Seriam os únicos a acompanha-lo neste mais novo e lindo dia. O vento o guiaria, o sol determinava o tempo e a música suas remadas. 

Miguel conseguia com aquilo desligar-se por completo, ou quase isso. Aproveitar o dia de sol como se não tivesse hora para acabar. Pensamentos costumavam voar livres, mas sempre acabavam voltando para uma certa alguém. Um mês, era este o tempo que passou desde que a viu pela última vez. Sentia falta dela, era inevitável ser pego por estas lembranças. Lívia tinha aquele gosto especial, que nenhuma outra garota soube ter. Sabia o jeito certo de se mover, a leveza certa do toque e a força exata das palavras. Mas, tinha que deixa-la para trás, afinal este era o objetivo inicial.

Andar pelas ruas daquele país distante do teu, em um continente desconhecido, fazia-o livre ou pelo menos sentir-se assim. Morar com seu tio é como dividir o apartamento com alguém que apenas dorme ali de vez em quando. Isso era bom até certo momento, Miguel teve que amadurecer muito em pouco tempo. Para alguém com 21 anos e morando "sozinho", até que estava se dando bem. O problema deste tempo sozinho em casa era os sentimentos de saudades que batiam e o faziam querer voltar correndo para casa. Porém a vida lhe ensinou a seguir adiante, remando sempre a frente.

Hoje, um sábado, um dos poucos dias que conseguia relaxar e sair de casa. Trabalhar e estudar consumia toda a sua semana. A verdade é que ele estava muito feliz por isso, afinal não tinha tempo para esvaziar a cabeça. Mas seus finais de semana eram livres, isso queria dizer que precisava se ocupar e esquecer um pouco do que ficou para trás. Suas tardes eram recheadas com passeios de skate por toda Bondi Beach, uma das praias mais interessantes para a prática em Sydney. Não teve dificuldade em encontrar este lugar, afinal, todos com um skate no pé costumavam remar para um mesmo lado.

Neste lugar que pôde conhecer Steve, um Americano nascido em Washington, a capital Estadunidense. Decidiu partir de sua cidade com motivos semelhantes aos de Miguel. Morava ali a um ano e conhecia algumas pessoas e lugares onde ir. Em meio a isto que o convidou  para uma festa na qual muita música e bebidas estariam la, ou para uma oportunidade de sociabilizar com outras pessoas e não morrer na solidão de um país desconhecido. Melhor que isso, tentar conhecer alguém que o fizesse esquecer de algo que deixou a muito longe de sua nova vida.

Já era quase noite quando chegou em casa, o relógio anunciava 23h, era melhor correr para estar pronto. Fazia um tempo que não saía para a noite, ainda mais estando distante de seus amigos. Então era a noite de colocar aquela camiseta gola V branca com a estampa de uma caveira colorida, a calça jeans um pouco mais certa ao seu corpo e os tênis sneaker coloridos por cima dela, no pescoço uma corrente fina amostra daquela camiseta e na cabeça, claro, seu já fiel boné, desta vez virado para trás, não de forma reta, mas com certa inclinação para esquerda, proposital. 

Ouviu o carro de Steve chegar. Passou seu perfume, apanhou seus óculos escuros (a festa duraria mais do que o descanso do sol), olhou-se no espelho. Estava pronto para aquilo, para uma nova aventura, um novo jeito de viver. Tateou os bolso e encontrou o papel amassado. É serio? Ele tinha que aparecer neste momento, quando estava prestes a sair e deixar isso mais para trás do que nunca? O abriu e leu novamente cada linha, sorriu enquanto limpava a lágrima que escapou sem perceber. Amassou o papel e o jogou em um lixo qualquer, enquanto num sussurro completava:

"Jamais retornarei, pelo skate me apaixonei.
O destino te deixou la fora e sozinho viverei agora.
Quando o sol acordar, um novo amor irá me despertar.
Carpe Diem"

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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Fragmentos do Diário de um Relacionamento

Para acompanhar leia primeiro: Fragmentos do Diário de um Beijo

Pensar que tudo começou com uma troca de olhares que ele nunca entendeu, um beijo na testa que ofereceu, um sorriso bobo que jamais esqueceu e uma mensagem que respondeu. Agora se via ali, entregue aos braços daquela garota boba que falava e falava um monte de palavras que ele nem conseguia acompanhar, só o que prestava atenção era a forma como ela mexia nos cabelos, ou como ela ficava vermelha quando ele roubava um beijo na frente de todos. 

Gostava mesmo é quando estavam sozinho, jogados em um colchão qualquer, enquanto discutiam firmemente sobre quem era o melhor no vídeo-game. As vezes ele se rendia aquele olhar esverdeado e doce que ela fazia quando perdia em algum jogo bobo de luta, era nesta hora que ela gostava de trapacear e vencer, enquanto ele, trapaceava pegando-a no colo e depositando os próprios lábios nos dela. Nesta hora costumavam brincar de forma diferente. 

Ela tinha a péssima mania de querer mostrar que sabia controlar a situação, ele gostava deste jeito "mandona" que empunha suas próprias regras. Porém sabia que ela se renderia quando sua língua tocasse a macia pele que ela tinha atrás do ombro, um pouco perto de pescoço ao lado esquerdo. Ou quando sua mão deslisasse pelo seus cabelos enquanto seus dedos transassem as linhas de sua nuca, já suada, graças aos beijos incessantes que lhe oferecia. Era pequena e delicada, ele precisava tomar cuidado com aquela vida entregue em suas mãos, seus toques intensos e investidas vorazes, eram contrastados com beijos leves e olhares bobos.

Cada peça que vestia sua pele era retirada com cuidado, gostava da surpresa que o aguardava enquanto tentava se manter controlado olhando as curvas daquela garota. Claro, um leão está a um mês sem se alimentar, então o domador resolver atirar um pedaço de carne para ele. Ele esperará pela ordem, ou devorará o próprio domador se tiver chance? Era como ele se sentia quando as peças eram retiradas. Deslizava os olhos pelo corpo nu daquela garota, a Sua garota. E que visão bela e tentadora o leão tinha dali.

Depois de alguns toques, beijos e sentimentos trocados entre os corpos agora cansados. Ela gostava de deitar ali daquele mesmo jeito, vestida com o tecido da própria pele, cobrindo-se com o lençol e deixando apenas a mostra o que a imaginação dele guardara de seu corpo. Ele gostava de fitá-la com os olhos, enquanto acariciava seu rosto com as pontas dos dedos. Poderia falar alguma coisa, mas as palavras saíram bobas e sem sentido, então eram melhor os olhos dizerem por ele. Nesta hora ela o puxava para junto de si, e colocando o braço em volta da garota a faria dormir ali, segura e feliz ao seu lado.

Ele não dormiria, não enquanto ela mostrasse precisar de proteção. E isso que ele era, o protetor que ela encontrou para sua vida. E seria sempre assim, a garota falante que o faz esquecer do mundo e o garoto tímido que a protege deste.



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