quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Primeiro de Outono



Depois de algum tempo, ela, aquela mulher com seu cabelo mais curto e agora com sapatos mais altos, decidiu que o calendário havia prosseguido com algumas paginas. Mas as datas estavam riscadas, manchadas, apenas no papel. Em seu peito ainda era como o primeiro dia daquele outono, e nenhum dia após ele.

Será que tem alguém lá fora que escutaria seu sussurro? Sei lá, talvez um "Olá" seja a coisa mais inteligente a se dizer depois de tanto tempo. Ou, sendo um pouco mais audaciosa, ela soubesse que perguntar sobre como foi o dia dele fosse algo mais casual. Um telefonema, talvez mais a tarde, depois do trabalho, e logo estariam rindo de tudo o que aconteceu. Mas as datas estavam tão riscadas, mesmo ainda sendo o primeiro dia de um outono.

Ela já foi jovem um dia. Cabelos longos, negros em seus cachos. Nada que se parecesse com o cabelo de tantas outras meninas. Ele dizia que era como tocar as madeixas de um anjo, e depois sentir o doce cheiro de uma primavera sem fim. Ela gostava disso, e podia lhe contar sobre o seu dia, sobre a noite que ele esteve longe e que a cama parecia vazia demais, mesmo ele tendo dormido apenas uma noite fora dela. Agora, ela se lembra, em frente a um espelho, que nunca gostou do cabelo curto, nem dele liso, nem no louro que hoje se encontra. Nem ele gostava.

Talvez devesse ligar, desculpar-se por todo esse tempo e essa tinta gasta nas páginas que foram rasgadas no calendário. Desculpar-se por ter partido aquele coração quando decidiu partir para outra vida. Era um absurdo pensar em se desculpar por datas, sendo que ainda se mantinha, naquele mesmo dia, o primeiro de Outono.


Sabe aquela época quando as folhas começam a cair? Já amarelas depois de terem sido o aconchego de tantas lindas flores? Sabe quando o amor está em suas mãos, dando frutos e você faz com que ele se perca? Sabe quando algumas estações se esvanecem, e ele continua lá, perdido em algum chão que você não teve coragem de procurar?


Depois de algum tempo, ele, aquele cara de cabelo raspado encostado no balcão de uma festa fingindo não se importar com ninguém, lembrou-se de quando o calendário marcou a primeira data de um outono que nunca teve fim. Olhando na tela de seu celular, percebe que muito tempo se passou, mas tudo continuou nessa data.

Talvez, um dia, ele devesse dizer um "Olá". Mas será que ainda teria alguém lá dentro que escutaria seu sussurro? Talvez desligar o telefone seja a coisa mais inteligente a se fazer, e não deixar que toda a dor que nunca foi embora, volte.


Ela queria se desculpar, por não ter sido a garota de suas primaveras.
Mas, infelizmente, agora não passava de seu frio Inverno.
E ele, o outono de muitas outras.


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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Feminismo, Amém



Homem que trai, instinto!
Mulher, vagabunda!
Homem se é vagabundo, não tem registro.
Mulher, coitada, é puta.

O cara é jogador de futebol, tem uma grana legal.
A "mina" dele é Maria chuteira gosta de dinheiro, e não do pau.
Se ela é gostosa, malhou o dia inteiro,
Ele gostar dela, nada tem a ver com seu corpo legal.
Ai você me diz: Interesseira, só quer o dinheiro!
Mulher é tudo igual.
Mas o homem, que quer exibir um troféu, Maneiro!
Ninguém liga, não pega mal.

Mulher que beija muitos:
Piranha, safada e ninguém quer casar.
Homem se beija muitas:
Galinha, pegou minha amiga. Aquela falsa vai pagar.
Mulher bebe cerveja, tá no boteco:
Mulher da vida.
Homem, se fizer o mesmo,
Teve uma pausa na rotina corrida.

Mulher não aguenta o tranco,
Da um salário menor, ela não merece ganhar tanto.
Homem, não faça o serviço de casa.
Deixa, a sua irmã limpa, fica na cama, ela já foi arrumada.

Mulher paga a conta, sai com as amigas,
Bebe cerveja e, no dia seguinte, vai a luta.
Homem ganha mais, sai todo os dias.
Perdeu o horário. Mas e dai? Elas que são as putas.

SE HOMEM PODE, MULHER TAMBÉM!

Mas estamos em um mundo,
Que a solução é dizer amém.
Assim seja na casa de vocês,
Na minha NEM.
Mulher te colocou no mundo. Respeite!
Ela vale mais que você, até no Enem.


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