terça-feira, 22 de abril de 2014

Amor Zumbi






Sabe a expressão "morrer de amor"? Acho que ele nem a conhecia. Mas a usou de forma física, sentindo a podridão do gosto da partida e os vermes que devoram peles enquanto ele ia embora.



Agora era só andar em busca de algum alimento, algo que pudesse saciar sua fome e seus desejos. Devorando um a um os pedaços que entrassem em seu caminho.



Esse Amor Zumbi devorou cada parte de seu cérebro. Deixou a razão estirada ao chão, e ainda sugou toda as respostas delas. Ele tinha fome, precisava disso.

Sobre os dias de sol: ele os evitava como o diabo foge da cruz. Aí está alguém que poderia explicar algo sobre isso. Talvez ele, que tanto odiou a todos, possa dizer qual a razão (essa que já foi devorada) das pessoas insistirem tanto no sentimento oposto.

Ele não consegue mais andar em linha reta. Seu corpo perambula por entre os lugares, esbarra em mesas e olhares o tempo todo. É como se tivesse perdido o controle de seus membros. Fazendo com que seja um eterno peso de papel que sabe ficar de pé.

Esse Amor Zumbi já morreu faz algum tempo. Mas insiste em viver buscando uma esperança ou um pedaço da carne que ainda não apodreceu. Mesmo sabendo que não mais a encontrará.

Vai lá cara. De um tiro em sua cabeça. Separe-a de seu corpo, assim talvez você possa descansar em paz. Sem os pensamentos para te atrapalhar.

Mas ele sente fome. Precisa se alimentar. Mesmo enquanto sente cada pedaço morrer em seu peito.

Sabe a expressão" Morrer de amor"?
Ele nem sabe o que significa.
Mas a manteve viva por todo o tempo.

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quinta-feira, 17 de abril de 2014

O Adeus do Medo



O que vocês gostam um no outro?

Ela, de imediato, colocou os olhos nele, enquanto com a mão esquerda posicionou a franja, que escorria em seu rosto, para trás de sua orelha, também esquerda. 
Ele por sua vez, não se moveu. A conhecia muito bem, sabia que aguardaria por sua resposta, alimentando-se de cada palavra, antes de pensar no que dizer a respeito.


- Ela tem um belo sorriso.

"Só isso." 
Essa era a expressão no rosto da garota, Observei bem antes de questionar qualquer outra coisa ali. Estava evidente que esperava mais dele, talvez desde o inicio fora assim, sempre querendo muito mais e ele a surpreendendo.

- E você?

- O jeito dele falar.
Aquele sorriso tímido que desenhou seu rosto, era lindo. 

-..também gosto dos peitos dela.
- O que?

Adeus sorriso.

Meu Deus, ele não disse aquilo. Na verdade disse, pude ouvir claramente. Ela também, por isso fez aquela expressão que eu não compreendi em seu rosto, misturava uma raiva com certo humor. Ela nem estava brava, tinha achado engraçado na verdade.

- Sim, os seus peitos. Eu adoro eles.
Houve uma pequena pausa, para que ele pudesse admirar um pouco o que mais gostava na garota. Ela poderia ter pedido para ele parar, mas gostava de vê-lo preso ali.
- Não só eles. Mas cada centímetro de você. Meu, você é linda demais. E se você não me fizesse perder tempo com isso, estaria fazendo amor agora contigo.

Eu ri, confesso. Não havia o que fazer nessa hora. 
Ela estava vermelha, mas já esperava isso dele.

- Não quero que ele vá embora agora.

Nossa garota, estou sobrando aqui. Será que é difícil de perceber isso? 

- Amor, estou aqui contigo.

Ela queria abraçá-lo. Não era preciso ser um gênio para perceber isso. As pernas dela estavam direcionada para o lado que ele estava na cadeira, se estivessem mais próximos teriam se tocado. 
Ele balançava forte a perna direita, queria partir logo para cima da garota, tirar as roupas dela e fazer amor. Sei bem o que aqueles corpos diziam.

- Tudo bem.

Caramba, eu nem estava pronto para ir embora. 
Nem ao menos lembro quando me despedi dela, mas eu sei que o fiz. Ela ao menos fez isso em alguma hora que não percebi. 
Eu gostava de me esconder atrás das mechas daqueles longos e louros cabelos. Via ele se aproximar devagar dela, toda vez que estávamos próximos. Era uma sensação ótima.

Tenho certa raiva dele, não sei se é esse o sentimento, mas é algo referente a ele ter me expulsado dali. 

Tinha tantas perguntas para fazer sobre os dois. Sinto falta daquela companhia doce e serena da garota. Mas tudo bem! logo encontro outro lugar para me abrigar. 

É um saco ser um Medo solitário.

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