sexta-feira, 20 de junho de 2014

Colo, Música e Coração

Aquela cabeça em seu colo, a música tocando e o coração a pulsar. Estas eram as partes que ele podia compreender. E gostava de estar assim.


Quantas vezes na sua vida você já se apaixonou por detalhes tão pequenos de alguém que você mal conheceu? Quantas vezes o nome e sobrenome do sorriso em seu rosto foi embora antes mesmo de você saber de onde ele vinha?

Ele, sempre. Todas as vezes foram assim. E sabia que isso poderia acontecer novamente naquele lugar, naquela mesma hora. Sabia desde que sua pele se arrepiou quando ouviu o seu nome naquela voz suave, e jeito doce de falar. Sabia quando a cabeça em seu colo, abriu os olhos e mirou os seus, tentando dizer algo, mas não falando nada.

Ele gosta do cheiro de sua pele. Talvez seja aquele perfume, ou apenas a sensação que essa causa ao restante do seu corpo quando se aproxima dela. Ela é suave, tem um tom quase que branco por completo, mas ainda pôde ver a coloração em seu rosto quando disse alguma coisa boba.

Aquela cabeça em seu colo, a música tocando e o coração a pulsar. Estas eram as partes que ele podia compreender. E gostava de estar assim.

Antes as músicas estavam meio bagunçadas. Era como se as letras perdessem o sentido em cada frase que formava. Ouvi-las fazia-o sentir a sensação de estar dançando uma salsa em meio a uma música lenta ou o contrário. Não havia ritmo certo, nem nota correta naqueles acordes. Não até este momento.

Você já se apaixonou quantas vezes na sua vida? E em quantas dessas vezes você se entregou de corpo e alma, pedindo para que aquela fosse a última, a certa?

Ele já se apaixonou muitas vezes. E em todas ele buscava pela última. Porque sempre foi isso o mais importante. Nunca foi sobre o primeiro amor, e sim sobre o último. Aquele que não deixa outro chegar, fazer morada e ficar.

Ele gosta da maneira como, em seu colo, aquela cabeça se move tentando se ajeitar. Gosta também de ser o protetor ali, ser quem cuida, quem protege e da abrigo. A verdade é que suas mãos procuram por aqueles cabelos todos os dias, quer deslizar entre eles, fazê-lo se perder em seu dedo. Ah, como é bom esse tal de cafuné.

Aquela cabeça em seu colo, a música tocando e o coração a pulsar. Estas eram as partes que ele podia compreender. E gostava de estar assim.

Seu peito, naquele dia frio, parecia se sentir a vontade. Era como se o gelo que viesse de dentro pra fora, se encontrasse com este que vem de fora para dentro. Mas algo acontecia ali. A faísca fazia com que alguns blocos se quebrassem, deixando a mostra muito de seus sentimentos. Ele tinha medo do que essa sensações poderiam lhe oferecer, mas não discutia com elas.

Você sabe o que é amor? Ou quantas vezes ele vai nascer em forma de paixão, crescer até a juventude e morrer antes de se tornar maduro o suficiente para ser isso?

Ele não sabe. Até já o conheceu algumas vezes. Esteve com ele, conversaram sobre todas as vontades e desejos que tinham para aquela vida lado a lado. Mas ele, realmente, não sabe o que é o amor. Quer acreditar em todas as músicas, todos os carinhos e choques em sua pele, mas ainda é cedo.

Aquela cabeça em seu colo, a música tocando e o coração a pulsar. Estas eram as partes que ele podia compreender.

Ela abriu os olhos e sorriu, pedindo para que a abraçasse um pouco mais forte. Ele sorriu de volta. Ainda sem entender muito o que estava acontecendo neste lugar.

Mas estava seguro ali.
E gostava de estar assim.

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domingo, 8 de junho de 2014

Não Estou Apaixonado

Eu não estou apaixonado.

Ele riu. E fez isso daquele jeito que vai me fazer rir também. Sua risada é meio engraçada, parece que falta ar e ele precisa respirar, mas não consegue parar de rir, nem eu consigo. Então formamos um círculo vicioso onde a risada nunca vai terminar, porque quando acabar eu vou imitá-lo rindo, e ele vai voltar do começo.

Tem algo naqueles olhos que me incomodam. Sim, não sei ao certo o que é. Acho que por serem tão pequenos e negros, criam um mistério. Esse que ele coloca em mim toda vez, aproximando-se e querendo saber o que eu sinto a respeito disso. Enquanto eu só digo que gosto de ficar ali, olhando-os e tentando desvendá-los. Mentiroso!

“Faz aquela cara pra mim?”
Quem foi que disse que precisa de um tempo para decidir quando as “carinhas” devem ser criadas? Ele a criou no primeiro dia em que estivemos juntos. Foi só eu optar por beijá-lo quando ele menos esperava e pronto. Ele a fez, ainda vermelha, ainda tímida após meus lábios tocarem os seus, foi ali que nasceu. Então acho que não precisamos de um tempo pra isso, e sim da oportunidade certa. Se ele lesse isso aqui, faria a mesma carinha agora.

Mas como eu já disse, não estou apaixonado.

É apenas alguma coisa, algum mundo que talvez me pertença, talvez seja dele. Mas não tem nada a ver com estar apaixonado ou não.

Começou a tocar mais uma vez aquela música. Ele nem sabe o que a garota está dizendo naquela letra em inglês, enquanto eu apenas rio de toda essa situação. A garota diz que não quer machucar o meu coração, quer cuidar dele. Diz que sabe que eu tenho medo, e que não há nada de errado nisso tudo. Também diz, o que ele costuma me dizer as vezes: Não existe tempo há perder. É acho que existe razão neles dois.

Mas eu (ainda) não estou apaixonado.

Ele agora deitou no meu colo. Vai começar a falar daquele jeito, enquanto fecha o olho e espera que eu comece a mexer em seu cabelo. Ele vai segurar uma de minhas mãos, vai beijar e vai me chamar por algum apelido bem idiota que eu vou xingar, mas vou gostar. Tem uma coisa sobre essa forma como ele gosta de ficar no meu colo, que faz eu me sentir importante demais pra querer tirá-lo dali.

Nós gostamos de conversar um com o outro. Isso nunca foi um grande segredo. Os meus olhos inchados na manhã seguinte deixam claro a hora que eu dormi porque ainda estava no telefone falando qualquer coisa sobre mim, sobre ele, nós, ou contando alguma piada que nem achamos graças, mas que rimos por um bom tempo.

Nem sei ao certo o que dizer sobre esse tal de se apaixonar.
Na verdade, acho que inventaram essa coisa só para confundir as pessoas. Torná-las cegas e sem poderes sobre seus sentidos. Mas comigo não, porque eu ainda não estou apaixonado.

Ele riu, e fez isso e um jeito que sorri também.

Droga, estou muito apaixonado.

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