terça-feira, 25 de março de 2014

Refrigerante




Hoje achou que sentaria sozinha para almoçar mais uma vez naquele mesmo restaurante que costumavam ir. Apenas achou, afinal ao lado esquerdo dela sempre se sentava a saudade, e ao lado direito uma cadeira menor para a esperança.


Estar ali era como reviver um momento que jamais retornaria. Ele se foi, ela sabia bem disso, mas os momentos daquela história ficaram forte em suas lembranças. E gritavam sempre que ela tentava silencia-los.

- Oi!

Não pode ser, ela devia estar ouvindo coisas. Aquela voz era familiar demais.

- Posso me sentar aqui?

La vem ele novamente. Usando daquele cabelo para cima, os olhos castanhos e o sorriso que a prendia. Ele fazia questão de usar aquelas covinhas para ganhar um espaço com ela. Isso era um saco.

- Er.. claro.

Claro? Claro que não garota estúpida. Ja se passara um mês, você ja consegue (quase) andar sobre as próprias pernas sem precisar dele durante os dias. Não estrague tudo.

Ele foi embora porque não conseguiu ser forte. Teve medo. Mas o quê? O que que tem esse refrigerante?

Ah, entendi. Tudo bem vai, devo concordar com ela. Afinal, ultimamente sempre resta aquela metade de Coca-Cola no seu copo, esta que ele roubava todas as vezes que almoçavam juntos. Então faremos isso pelo copo de refrigerante, apenas por ele.

- Você está bem?

Ele quer assunto.

- Sim, estou.

Mentirosa. Quer enganar a quem. Escute essa sua voz fraca, veja como você treme quando tenta cortar esse pedaço de carne. Ele ja percebeu tudo isso, sabe bem do efeito que tem sobre você. 

- Sinto sua falta.

Não. Por favor, não diga isso a ela. Essa garota te ama mais do que entende sobre as saudades que sente de você. Ela errou sim, você foi quem terminou com tudo, agora resolve que deve dizer a ela que sente falta? Não faça isso, não jogue com ela.

Nesse momento a lágrima foi a resposta dela. Não sabe o que dizer. Na verdade nem ele sabe, só queria que toda dor e tempo que perderam longe um do outro, fossem embora.

- Volta pra mim.

Odeio quando o amor se intromete. Odeio mais quando não posso argumentar. Ele te ama, e sempre deixou isso claro. Abrace-o agora garota, seu refrigerante precisa chegar ao fim.
Somente por isso, vou deixar você voltar a ser feliz ao lado dele.

- Não vai mais embora, seu bobo.
- Eu te amo, minha menina.

Uma voz diferente a despertou.

- Moça, ei tudo bem? Vai pedir algo?
- Desculpe, me distraí. - Se ajeitou na cadeira, enquanto olhava o menu. - Apenas um refrigerante, Obrigado.

Malditas lembranças...

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sexta-feira, 7 de março de 2014

Aquele que (não) conheci.

Antes que você me pergunte: esta não é mais uma carta de amor. 
Deixemos isso claro, antes que eu adentre linhas e me perca nos parágrafos de sentimentos que não fazem parte desta.


Acabei de ver um casal que me fez suspirar. Engraçado, eu sei, faz tempo que não faço isso. Aliás, faz algum tempo que não faço nada que diz respeito ao amor ou qualquer outra coisa. Ando meio enjoado de todo essa melação. 


Desculpem-me os leitores. Mas esta é uma carta pessoal, com remetente e sem um destinatário. Então dividirei-a com vocês, em algumas linhas. Apenas para tirar alguma coisa presa em mim, não posso carregar pesos.

Faz quase um ano que conheci você e os teu olhos da cor de jabuticaba (é a unica fruta que me vem a cabeça). Negros, escuros e um tanto quanto tímidos. Eu gostei deles desde que os vi, pareciam-me sedentos por alguma espécie de ternura, porém tinham um gosto ardido, um ar de promiscuidade. Gostei desse desequilíbrio todo em seu olhar, para ser sincero, fui dele assim que o vi.

Mas antes que você pense sobre o amor e suas peripécias, ele não está presente aqui, não tive tempo para isso. A verdade, nem o gosto de seus lábios eu senti. Patético, essa é a definição para um cara como eu. PATÉTICO. 

Como alguém se apaixona pelo sabor de uma fruta proibida, sem ao menos ter mordido-a?

Mas foi mesmo desta forma que aconteceu. Eu (não) te conheci, em um fim de noite. Onde toda a minha covardia resolveu ir embora, e a minha coragem resolveu te oferecer um sorriso seguido de um "oi". Logo eu já queria muito mais de você do que eu poderia ter. 

Ah, me lembrei agora. Você era a história de amor de alguém, este foi um dos assuntos que conversamos naquele dia. Era uma história de amor que parecia estar chegando ao fim, tinha tristezas em seu olhar, e tinha ternura no meu jeito de te ouvir falar. 

Cara, não quero mais me lembrar. Você foi embora sem me deixar dizer nada, sem que eu pudesse segurar sua mão. Isso doeu, o amor tentou atravessar aquela ponte, mas ela cedeu. Acho que ele se afogou.

Passado alguns meses. Lembrei-me que buscava um pouco de você em outras pessoas. Mesmo tendo tido só um pedaço do seu sorriso, sabia que ali poderia me abrigar, e talvez, alguém pudesse oferecer algum outro lugar tão aconchegante quanto. Pobre enganado eu fui.

Após toda essa despedida, antes que eu pudesse te dizer que queria te conhecer, você voltou. Droga!


- Vem aqui, estou sem fazer nada.
- Tudo bem, também estou.

Foi assim que começou aquele dia, que terminou com os seus olhos me dizendo para aproximar, enquanto seus lábios saciavam pelos meus. Seus toque era quente, as mãos dançaram em cada parte de nossos corpos, que pediam por mais, queriam muito mais. E assim foi até que o cigarro fosse aceso, encerrando aquele momento.


Agora, aqui, quase um ano depois. Vi um casal que me fez suspirar.
E este, é aquele casal que você me contou a história, aquela que chegava ao fim, naquele dia em que te ofereci meus ouvidos com ternura.

Apaixonei-me por alguém que vive a história de amor mais bonita que já vi. Conheci este alguém num dia de lágrimas, onde quis ser tudo o que aquele outro não podia. Mas sabe, Ele é muito mais do que eu poderia ser. E eu fui um espectador que pôde acompanhar de perto um dos protagonistas dessa história.

Hoje eu continuo a ver a foto sobre vocês, com um enorme sorriso no rosto.
Porque no fim das contas nunca foi amor ou algo parecido.
Afinal, eu nem te conheci.

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