segunda-feira, 27 de julho de 2015

Toc toc


Ei, toc toc.
Não acredito, vai começar.
Toc toc 
Calma, não adianta me apressar.
Toc toc
Gente insistente e mal educada
Toc toc, toc toc 
Será que da pra ser menos desesperada?

Fecho a porta, escovo os dentes
No espelho uma cara cansada
Cade a merda do meu pente?

Toc toc
Meu deus, ela não se cansa?
Toc toc
Calma, já estou indo criança.

Deixa minha camiseta jogada
Mas no chão só vejo uma bermuda
Meus chinelos, e uma cueca amassada

Olho pra porta, agora não ouço nada
Maldito toc toc
Acordou-me e saiu em disparada.

Disseram-me que quando o amor vem
Não adianta ficar de cara fechada.
Ele vai bater forte na porta
E você tem que deixá-lo habitar sua morada.

Mas o amor aqui já esteve,
Já viu a minha pele rasgada
Levou os minutos da minha paciência
E agora só vejo essas roupas amassadas.

Cadê essa merda de camiseta
Ali, na cadeira, pendurada.
As vezes eu sou tão cegueta
Que nem vejo minha bagunça organizada.

Toc toc
Droga, lá vem ele
Toc toc
Quem está aí nessa porta?

Silêncio. Acho que ele se conteve.

Toc toc, abra, eu quero entrar.
Que voz doce e suave,
Será que seu nome você pode falar?
Toc toc, sim. Mas tenha educação.
Continuo batendo
E você nem abre esse coração.

Caramba, é ele outra vez.
Vá embora daqui
Não sou mais um de vocês.

Não seja idiota, você sempre será meu.
Mesmo que você ache uma bosta
Porque metade de ti sou eu.

Uma metade sim, a outra também
Mas se a porta estiver fechada
Você não fará mal a ninguém.

Toc toc, por favor, abra.

Por favor, saia.

Qual é o problema? Está com medo?
Meu problema é abrir a porta
Sendo que ainda é muito cedo.

Mas eu sou insistente
Clamo por sua atenção.
Não seja indiferente 
Com a vontade que está no coração.


Marcadores: , ,

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Votos


Primeiramente, eu te prometo o sorriso. Não falo do meu, mas esse que surge todas as vezes que eu digo aquelas coisas que só você acha graça. Porque eu preciso dele, todas as manhãs, antes de ir trabalhar, eu preciso desse seu sorriso pra mim. Então tenho o dever de mantê-lo preso ai.

Eu te prometo o brilho nos olhos. As vezes um pouco mais intenso, outras tímido e sem jeito de brilhar. Prometo velar teu sono, mesmo isso te irritando, mesmo você abrindo os olhos na madrugada e me mandando ir dormir que já é tarde. Eu sou um artista apaixonado pela tela que esculpiu você, deixe-me te apreciar.

Eu te prometo, espero que seus pais nao ouçam essa parte, ser a sua maior loucura de amor. E prometo assim, meio bobo, meio quente, muito intenso. Eu quero ser a sua loucura antes de dormir, antes de acordar, e durante o dia quando tivermos uma folguinha no trabalho e corrermos pra casa para se amar ainda mais.

Eu te prometo dois filhos e alguns bichos. gosto de cachorro, você gosta de gatos. Teremos todos os dois e, se preferir, podemos ter um peixinho também. As crianças podem chamá-lo de Nemo e nós sempre diremos "continue a nadar" quando o dia parecer chuvoso.

Eu te prometo uma história de amor. Escrita com minha caneta. Prometo uma história boa, não a mais bela, nem a mais emocionante, mas uma ótima história de amor. Daquelas que fazem a leitora enxugar os olhos e o leitor fingir que está tudo bem, mesmo ele tendo lido mais de três vezes a mesma. Quero lhe dar uma história de romance, com muita comedia, aventura e totalmente sobre fantasia e ficção.

Ah, eu prometo cuidar de mim mesmo, porque quero agradar teus olhos também. Porém, jamais serei como o cara de sunga saindo do mar e andando em câmera lenta, como esse da novela que você gosta de assistir. Eu serei outro tipo de cara, talvez eu não seja como esse mocinho, dessa mesma novela, mas eu usarei de todos os capítulos de nossas vidas para te fazer feliz. E sobre a sunga, bem, eu posso fazer você sorrir quando tentar ser um pouco mais sensual, e tropeçar na areia.

Eu prometo ser seu e de mais ninguém. Serei o seu homem, menino, protetor, protegido. Serei o cão que guarda, assim como o gato que ronrona quando você se aproximar. Eu serei um cavaleiro de espada quando for sobre te proteger, e um cavalheiro de gravata, quando for sobre cuidar de você.

Eu prometo ser o seu marido hoje, amanhã e enquanto eu respirar. Mesmo eu não conseguindo ter o meu ar completo ao lado teu.

Eu direi que te amo uma vez ao mês, é sério. Claro que sussurrarei todos os dias ao seu ouvido a frase. Mas nessa uma vez, eu direi pra todo mundo. Reunirei os amigos e familiares, como aqui hoje, só pra que eles possam ouvir sobre você e sobre o meu amor. Sem contar o tempo que eles terão que esperar, porque você mexe demais com a minha inspiração.

E, por fim, eu prometo amar-te e respeitar-te. Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. Todos os dias da minha vida.

Agora me da um beijo aqui, porque é ruim demais te ter tão longe assim.

Marcadores: ,

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Um café e um amor


Um café e um amor bem quente, por favor.

Não é sobre o amor ou, pelo menos, não só sobre ele. Hoje eu quero falar sobre o café. Sobre a temperatura do mesmo, o gosto, o cheiro e como ele fica preso na sua boca horas depois de ter sido consumido.

A coisa começa pelo cheiro. Estamos acostumados a se sentir atraído por coisas que nos causem bem estar. O cheiro é uma delas. Um bom perfume pode te fazer desejar muito mais do que um simples "consumir algo", mas também o de torná-lo seu. O café está na coador, passando do filtro para a chaleira, o cheiro é forte, a vontade impregna na nossa pele, e a gente nem sabe o porquê disso.

Eu gosto de café, e espero que você também goste, porque ele será o começo de qualquer momento que possamos passar juntos. Não existe, na minha concepção, uma maneira de ser feliz ao lado de alguém, se este não souber apreciar o bom gosto e cheiro do mesmo.

Por falar em gosto. Eu gosto dele bem forte, doce e quente. Mas não um pouco quente, eu diria: fervendo.

O café quando acaba de ser feito, tem uma mágica que só é descoberta pelo seu paladar apurado. Ele pode queimar, sim senhor. Mas também pode gerar um prazer, apenas seu, naquele momento único em que navega por dentro de você. Ele queima a sua língua, mergulha em sua garganta e despeja o sentimento bom em seu estômago.

Não que eu queira falar de amor, mas isso não é uma receita de um bom café. Na verdade, essas duas coisas não precisam de receita. Afinal, a diferença de sabores está nas mãos de quem o prepara, e para quem ele é preparado.

A minha mãe faz um café leve, um pouco doce e quente. Do tipo de quem cuida com todo o carinho. Meu pai faz um café forte, não gosta de adoçar, e quente. Do tipo de quem protege. A moça do hospital, faz um café pronto, na cafeteira elétrica. Sem açúcar, com um gosto bom. Do tipo que agrade a qualquer um.

O meu café é forte, bem doce e quente, diria que ele é servido fervendo. Meu café não tem um gosto de calmaria, ele tem gosto de pressa, selvageria e desespero. Meu café tem a proteção do meu pai, o carinho da minha mãe, mas não é do tipo que agrada a qualquer um. Afinal ele não foi feito para estes.

Eu gosto desse tipo de café, fervendo. Gosto desse com gosto que fica na boca por horas, dias e continua a queimar depois disso. O meu café não é para ser bebido em grandes goladas. Ele enche uma xícara, e isso é o suficiente para te deixar satisfeito. Porém eu não gosto de xícaras, gosto é de copos grandes e de goladas. Isso é um grande problema aqui.

Quanto ao amor, bem, ele não tem muita diferença do café. Ele vem fervendo, forte e com gosto doce. Não precisa mais do que uma xícara para te deixar satisfeito, porém eu vou lá, encho um copo inteiro e tomo de uma vez. O problema, é que ele só começa a queimar na minha garganta, e quando desce pro meu estômago é em forma de dor, esquecendo do meu prazer. O problema está em quem o prepara, e para quem ele é preparado.

Quando esse cara aqui vem e começa a falar de amor, tudo desaba. Todo mundo sai correndo e se desespera. Ninguém quer queimar nada, nem deixar mergulhar em sua garganta. Amor tem gosto que fica na boca por dias, meses e anos. O café pode até sumir, mas o amor não. Ele apenas muda de lugar, mas permanece em quem o preparou, mesmo não tendo em vista para quem ele foi preparado.

Não vale a pena dizer que você quer um café quente se você não estiver disposto a queimar sua língua. Porém cafés mornos nunca foram tesão para o paladar de ninguém. As coisas, quando estão fervendo, é que fazem a diferença. Mesmo que você, assim como eu, prefira beber em goladas, ao invés de ter calma.

Então eu digo a você: se eu encher a sua xícara com um pouco do meu café, bem forte, doce e quente, você vai apreciar cada detalhe dele, ou beber de uma vez e acabar com tudo?

Eu tomo em goladas, mas gosto de apreciar quando ele é bem feito. Porque essa é a única forma de se apreciar um bom gosto.

Não é um texto sobre amor. Nem sobre como ele é feito. É tudo sobre o café e como ele é servido.

Então, um café e um amor bem quente e que queime a minha língua, por favor.

Marcadores: ,

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sussurro


Sussurro é o que procede o som que o peito faz quando a boca não que falar.
O barulho sai correndo, pousa na língua, mas não forma palavra alguma.
Disseram-me que se um dia eu entendesse de amor, nele eu saberia habitar.
Quanta bobagem, sei todas as histórias sobre ele, e não faço parte de nenhuma.

Olhos brilhando, o corpo todo tremendo, boca seca. Meu Deus, O que está havendo?
Ela caminha lentamente, pede um copo de café, senta e abre um livro.
As palavras fogem, assim como tudo em minha mente. Dentes rangendo, a boca força um riso.
Ela continua sentada ali, e eu sem saber porque meu corpo se defende.
Aproximo-me devagar, “Posso me sentar aqui?”, o olhar é a resposta que diz “Claro, sente”.
Caramba, ela disse tudo bem, é a chance de dizer.
“Oi, sou um cara como tantos cem, porém precisava te ver.”
Aquele olhar, olhos azuis, diz tudo e também não me diz nada.
Ela sabe que neles me possui, então prefere se manter calada.
Eu insisto, instigo o seu olhar,
Dou aquele meio sorriso, ela tenta se desviar.
“Um dia você disse que me amava, grande bobagem.
Estou sentada aqui, machucada, comendo histórias de mentira, com medo das de verdade”
Lágrimas escorrem daquele azul sem fim. Eu sou o grande idiota.
“Ei garota, não sei porque pensa assim. Mas olhe, veja a sua volta,
Sou seu mais do que pertenço a mim, mesmo que isso seja uma bosta.”
Ela riu, e com a cabeça fez que sim. Ela me ganharia em qualquer aposta.

Sussurro é o que procede o som que o peito faz quando a boca não que falar.
O barulho sai correndo, pousa na língua, mas não forma palavra alguma.
Eu sou um cara apaixonado como tanto outros, e ela sabe fazer-me voar.
Porém de todas as histórias que eu contar, nunca vou pertencer a nenhuma.

Ela está sobre meu corpo, é uma cigana, sabe bem como se mexer.
Eu sou um filhote de lobo e ela uma serpente esperando pra me deter.
Não que lobos e serpentes devam se encontrar. Dois inimigos sem precedentes
Mas sobre o nosso sexo eu devo confessar, ela é tão bela quanto um sol poente.
E se houver uma dança, dentro dela eu vou ficar.
É como se eu fosse uma criança, e ela aquele meu brinquedo de montar.
Olhos azuis que pedem cuidado, para que eu não quebre, nem destrua seu sonho.
Faça-me o favor de se deitar ao meu lado, porque de hoje em diante, serei seu dono.
“Você é minha como sou seu. E se não for assim, vai ser da saudade.”
Ela riu, e por dentro estremeceu quando eu disse que essa era a história de verdade.
O livro está fechado, sobre a mesa, lá onde ele deve ficar.
Ela, eu, meio enrolados, sem roupas e luz acesa, brincando de se amar.
A história é toda uma mentira, ela nunca esteve lá.
Eu inventaria ela todos os dias, se assim a fizesse ficar.
Ontem ela estava aqui, deitada, nua entre meus cobertores.
Hoje, nunca mais a vi, desajeitada, procurando novos amores.
Olhos brilhando, o corpo todo tremendo, boca seca. Meu Deus, O que está havendo?

Sussurro é o que procede o som que o peito faz quando a boca não que falar.
O barulho sai correndo, pousa na língua, mas não forma palavra alguma.
Eu escreveria sobre você, sobre mim e sobre esse pesar.
Mas sejamos francos, essa história não é minha, muito menos, sua.

Marcadores: , ,