segunda-feira, 12 de maio de 2014

Fazedor de Eco



Não... não... não..

Ecoava dentro de seu peito.



Por que... que.. e..
Vinha logo em seguida.



É sempre assim quando se remove todo o móvel de uma casa antiga. Antes disso ela era um lar, com histórias, lembranças e sonhos. Agora não passava de uma "fazedora de ecos".

Termo interessante este: "fazedor de eco"
Fico me perguntando quando que o coração deixa de ser um lar para se tornar um desses?

É meio injusto tudo isso. Pensar que algo precisa estar cheio para ser lar. As mobílias parecem tão desimportantes no dia a dia. Até que alguém as retire de la e "puf" a mágica de transformação é feita. De Lar para Fazedor de Eco.

Não... ão... ão.
Porque tanta negação nesta hora? Você está bem, vazio, um terreno baldio desabrigado. Salvo por aquela placa logo em frente. Anunciando aos desavisados que, mesmo parecendo que não, existe um dono. (Não fazer entulhos) 

O quê? Você não sabe que existe um dono para cada terreno baldio?
Quem você acha que o esvaziou? Quem você pensa que tirou cada detalhe de dentro dele?
O seu dono, sim, O dono.
Mas não significa que ele não se preocupe mais com esse fazedor de eco, apenas encontrou um outro lar.

É triste pra quem ficou, feliz pro lugar que agora está cheio dessa velha mobília.

Pare..are... ee..
Isso nem dói. Pare de choramingar.
Todo mundo as vezes precisa ecoar, ouvir sua voz desvaecer ao longe e transformar-se em meias palavras. Até que um dia as palavras se completem e o som repetido seja aqueles que se complementem.

Então deixe de gritar, pare de ecoar tanto nesse peito. Permaneça vazio seu grande fazedor de ecos. Ninguém precisa de você, nem mobília você tem.

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