segunda-feira, 25 de maio de 2015

Ciúmes

Aí chegamos aqui. Você deitado no meu colo, enquanto eu tento não me apaixonar ainda mais por ti. Mas é claro que eu sou um bobo referente a esses assuntos, e tenho certeza que hoje já gosto mais de você do que poderia explicar.

Eu sou um eterno ciumento. Não um pouco, nem um extremo, mas eu sou bastante chato nesse assunto. Vamos deixar claro uma coisa aqui: se você faz parte de mim, dorme em meu colo e sorri com os meus sussurros em seu ouvido, tenho todo o direito de rosnar se alguém se aproximar. Ou beijar você com intensidade quando me sentir inseguro. 

Não adianta vir com essa cara de criança mimada pra mim. Nem falar manso desse jeito. Se é sobre meu ciúmes, saiba que quero explodir tudo a sua volta, talvez até você. Mesmo você tentando por essa cabeça no meu peito e dizendo pra eu parar de ser bobo. Vem aqui e não fala nada, droga de manha. 

Eu já pensei em mil maneiras de marcar uma conversa com cada um desses outros caras que já te fizeram sofrer. Conversa franca, olho no olho e sinceridade. Porque, antes de mais nada, eu quero agradece-los por terem sido tão burros ao ponto de perder você. Após isso, sinto-me na obrigação de rir da cara deles. 

Isso é uma mentira. Essas conversas  nunca aconteceriam. Sou muito sensato e calmo, exceto quando penso que outra pessoa já ocupou esses espaço na sua cama. Droga, acabei de perder o foco. Mas a culpa é toda sua, e deles. Ninguém tem o direito de um dia ter te feito sofrer, mesmo isso tendo me trazido até você. E digo mais, ninguém poderia ter um dia te feito feliz, porque isso é coisa minha para com você. Desculpe o egoísmo.

Sou do tipo que gosta e desgosta de todo mundo. Que diz que sim, que quer fazer dar certo, depois mente dizendo que o problema não é a pessoa, e sim eu mesmo. Coitada dessa gente que se meteu em meu caminho, acreditou que não havia feito nada de errado, só porque eu não tinha coragem de ser totalmente sincero.

É uma mentira sim! Mas não completamente. O problema é a pessoa, assim como sou eu também. Aliás, como era. Porque você acabou de arrancar essa frase de mim e jogá-la no lixo. O problema agora é nos dois e a nossa vontade louca de não ser jogo, sermos apenas amor. 

E isso ninguém entende. Nisso todos querem se meter. Falar que somos loucos, dois imbecis inventando histórias onde nem tem tempo pra pensar. As pessoas querem se intrometer, roubar seus olhos castanhos de mim, enquanto o meu azul só deseja estar em você. O mundo grita "parem de se iludir" enquanto nos sussurramos "deita a cabeça aqui". Não entender a minha loucura ciumenta por ti, é o mesmo que não compreender que encontrar você foi bem mais difícil do que pensa.

Eu tenho ciúmes sim. De uma palavra mal usada, de uma mensagem de quem não conheço. Tenho ciúmes do seu passado e do que poderia ter sido futuro. Morro de ciúmes quando esses dentinhos brancos se abrem para outra pessoa. Ou esses olhos miúdos miram em outra direção. Tenho tanto ciúmes de você, que não quero que essa história seja sobre nós dois e que nunca ninguém saiba o quão interessante é ter você. Mesmo meu papel sendo o mais ciumento e pedindo pra eu continuar a escrever.


Ninguém nunca vai entender como o ciúmes começa, nem como eu estou aqui falando sobre você. Mas aí chegamos aqui, com você deitado no meu colo, enquanto eu tento não me apaixonar ainda mais por ti. Odeio ser um bobo referente a esses assuntos. Ainda pior se esse assunto tiver uma dose que seja do castanho desses olhos teus.

Mas meu papel, de tão ciumento que é, pede para que eu continue a contar sobre você. Então desculpe-me a ousadia, mas sobre esse ciúme, isso é tudo o que tenho a dizer.


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segunda-feira, 18 de maio de 2015

A droga que Sobrou


– Uma cerveja, por favor.

Sentou-se sozinho naquela mesa de bar. Música calma, três garotas na mesa ao lado, um casal a mesa em sua frente, um amigo fez piada na mesa a esquerda e os outros quatro riram dela. Aguardou mais alguns minutos, até que o garçom trouxesse o que pediu. Agradeceu e encheu o primeiro copo e assim continuou até que ele se esvaziasse por mais de cinco vezes, então ela apareceu do outro lado do bar.

Claro que ela estaria linda, como se isso fosse alguma novidade. Cabelos longos e negros descendo até sua cintura, os olhos num castanho claro que se mistura ao tom de sua pele. Graças há vários dias que ela deveria ter passado na praia. Estava mais morena do que costumava ser, do que ele costumava lembrar. Já conhecia aquela amiga de cabelos vermelhos ao seu lado, assim como sabia que aquele cara junto delas não acompanhava a ruiva, era apenas um primo, este que adoraria experimentar aquela pele morena. Droga!

Pensou em pedir uma terceira garrafa, era quantas havia contado até aquele momento, mas preferiu se retirar. Sem fingir, ou disfarçar gentilezas. Não estava feliz lá, e talvez não estivesse feliz em lugar algum, ela sabia disso. Ela sabia muito sobre ele, e ele mais ainda sobre ela. Três anos é muito tempo para ser de alguém.

Dois cigarros, era só o que restava naquela caixa. Claro que ele já havia fumado um enquanto dirigia e outro após transar com aquela mesma garota loura que adorava atender suas ligações e topava fazer o que ele quisesse. Transas fáceis, distrações. Mas em sua casa percebeu que a caixa estava vazia e a cabeça ainda cheia. Estava errado, precisava se ocupar mais.

Discou o número de um amigo. Desligado. Olhou na tela do facebook e viu onde estava sendo a festa daquela noite, ainda era cedo, uma hora da manhã é só o começo de uma sexta-feira. Colocou aquela roupa que chamaria alguma atenção, não que isso importasse, sexo ele fazia a qualquer hora do dia, aliás já havia feito há uma hora atrás, queria apenas continuar a se ocupar. 

– Vodca, por favor.

Estava sozinho, dançando sozinho e curtindo sozinho. Até que encontrou três ou quatro amigos mais a diante. Uniu-se a eles e continuaram a festa ali. A música estava alta, agudos e graves batendo dentro de sua cabeça, festa eletrônica e muita gente. Não era a ideia, mas foi uma ótima sugestão, quando alguém sugeriu “abra a boca” e ele concordou. Agora prendia com a língua algo abaixo dela, enquanto aguardava o ecstasy fazer efeito.

Um baseado aceso, queimando até a última ponta. Já não sabia mais quanto amigos havia naquela roda, nem se os conhecia de verdade, estava apenas se divertindo. E fugindo, cada vez mais, fugindo.

Nada contra estar sóbrio, não mesmo. Ele não tinha problemas com isso, mas as vezes dava uma certa preguiça. As pessoas são complicadas, elas se enroscam em você, criam o ninho em seu peito e depois que colocam os seus ovos lá, elas voam. Partem pra longe, para onde você não possa alcançar. A saudade é negra, como aqueles longos cabelos, e também cheirava igual.

Agora já era difícil pensar em qualquer coisa, e nesse momento ele estava bem. Neste momento ele não precisaria da cerveja, cigarros, sexo, vodca ou qualquer outra droga. Mesmo que já tivesse consumido todas elas, agora parecia que era só ele e mais nada. A música, a dança, o vento, a água e o sangue que corria dentro de seu corpo. Era tudo, apenas, sobre ele e mais ninguém. O copo estava vazio, o coração muito cheio, tanto que parecia explodir a cada batida. 

Ele amava estar assim. E amar algo, depois de tudo, era uma benção. Esta que um dia foi aquela garota, hoje era apenas sobre todas as coisas que tiravam sua sanidade. Era sobre todos os prazeres que não lhe rendiam nada. As coisas eram exatamente como ela foi: A sensação da pele queimar, o tesão, o sangue pulsando e assim estaria até que tudo acabasse. Ela era a merda de uma droga idiota e mal inventada.

Acordou as três da tarde naquele sábado. Nenhuma mensagem, ninguém.

Abriu a geladeira, parecia infeliz. Mas talvez devesse tomar apenas uma cerveja, a noite poderia ligar pra alguém, fumar alguns cigarros e sair mais uma vez, tanto faz.

Era uma droga estar sóbrio, depois de se tornar toda a saudade que sobrou.

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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Um cara como você

Muito prazer, sou um cara como você ou como o cara que você, garota, gostaria de conhecer. Porém tenho minhas diferenças e é nelas que eu posso ganhar sua atenção. Meio clichê mencionar que me destaco em meus defeitos, mas não nasci pra ser nenhum diferencial, pelo menos não para todos, apenas àqueles que me interessam.

Sou um cara que não tem muita coisa a oferecer. Na minha estante você encontra um amontoado com mais de trinta e dois livros e um número menor de relacionamentos fracassados. Há uma prateleira superior com alguns personagens de desenhos animados, abaixo dela uma porção de sonhos que não deixo expostos em qualquer lugar. Tenho um bloco de notas cheios de frases que um dia eu gostaria de dizer, e uma folha de caderno rasgada com as frases que um dia escrevi pra alguém.

Eu sou um cara como você ou como o cara que você, garota, gostaria de conhecer. Isso é uma verdade e uma mentira, tudo na mesma frase. Sejamos honestos, talvez eu não seja o cara que nem eu mesmo gostaria de conhecer e talvez eu não seja um cara como eu mesmo gostaria de ser. Mas eu sou este cara. Camiseta larga, calça justa, tênis colorido e um colar legal no pescoço. Relógio maneiro no braço esquerdo e uma long neck na mão direita. Posso beber o quanto meu dinheiro puder pagar, mas não posso paga o quanto eu consigo beber.

Garotos não choram. Garotos ligam para a ex namorada na madruga e diz que quer transar com ela depois de três meses sem dar notícias. Garotos brigam com o novo namorado dela depois de vê-los chegando juntos na festa. Garotos são tão imbecis, não é mesmo!? Mas eu sou um cara como você ou como um cara que você, garota, gostaria de conhecer. E esse tipo de cara não é um garoto, é um homem.

Mas homens são tão complicados. Eles colecionam coisas que eu não posso partilhar. Homens não ligam no dia seguinte, nem ao menos demonstram interesse. Homens transam com você, com sua amiga, com seu amigo e com quem mais ele achar que seja preciso transar. Homens não amam ninguém, exceto o próprio ego que escondem entre as próprias pernas. Esses homens clichês, como os defeitos que eu disse ter. Esses que não desejam ser o diferencial para ninguém, até que alguém seja o diferencial para eles. É esse tipo de cara que eu deveria ser.

Se eu acender um cigarro agora, eu seria um pouco pior do que costumo ser. Mas tragaria cada segundo dele em minha boca, porque as vezes algumas coisas são difíceis de engolir, a fumaça é uma delas. Eu sou um cara que manda aquela mensagem ridícula com os dizeres “Eu gosto seu”, assim mesmo, escrito errado e completamente fora do contexto. Não é porque eu gosto de escrever que vou fazer questão de ser um poeta com você. Pelo amor de Deus! Eu tiraria sua roupa antes mesmo de completar a primeira frase de um poema, acabe com essas expectativas.

Eu sou um cara que gosta de você e ponto. Não tenho “mas”, não tenho “porquês”. Penso que a vida já dificulta muito sobre distância, idades, expectativas físicas e psicológicas, entre outras coisas. Não há tempo para adicionar “mas” no meio de tudo isso. Seu cabelo é legal, gosto da cor dos seus olhos, você me faz sorrir e temos sobre o quê conversar. Gosto de você. Mesmo eu não sendo um cara como você ou como um cara que você, garota, gostaria de conhecer. Esse é meu erro.

Tudo o que tenho são alguns livros empilhados na estante e um amontoado de relacionamentos que nunca deram certo. Tenho uma prateleira com bonecos de desenhos animados e sonhos que não deixo expostos em qualquer lugar. Tenho frases em blocos de notas que sonho, um dia, dizer a alguém e muitas folhas rasgadas sobre frases que agora não fazem sentido a ninguém. Não brigo com o cara que faz quem eu amei feliz, não telefono pra ninguém durante a madrugada. Eu não me preocupo com o ego que fica entre as minhas pernas, não faço parte desses clichês.


Eu sou um cara como você ou como o cara que você, garota, gostaria de conhecer.

Porém eu uso boné e gosto de escrever, vai entender.

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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Meu Complicado

Dê-me um daqueles beijos que tira o meu ar. Vai faz isso novamente e fica com essa cara emburrada quando eu te xingar e dizer que você está me sufocando. Se tem uma coisa sobre você que eu amo, essa se definiria em seu rosto emburrado. Não sei se você sabe muito sobre o meu amor, mas eu sei que você não sabe se zangar comigo. Nem eu com você. Fico bravo só para ter o prazer de te ver assim.

Sou do tipo que gosta de complicações. Daquelas bem chatas que te fazem dizer que “não” e dar mil voltas em um assunto que era mais simples ter dito “sim”, porque no final vamos concordar sobre ele, isso é um fato. Na minha casa ou na sua, na minha cama ou na sua, esses tipos de coisas que não importam mesmo, mas a gente gosta de brigar sobre isso.

Acabei de escolher a nossa música e, tenho toda a certeza do mundo, que você vai dizer que não tem nada a ver com nós dois. Deixa disso, você sabe que tem tudo a ver, porque se eu disser que não, você vai dizer que sim. Esse é nosso jeito de discordar concordando com tudo. Não, não importa qual música é, na verdade você discordaria de qualquer uma mesmo.

Hoje eu vou te ligar de madrugada. Claro que vou fazer isso, e quero muito te ouvir me xingando do outro lado da linha porque quer dormir e não ouvir outra piada sobre um cachorro, um padre e um político. E nem faço ideia se esta piada existe, mas faria questão de inventá-la, só para te segurar na linha por mais tempo. Irritar-te é tão bom.

Sabe, eu sinto um ciúmes tão idiota sobre você. Às vezes fico me perguntando quantas pessoas te viram sorrir durante todo esse dia. E por mais que tenha um pouco de mim entre esses sorrisos, queria saber quantos puderam brilhar os olhos no reflexo dele enquanto eu não podia estar por perto. É loucura, eu sei. Mas nossa, ser louco é quase uma dose de açúcar quando penso no quanto me apaixonei por você.

Morro de medo de nossas brigas. Sim, de todas elas. A gente é sempre tão furioso e tão perturbador. Como todo casal, temos nossos desentendimentos, mas parece que intensificamos tanto quando isso acontece.

É tão doído te ouvir dizer aquelas coisas ruins sobre nós dois, e depois perceber que concordo com elas naquele momento. É tão ruim quando eu ligo e você não quer atender, ou quando eu te abraço e você não quer sorrir. São alguns minutos ou horas, mas sempre parece um eterno que machuca demais.

Aí você vem com esses beijos que me tiram o ar. E faz isso uma vez, duas, três e continua até que eu seja um imbecil e brigue com você para conseguir ficar quieto e não dizer nada. E então vem aquele rosto emburrado que complica toda a nossa situação. Mas, como eu já te disse, as vezes finjo-me de bravo só para ter o prazer de ver esses olhinhos assim e essa boca se contorcendo para dizer algo sem falar nada.

E se a pergunta que surgisse na sua mente agora fosse “Mas você gosta de me amar assim?”.
Eu diria que não gosto de marrom, também não gosto de ir pra praia quando está muito quente. Eu me aconchegaria ao seu lado e diria que odeio filmes de terror e que não vejo jornal porque não gosto de acreditar que tudo é tão ruim quanto está passando ali.


Eu colocaria você no meu colo e diria que sim, que eu amo te amar assim.
Porque com você é tudo tão difícil e simples, e meu amor vem dessas complicações fáceis dentro de mim.


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