domingo, 30 de setembro de 2012

Fragmentos do Diário de um Encontro

Para acompanhar leia primeiro: Fragmentos do Diário de uma Paixão

23:00, foi o que anunciou aquilo ali pendurado na parede, que tinha formas engraçadas em um tom de verde limão que contrastava com a parede rosa do quarto dela. Estava pronta há algum tempo, tinha já arrumado bem os cabelos, aquelas longas mechas negras caiam por sobre suas costas, realçando o tom branco de sua pele. Comprou um vestido novo, destes que mostra cada curva de um corpo, a envolvia, perfeitamente bem. Num tom de azul que bem lembrava o céu negro e limpo que estava lá fora.

Começou tocar aquela música que gostava muito, fazia questão de deixar seu celular tocando um pouco mais tempo só para poder ouvi-la, mas hoje não. Ela nem sabia o porque, mas hoje estava ansiosa, talvez fosse por aquela ser uma festa diferente, mas sabia que era a mesma de sempre. Não deu muito ouvido aos seus pensamentos, decidiu sair para o encontro com suas amigas, e assim irem juntas.

Música alta, passos desordenados, bebidas fortes e caras, pessoas bem arrumadas, outras nem tanto. Aquilo ali era algo que já estava acostumada a viver, o ambiente de uma festa em uma dessas casas noturnas que todo mundo se reúne em um final de semana para brindar a vida, ou para lamentá-la todos juntos. Era comum ver todos sorrindo, até que o limite de suas bebidas atingissem o seu cérebro, então ele se calaria para que o coração pudesse falar todas as verdades guardadas.

Hoje era um desses dias, que ela iria beber e por fim ver seu coração falando coisas das quais não queria conversar com ninguém. Agora já não sabia mais que horas eram, alguns passos arriscados com suas amigas. Afinal era uma festa com música, ela sabia como dançar, fazia disso o seu cartão de visita, era tão bonita que chamaria a atenção de qualquer forma, mesmo que não lhe interessasse nenhum dos olhares, era bom se sentir observada.

Foi estranho encontrar um rosto familiar no meio de tantas pessoas, mas ainda assim aconteceu. Um rosto familiar, assim por dizer. Porque a verdade é que ela não se lembrava dele, talvez um amigo de infância, ou alguém que trabalhava no mesmo departamento, não conseguia se lembrar, só sabia que o conhecia, com um sorriso respondeu ao olhar que ele lançara em sua direção.

Viu quando se aproximou com um sorriso no rosto, meio tímido ainda, falando algumas palavras que saiam repetidas de sua boca, algo como onde estudavam, ou que ela parecia ser alguém muito legal. Ela, normalmente, o destrataria ou o convidaria a ficar esperando até que ela voltasse aquele lugar, mas decidiu que não, o garoto a encantou, e por um segundo bem se lembrou que um dia destes qualquer, viu quando os olhos deles se direcionavam a ela em uma aula sobre teorias chatas e estranhas.

Ele sorriu, ela também. A conversa fluí, mas suas amigas queriam ir embora, e ela sabia que o veria na segunda feira. Mas antes disso quis saber, o porque aceitou ouvir história contadas por alguém que nunca havia conversado antes, e então seu coração respondeu quando pulsou mais forte, e aquele que mal a conhecia se despediu com um beijo por sobre sua testa.

Suas amigas riram quando ela contou o que havia acontecido, e ela também se pegou rindo, tentando entender o que aquele cara, um tanto quanto tímido, que falava algumas palavras confusas e desordenadas, queria lhe oferecer. Então com um sorriso percebeu o que era. Poderia ser só uma noite, poderia ter sido naquela noite, mas tudo que teria ganho era um momento sem razão, e juntando cada palavra percebeu, que o que ele oferecia era seu coração.


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sábado, 29 de setembro de 2012

Que venha as boas músicas.



Sempre tive algumas das vozes que eu considerava as minhas preferidas, alguns estilos musicais que eu gostava mais de ouvir, e algumas letras que eu gostava de citar sempre quando tinha oportunidade. Mas parece que a maiorias dos os ótimos artistas que fizeram parte da minha adolescência, andaram meio sumidos, e suas músicas pareciam ter tomado alguns rumos diferentes.

Neste mês vi três das minhas "Melhores vozes" voltando a tona, e com as músicas que sempre gostei de ouvir, cantar, as letras para citar e as vozes para emocionar. Por isto hoje quis compartilhar estes três videos com vocês.

Dos estilos que eu mais gostava:
A doce e suave voz de Joss Stone, nesta música que fala sobre o caminho certo a se seguir na vida, e a forma como você pode se deixar destruir sozinho, a música é ótima, aquela coisa suave, que te faz relaxar, e a voz da Joss que te leva a cantar junto, eu diria que a melhor coisa é ouvir no ultimo, mas melhor que isto, é ouvir assistindo o clipe.



Das letras que eu mais compartilhava:
E o estilo revoltada de Pink, isto me fez falta demais. Neste nova música, o assunto é bem parecido com tudo o que a cantora sempre trata em sua música, o esforço que você faz para ser tudo pra alguém, e no fim este alguém não faz o mesmo esforço. Mostrando que por mais que esteja machucada, ela pode se recompor sozinha, tomar alguns drinks, e cometer alguns erros, mas no fim ela é melhor sozinha para curar as própria feridas do que com qualquer outra pessoa. É eu me identifico demais com ela. Não tenho o que falar sobre o clipe dela, porque ela sempre consegue fazer o MELHOR.



Das vozes que eu mais admirava:
Pra apelar pra baixaria, vem ni mim Aguilera. Ela conseguiu trazer de volta toda a magia que tinha em suas músicas no começo da carreira, não sei como, mas ela conseguiu "engostosar" novamente, e a melhor parte vem agora, a voz intacta. E cada vez melhor, essa loira com voz de Negona, arrebentou com este novo clipe, e esta nova música ao estilo Christina de ser.


Me dei ao trabalhos de ouvir as novas músicas das três, e confesso, o que é bom nunca deixa de ser bom. Isso aqui hoje foi só pra relembrar as melhores loiras da minha juventude ;)

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Última carta

Como eu deveria começar? Talvez com um desses comprimentos que pessoas normais usam para mostrarem que se importam umas com as outras, quando na verdade nem ligam se o "tudo bem?" é respondido. Engraçado perceber que normalmente a resposta que se dá a está pergunta é a mesma pergunta, tornando tudo isso um circulo vicioso de quem se importa menos com quem.


Oi! Tudo bem?

Não me confunda os pensamentos, deixe que eu os reorganize, porque, por incrível que pareça, você sempre embaralha toda a minha mente quando está dentro dela. Eu gostaria muito que você parasse com isto, afinal, não é legal ir a casa de alguém, sem ser convidado, e muito menos deixar os seus tênis, ou sua camisa surrada jogada em qualquer lugar. Então por favor, respeite o espaço em minha mente, e pare de desorganizar todas as minha ideias.

Eu ainda não entendo esta história louca com meu coração e todo este sistema nervoso que faz com minhas pernas se movam para lados opostos e desordenados, toda vez que você passa em minha mente. Engraçado tudo isso, o corpo tem essa mania estranha de nos mostrar, com atitudes, coisas que fazemos questão de não ver com os olhos.

Comecei está carta há mais ou menos uns três parágrafos e ainda não sei a forma exata de dizer tudo o que eu havia planejado dizer. Em linhas é sempre mais fácil colocar tudo isso, palavras repetidas são apagadas e substituídas sem que você as tenha ouvido, deixando qualquer besteira que eu diga, soando mais bonito que quando eu gaguejo e tento me manter em pé firme a sua frente.

Eu tinha algumas perguntas que eu queria que você me respondesse, tão bobas que tenho vergonha de faze-las. É sim, hoje em dia eu tenho vergonha de certas coisas que nunca tive antes com você. Ando tão tímido no que diz respeito a nós dois, tão fechado e chato ao ser questionado sobre o assunto. O seu nome eu rabisquei do meu vocabulário, faço questão de chamar as pessoas com apelidos e sobrenomes inventados só pra não me lembrar do que o seu significava para mim. Isto é outra coisa engraçada, afinal o seu nome eu nunca dizia, eu tinha uma lista numa folha, ao tamanho A4 (ou talvez um pouco maior) com todos os apelidos inimagináveis que criei para você. Claro que eu não te chamaria de qualquer um deles agora, mas está folha continua guardada, ao lado do arquivo de nosso primeiro beijo, que fica dentro de meu peito.

Acho que me tornei aquelas pessoas chatas, que invejam casais felizes, e vivem um momento deprimente no que diz respeito a si próprio. Minha redes sociais andam cheia de textos insignificantes e sem sentidos, que no auge de minhas noites sozinhos em uma cadeira dura e desconfortável, eu deixo fluir, só pelo prazer de não ir dormir, conseguindo assim evitar o dia posterior, e o dia que vem depois dele.

Não se preocupe, eu não ando com medo de viver o presente, ou o que cada dia tem a me proporcionar. É que comprei um calendário, e ele veio quebrado, os dias não são subtraídos de um ano, e sim somados a distância que estamos um do outro. Meio idiota este pensamento, mas é como tenho me sentido. Como se cada número a mais neste calendário, mal feito e sem um selo de aprovação, fosse a metragem de uma linha invisível que tem afastado nós dois. Preciso de um calendário novo.

Era para ser uma carta sobre nós dois, mas não consigo mais dizer nada sobre este assunto. Os meus INs e SUBs (porém todos conscientes), já deletaram está crença doentia sobre um final feliz ao seu lado. A falta que sinto de você é apenas sobre tudo de bom que vivemos, e sobre todo o gosto que tinha isso tudo. Engraçado, eu nem me lembro mais que gosto tem.

Eu descobri o que é paixão, não uma, nem duas vezes. Descobri que ela, realmente, é uma chama acesa queimando o que estiver a sua frente; um vento tornando-se furacão a cada colisão que o invade. É mágica, te da asas e faz com que você voe. É tão bonita que me faz acreditar que vale, e muito, a pena. Confesso que acreditaria, se eu não já tivesse conhecido este velho mal humorado e ranzinza, que gosta de empinar o peito e mostrar que é o dono do pedaço, este jovem descabeçado que não entende nada o que fala, mas mesmo assim fala e repete. Esta criança que precisa a toda hora estar com o outro porque não sabe andar sozinha. Este tal coisa, que alguns gostam de nomeá-lo de Amor.

Basicamente eu queria que você me reconhecesse, você passou grande parte da minha vida comigo, mas nunca pode conhecer o cara que me tornei. Eu queria lhe dar esta oportunidade, porque eu me tornei um cara legal. Um destes caras que são felizes sozinhos, que gostam de festejar a vida, que passa horas com seus amigos rindo das próprias piadas. Me tornei o cara com quem os amigos gostam de conversar, o escritor perdido na madrugada tentando de alguma forma colocar em linhas sentimentos que não lhe cabem no peito. Você não teve tempo de conhecer a melhor parte de mim, porque está parte, é totalmente você.

Algumas pessoas bobas, têm a mania de se comoverem quando conto nossa história. Eu não a acho tão triste assim, confesso que tenho lembranças amargas e feridas complicadas. Mas a nossa crônica é tão bonita, quando contada por um "escritor da madrugada" que não se importa com quem vai ler suas linhas. Nossa história faria pessoas chorarem, mas não por tristeza e sim por fazê-las lembrar que existe algo bom, e que elas fazem (ou ja fizeram) parte de uma destas crônicas noturnas.

Lembra que eu não sabia como começar está carta? Agora confesso que não sei como terminá-la. Quando é sobre nós dois eu nunca sei onde fica os pontos, virgulas e parágrafos. Você me desalfebetizou por completo, até as palavras que aprendi com meus 22 anos de vida somem quando penso em nós. É como se você fosse uma borracha, que apaga tudo em mim quando estou na sua frente. Resumindo, você é um grande ponto de interrogação em minhas redações.

Sobre esta carta, eu lhe peço desculpas, mas nunca foi para você. Desde o inicio, foi só para eu retirar do meu peito as dores que não sei mais como lidar. Desde que você se foi, eu nunca mais consegui sentir nada, na verdade consegui, mas todos estes sentimentos eu tirei de mim, e coloquei em linhas como estas,  permanecerão assim, até que eu possa colocá-las em um arquivo, ao lado da história de amor dentro do peito de um novo alguém.

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domingo, 23 de setembro de 2012

Uma Bagunça Organizada.


Uma janela entre aberta mostrava que o sol já estava gritando por um novo dia, no chão algumas roupas desorganizadas ao meio de alguns livros jogados ali. Um pouco de tênis perdidos por debaixo da cama, algumas almofadas soltas em qualquer lugar, entre tudo isto, um enorme espelho se erguia ali naquele quarto, em um canto perto de seu guarda roupa, que estava mais vazio que cheio, já que suas roupas estavam, em maior parte, espalhadas pelo quarto.

No reflexo um garoto com os cabelos meio bagunçados, como se não se importasse com a ordem deles. A pele um tanto quanto clara, em um tom mais amarelado que branco, afinal era verão, e aquele tom de inverno já havia sumido. Seus olhos continham aqueles verdes meio que fugindo pro azul e deixando o enigma da cor sempre no ar ao ser questionado sobre. A boca nem tão grande, nem muito pequena, o tamanho certo para contrastar com o resto do rosto que compunha. 

Parado ainda sem camiseta, como quem acaba de levantar da cama, se espanta com o estranho ali refletido naquele imenso espelho. Ele tinha um nome, talvez Leandro, ou Pedro, poderia ser algo do tipo Lucas, ou até mesmo João. Isto não faria diferença naquele momento. Afinal o nome dele estaria escrito em algum documento assinado por aqueles, assim nomeados, seus pais.O que o preocupava era essa tal de Identidade que, por mais que buscasse, não conseguia encontrar em lugar algum.

Uma lanchonete comum, algumas cadeiras em volta de pequenas mesas redondas com cores mais calmas, que tornavam o lugar mais aconchegante. No canto alguns pequenos sofás, deixando aquilo com um ar mais "descolado", ou qualquer que seja o tipo de gíria nova que passe pela cabeça destes adolescentes de hoje em dia que estão mais preocupado com seu Iphone do que com o que dizem.

Ela entrou e procurou aquele lugar que gostava de sentar, não muito afastada da porta, mas também nem tão perto, o espaço e tempo ideal para comer aquele seu lanche preferido e ainda sair no horário da sua aula. A faculdade não era muito distante dali, umas duas quadras se não me enganei na contagem, mas quando ligava os seus fones de ouvido Gabriela nem se importava. Afinal ela sabia que estaria lá no horário, e que tudo estava muito bem organizado e ajustado desta forma.

Hoje quis pedir algo de diferente, passou os olhos por entre aquelas linha de um imenso cardápio com várias opções, deliciosas de lanches. Queria pedir aquele que vem com queijo, ou com bacon, uma coisa diferente e gordurosa, do tipo que pessoas que não se importam com sua saúde comem. Um lanche parecido com o daquele menino de cabelos desordenados que estava ali sentado próximo ao balcão. Por falar neste garoto, era estranho a forma como ele chegava àquela lanchonete, as vezes não se importando muito com o que pedir, sempre alterando os lugares onde sentava, curioso, mas Gabriela gostava de manter seu hábitos. Com isto decidiu que lanche comer, aquele especial com saladas, que estava acostumada, afinal poderia abusar um dia, mas não seria hoje.

O garoto, que não se importou em arrumar os cabelos, vagou os olhos pelo ambiente, percebeu algumas pessoas que sempre estavam naquele lugar, algumas garotas que sempre escondiam seu olhares quando encontrava com os dele. Nunca entendeu muito bem esta coisa com as garotas. Quando estava feliz e acompanhado há alguns meses atrás até entenderia, sabia como se arrumar, seu cabelo era o mais legal da turma, estilo próprio, que gerava-lhe bons elogios. Hoje em dia havia perdido muita coisa, quando ouviu a frase final que aquela, que por muito tempo foi a mulher da sua vida, disse sem pensar muito bem, ou talvez muito bem pensada, se viu totalmente bagunçado.

Gabriela terminava seu lanche, quando percebeu que havia excedido seu tempo, e hoje, uma terça-feira qualquer, sua aula começaria um pouco mais cedo devido a alguns horários que precisavam ser repostos. Se assustou ao notar que, pela primeira vez, algo fora de sua rotina estava acontecendo, logo com ela, uma garota acostumada a organizar seus horários, seus programas e sua vida de forma impecável, mas tudo bem, daria tempo se ela corresse.

Ele voltou seus pés no chão ao perceber uma garota levantando apressada e esbarrando em algumas cadeiras, achou engraçado e meio confuso, mas a parte que mais gostou é ver sua atenção presa a algo, já que não conseguia fazer isto há algum tempo. No meio disto, seus olhos começaram a reparar. Seria injusto descrever aquela garota, os detalhes dela que impressionavam. Seus longos cabelos morenos deslizavam em seu rosto, muito bem organizados e mostrando que ela havia planejado cada curva daquele penteado, os olhos eram verdes, do tipo esmeralda, profundos e misteriosos, mas eram convictos de serem mesmo daquela cor, isto não deixava dúvidas. O tom da pele era claro, um branco quase que totalmente corado com o vermelho que suas bochechas demonstravam. Era linda, sem sombra de dúvidas, pela primeira vez, depois de um longo e frio tempo, viu seu olhar preso em direção daquela garota.

Ainda pegando por suas coisas, percebeu que um olhar mirava em sua direção. Mas devia ser dar ao fato de estar toda atrapalhada tentando manter a ordem das coisas. Resolveu não se importar com isso. Agora, com seus cadernos no braço, estava partindo em direção a porta, foi nesta hora que seus olhos o encontraram.

Ficar curiosa pelas pessoas diferentes que apareciam ali era normal, sua rotina era sempre esta, então era um tipo de brincadeira que fazia todos os dias, esperando encontrar alguém que acompanhasse este estilo "certinho" que gostava de fazer.  Um cara que fosse, assim como ela, escravo de seus horários e das voltas repetitivas de cada dia. Mas este cara a intrigou, suas roupas não seguiam uma ordem, mais ainda sim lhe caíam bem naqueles ombros largos, os olhos eram uma dúvida, nem verdes nem azuis, duvidava que o próprio proprietário de tais soubesse que cor eram. Era atraente, daquele jeito, desordenado e não se importando com nada, se fosse mais organizado, aqui ou ali, talvez não despertasse essa curiosidade que agora a aguçava.

- Oi, meu nome é Paulo.

Por um instante sentiu suas bochechas ainda mais vermelhas, por outro achou que não era direcionado para ela esse tom de voz, que em tão poucas palavras a fez arrepiar-se com tal frase.

- Desculpe, mas é que você deixou o caderno cair.

Que garota tola, saindo correndo tão rápido, fugindo por entre seus pensamentos, esqueceu de notar que enquanto viajava por tudo aquilo ali, seu caderno escorregará de sua mão. Será que havia ficado muito tempo ali parada, será que ele havia notado que ela estava ali, ou foi tão rápido que ele mal percebeu? Quantas dúvidas em tão pouco tempo, e porque tudo isso afinal? sempre teve todas as respostas, havia algo de errado ali.

Paulo então sorriu ao perceber que a garota passou a mão nos próprios cabelos tentando mantê-los organizados, mas isto fez com que cada linha se misturasse, ela estava tão desordenada quanto ele. Pensou em dizer mais alguma coisa, mas a garota quase que em uma grande velocidade saiu pela porta, como se ele a tivesse ofendido.


Os sonhos eram engraçados, um garoto em uma lanchonete, dizendo-lhe alguma coisa, ao tempo que via seus lábios se aproximarem, eram basicamente voltados a isto. Quando seu relógio despertou, Gabriela não entendeu muito bem. No chão do seu quarto estava alguns cadernos jogados, estranho pensar nisto, já que o lugar deles eram em cima de uma estante de madeira polida ao lado de sua cama. Tudo bem uma desorganizaçãozinha por hoje, mas mesmo assim aquilo lhe soou diferente demais para começar seu dia.

No espelho em seu quarto viu o reflexo de uma garota morena, cabelo um pouco desorganizados, ainda vestida apenas de suas roupas íntimas, ela sabia que tinha um nome, e sabia muito bem disto, mas hoje parecia que isto não lhe importava, talvez até gostasse da ideia de ter uma outra vida, diferente da suas rotinas planejadas e bem formadas.

Ele entrou naquela mesma lanchonete da semana anterior, outra dia comum, hoje uma segunda-feira.O começo de mais uma semana, mais uma vez não tinha ideia do que fazer. Hoje decidiu que iria se sentar naquele sofá ao canto, não tão distante nem tão próximo à porta, para dar tempo de comer e então chegar na hora em sua faculdade.

Gabriela entrou pela porta, era de sua rotina estar lá todos os dias, foi em direção ao seu lugar. Sentou-se de frente para aquele garoto, o nome ela já sabia, era Paulo, até gostava deste nome. Soltou um sorriso em direção a ele, achou engraçado ao perceber que os seus cabelos hoje estavam mais organizados, afinal ele havia cortado, sua barba havia crescido, com os olhos confessou que tinha gostado daquilo.

Paulo sorriu de volta para a garota, que parecia não se importar muito hoje com seus horários, nem muito com o lugar onde se sentava, a viu pedir um desses lanches cheios de coisas não saudáveis, achou curioso ao perceber que estava comendo aquele lanche com saladas...

Ela era tão organizada, ele estava tão Bagunçado.


Uma janela entre aberta, os raios de sol lutando para entrarem por cada brecha que permitissem seu acesso àquele recinto. A garota de longos cabelos negros abriu os olhos, no chão agora via algumas roupas desorganizadas e um enorme espelho ao lado de um guarda roupa qualquer. Em seu reflexo via sua imagem nua, sua pele branca sentiu o toque quente daquelas mãos, que entraram em contraste com seu tom mais amarelado. Sua pele quente reagiu ao toque do rapaz. Agora no reflexo via os olhos dele olhando para a curva de seu corpo, segurou a mão dele nas sua e então a levou direto ao lado esquerdo de seu peito, onde agora alguma coisa batia desordenadamente, forte sentia a pulsação se queimar e fazer o sentimento nascer, com um sorriso, olhou nos olhos dele.

- Está tudo uma bagunça.

E então apertando forte a mão dela, pensando na forma como chegaram ali, respondeu:

- Estou aqui para lhe organizar.

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domingo, 16 de setembro de 2012

Lágrimas



















O coração machucado,
Num sussurro quis argumentar
"Talvez se eu estivesse cicatrizado
Mais uma vez você poderia acreditar."

O cérebro em poucas palavras
Quis expressar toda sua razão
"Suas pálpebras continuarão molhadas
Enquanto der ouvidos ao coração."

As lágrimas eram singelas
Um pouco mais escondidas
Se perguntavam quem eram elas
E então com voz suave, contaram suas vidas.

No começo era apenas uma lembrança,
Os fins possíveis daquela velha história.
Seria mais fácil se ainda fosse criança,
Não teria que guardar estas coisas na memória.

Então se transformou em algo pessoal,
Algo sobre suas perdas e fracassos.
Suas lições sobre sua ética e moral
Ou pelas vezes que foi vencido pelo cansaço.

Elas então surgiram dentro daqueles olhos
De alguma forma seus sentimentos precisavam fugir
Mesmo que parecessem tão simplórios
Negar tudo isso não os faria deixar de existir.

Navegaram pela sua face
Então perceberam que aquilo era preciso
Por mais que ele ainda chorasse
A vida delas terminariam no sorriso.

O coração curioso
Percebeu que elas doariam suas vidas
Para que de modo generoso
Isto curasse suas feridas.

O cérebro então se pôs a falar:
Eu criarei uma armadura real
Pra você não mais se machucar
E ficar protegido de todo o mal.

As lágrimas tímidas sorriram,
Entenderam que queriam lhes ajudar
Então em voz baixa concluíram
Que por mais que tentassem, nos olhos ainda iriam brilhar.

Nada que fizessem adiantaria
Nossas vidas se resumem assim
Seja uma ferida ou uma alegria
Os olhos serão nosso inicio, e o sorriso nosso fim.

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Com garras no chão

Entre todas as aves que estavam no local, era ele, o Coruja, quem contava as histórias. Por sua idade e nível de sabedoria, pelo seus olhos terem vistos coisas que ninguém ali tinha visto. O silêncio naquela sala simbolizava o respeito que as outras tinham pelo Patriarca daquele lugar. Coruja velha, com o bico curto beirando os tons escuros, aqueles gigantes olhos amarelos, meio caídos, mas ainda sim profundos. Suas penas eram de um tom de branco neve que cobria o marrom das montanhas ao mesmo tempo que se misturam.

No canto da sala as pequenas aves o olhavam com admiração. Os três pombinhos cinzas tinham um brilho imenso nos olhos, as andorinhas ficavam ali paralisadas, aguardando por aquela história. Era uma já conhecida por todos, sobre um filhote de águia, que tinha medo de voar.

O arara azul preparara toda aquela sala no centro de uma enorme árvore, com lugares para todos se aconchegarem. Mas quando chegou e percebeu que não havia espaço para ele, se empoleirou em um pequeno galho acima da cabeça do Coruja, para poder ouvir bem a tal história. Os Pequenos falcões estavam ali pela primeira vez, e não se aguentavam mais de tanta ansiedade para ouvi-la, então o silêncio tomou conta de lugar e ele começou.

- Ela era uma águia de porte menor do que todas as outras, suas penas de tons dourados a destacava de suas outras espécies, Imperial, era assim que era nomeada. Seu olhos marrons claros olhavam furtivamente para as outras aves, que sentiam certo medo de enfrentá-la. Isso fazia com que vivesse uma vida sozinha e longe de todos. O medo afastava todos a sua volta, e isso a deixava angustiada. Mas Imperial tinha um segredo, o qual ninguém nunca saberia. Imperial tinha medo de voar.

Um riso no fundo da sala fez a atenção do Coruja se desviar, lançou um olhar direto para os Periquitos que ali se encontravam.

- Pode parecer engraçado para vocês, o fato de uma ave não saber voar, mas para Imperial, isto era o motivo, para ser a mais indesejosa companhia, era o motivo para se manter afastada, e era nisso que acreditava quando via que as outras aves mantinham distância.

Um pequeno piado, foi o que desviou a sua atenção desta vez, a pequena corujinha, em tons acinzentados perguntou tímida e com certo medo ao avô:
- Ela era triste, vovô?

- A pequena águia se fazia de forte, empinava seu peito e mostrava suas asas douradas, exuberantes acima daquela montanha. Mas, sim minha querida, Imperial era de todas, a ave mais triste daquele lugar. Invejava as outras que passavam voando em sua volta e escondia este segredo de todos.

O sol estava a pino neste dia, Imperial saía de sua toca, para olhar mais uma vez aquele céu em meio as montanhas, foi quando viu, de longe nem muito grande, nem tão pequena, mais ainda sim brilhava ao reflexo dos raios em suas penas. Douradas como as dele, os olhos castanhos como os dele. Passou num voo rasante por entre as arvores e pousou distante, mas mesmo assim seus olhos ainda a seguiam.

- Era a namorada dele? - Perguntou as pequenas aves engraçadas que se encontravam a sua frente, pequenas e ainda sem penas, se sua mãe falcão não estivesse ali, seria difícil definir a espécie daqueles dois pequeninos.

- Como que uma Águia Real como ela poderia querem namorar uma outra que nem sequer sabia se posicionar sobre o céu? Ela precisaria de alguém para voar ao seu lado, e não que mantivesse suas garras presas ao chão. E foi pensando nisto que Imperial se pôs a tentar. Enfrentar seus medos e levantar voo.

Foram muitas tentativas, e tantas falhas. Agora as pequenas aves que o temiam, riam dele, ao expor seu segredo, o medo que causava já não se aplicava mais ali. Imperial  expôs seu medo, passou dias de vento e neve tentando se manter dono daquele céu.


Real passou a observá-lo. Quieta e serena, ela se mantinha em seus galhos. Algo nele a Intrigava, talvez fosse sua força de vontade, ou apenas seu jeito de olhar. Mas mesmo assim se via obcecada por observa-lo de longe. E assim continuou.

Uma Arara azul já cansada da tal história, o interrompeu.
- E no fim Imperial levantou Voo e Real ficou com ele. Já sabemos disso.

Foi então neste momento que uma enorme águia abriu as asas dentro daquela árvore, todos desviaram os olhos assustados, exceto Coruja, que soltou um pequeno som e terminou dizendo: - Quer concluir sua história Real?

As outras todas se encolheram, a Enorme águia se pôs no meio daquela reunião, agora um pouco mais fraca, suas asas mais falhas, alguns anos já haviam se passado em sua vida, mas ainda se lembrava de tudo. Num tom suave de voz a Águia continuou a história.

- Ele era diferente de todas as outra Águias, Imperial tinha um mistério a mais. Tentou de todas as formas dominar o céu, presenciei sua queda todas as vezes. Mas a cada tombo se colocava novamente em pé, então tentava mais uma vez abrir suas asas. O vi ferido, machucado, mas nunca o vi desistir.

Foi então que eu desisti e fui atrás dele. Mas o orgulho era maior, este foi o que não me permitiu continuar ao seu lado. Ele me dizia que só ficaria ao meu lado quando pudéssemos voar juntos, enquanto eu insistia para mantermos as garras no chão.

A pequena voz da corujinha se fez presente em forma e pergunta para aquela imensa águia:
- Onde está Imperial agora Dona Real?

- Imperial nunca desistiu, eu insisti para que criássemos raízes em terra, que eu não me importaria mais de não voar. Mas a sua obsessão era maior, ele me afastou. Eu não pude me manter no chão ao seu lado, porque ele não pode voar comigo. As vezes ainda fico naquela antiga árvore o olhando tentar, continuarei ali, até que ele me permita estar do seu lado, mesmo ele insistindo para mim que voar ao meu é mais fácil do que mantermos os pés no chão.


- No fim ele nunca entenderá que um ninho precisa ser construído em um chão firme, e você nunca entenderá que precisa de alguém que voe ao seu lado. - Concluiu o sábio Coruja, antes que a velha Águia saísse por aquele buraco no tronco. - Seja livre para voar ao lado de alguém, mas saiba construir seu ninho no chão firme.

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eu Julgo, tu Julgas, Eles TE Julgam.

Peguei-me numa reflexão boba, talvez meio confusa, sobre este tal negócio de julgar o próximo e definir o caráter de cada um com base, unicamente, na sua própria opinião. É muito simples e super funcional, o resultado desta reflexão, baseando-me em contas de físicas e números aritméticos, me levaram a seguinte conclusão, você é tão ruim quanto o número de opiniões negativas que você aponta para alguém.

Vou tentar explicar de maneira mais detalhada.
Você é uma pessoa legal, do tipo que todo mundo gosta de conversar. Engraçado, faz piadas e se diverte com seus amigos. Daí um belo dia você decide se dedicar a falar só da vida alheia (a roupa, o cabelo, oque ele faz, a forma como ela dança), isto virá seu assunto do cotidiano. Você continua sendo o cara legal, você continua a fazê-los sorrir, mas agora de forma suja. É como "bater figurinhas" com os amigos, mas agora você molha a mão antes.

O que acontece com você é gradativo e vai se intensificando com o tempo. Chega uma hora que suas piadas perdem a graça, que a pessoa que você está rindo, é a pessoa que desperta sorrisos em algum de seus amigos. Chega uma hora que seu assunto é apenas falar da vida alheia, te importa apenas como ele dorme, o que ele come, o que ela faz. Até seus amigos se tornam alvo e um minuto que eles não estão presentes, você faz questão de ressaltar um defeito deles.

Mas você continua, firme e forte, nesta sua busca incessante de mostrar que as pessoas são piores do que você. Ou que elas são, suficientemente ruins, para que sua hipocrisia te torne cego e surdo, mudo não, afinal sua maior arma é a sua língua.

É nesta hora que a cobra morde o próprio rabo, é quando você se sente o dono da situação e está confiante. Uma confiança muito grande, que não te deixa ver que seus amigos agora direcionam apenas sorriso falsos e sem graças em sua direção. Seus amigos perderam a confiança em alguém que só sabe dizer coisas negativas sobre as pessoas, afinal ninguém sabe o que você diz quando não estão por perto.

O que um dia, poderia ser, nomeado de Amigos, hoje são pessoas que têm medo de você e de seu "veneno". Sua confiança não passa de um muro de concreto criado para se esconder das coisas que você tem medo de enfrentar. Os seus assuntos são vazios, a sua vida vazia e suas história são monótonas.

Por fim o cara legal que fazia todos rirem com suas piadas, hoje faz todos rirem da piada que sua vida se tornou. Você passou todo o tempo julgando, apontando e difamando as pessoas pelos seus pequenos deslizes, que esqueceu de cuidar de uma coisa muito preciosa e única pra cada um, sua própria vida.

Desejo todos os dias que você seja muito feliz, e que aprenda que é muito divertido falar mal das pessoas, mas quando elas estão na sua frente, olhando em seus olhos e rindo com você enquanto é lembrada daquela "mancadinha" que deu. Tenha conteúdo, saiba conversar, tenha algo a mais a oferecer. Sua vida pode também ser muito interessante, então se preocupe com a vida de outra pessoa, apenas, quando ela fizer parte da sua.

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sábado, 1 de setembro de 2012

Nostalgia: Player - parte 1


Uma das melhores, e mais complicadas, fazes de nossa vida é a adolescência, é nela que fazemos tudo o que hoje temos vergonha, ou orgulho, de assumir. Usamos as roupas mais estranhas possíveis, fazemos de tudo pra chamar a atenção, se enturmar com o grupo mais legal da escola, queremos ser os mais descolados, com os gostos mais bacanas e a vida mais agitada. Daí crescemos e passamos a rir das furadas que entramos para conquistar "nosso espaço".

Uma das coisas que mais marcam está época, sem sombra de dúvidas, é a música que tocava em nossos players, por isso hoje na busca de músicas da minha adolescência, resolvi compartilhar algumas com vocês, então sem falar muito, aí vão algumas, dessas bandas muitas músicas fizeram parte, mas trarei pelo menos uma de cada pra relembrar..

Pra começar, eles que fizeram parte de toda está época de minha vida, com passinhos irados, e dancinhas coreografadas, eu me divertia imitando seus clipes na minha casa. E está música foi umas das que mais marcaram a época.



E só de lembrar os gritos de Steven Tyler, consigo voar junto com ele de volta pra aquela época, em que cada clipe novo do Aerosmith eu me via mais envolvido com a banda, e todo o drama que envolvia suas filmagens, mas está é, sem dúvida, a que mais cantei.



E aquela loira dançando no meio dos cavalos? Dela eu nem preciso falar.



E quem não se lembra destes caras de terno e gravata, ou usando uma roupa ridicula, cantando as músicas que nunca saiam da nossa cabeça.. "Caroliiiiine (8)"



E pra fechar com chave de oura, teve uns macaquinhos que revolucionaram os clipes com seu estilo gótico e engraçado ao mesmo tempo. Que me prendia na frente da TV toda vez que apareciam.

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