quinta-feira, 27 de junho de 2013

Carpe Diem: Sonhos

Para acompanhar leia: Steve Wilson

Já se passaram dois dias desde a última mensagem que mandou para Steve. Claire dizia que sim, mas por vezes demonstrava que não estava tão interessada. Na cabeça de Miguel, por mais que tentasse fazer laços simples e bonitos, as cordas se transformavam em nós confusos e firmes. Teve noites em que via a sua garota dançando com o seu cara. Era tudo uma grande confusão. Estava perdidamente apaixonado por duas pessoas tão diferentes, que falavam de coisas diferentes, dançavam de formas diferentes, existiam em sua vida em formas diferentes. Steve era sua segurança, Claire era sua protegida. Eram tão diferentes, percebia isso em suas noites mal dormidas e eu seus sonhos desconexos.


Os nós em sua mente começava na clareza de suas naturezas. Claire era uma garota, Steve um rapaz e Miguel amava os dois. Mas com a garota era mais simples se pensar sobre o assunto, afinal era uma garota linda, com belas curvas e com um tipo de sorriso que nunca tinha visto antes. Já com Steve era complicado, afinal ele era um homem, era seu amigo. Era um cara bonito, sem sombra de dúvidas, bem humorado, amigo e dono de olhos que prendiam Miguel para onde quer que ele fosse. Mas estes conflitos entre certo e errado eram facilmente esquecidos quando o garoto se deitava para descansar, como se isso fosse possível, já que um mesmo sonho começava a atormentá-lo durante as madrugadas há algum tempo.

"Miguel está em uma enorme cama, diria que caberiam mais que duas pessoas nela, mas no primeiro momento se encontra sozinho. Levanta e caminha em direção a porta, quer saber onde está, mas é surpreendido com o toque suave de uma pequena mão em seu ombro. Não consegue pensar muita coisa ao se virar, já que Claire oferece um beijo forte, este que faz com que o garoto coloque as mãos sobre sua cintura, deslizando por sua barriga e retirando a peça que cobre os seios da garota. Mergulha seu rosto sobre eles, oferecendo com suavidade seus lábios para contorná-los. 

A imagem da garota desaparece de sua frente, então outro par de mãos envolve sua cintura, mãos maiores e mais pesadas. Estas que correm por seu peito, e deslizam para a altura de sua calça. Sente quando pequenas mordidas são oferecidas em seu pescoço, enquanto a barba baixa de Steve corre em sua pele. Os braços deste o envolve por completo, prendendo-o consigo e fazendo dele seu. Agarra, fortemente, as mãos de Steve e permite que elas lhe toquem cada centímetro de seu corpo.

Ao se virar, coloca as mãos sobre os braços de Steve e o empurra para a parede. Mas ao beijá-lo sente os lábios de Claire. Está que agora lhe oferece um olhar de prazer e espanto, devido a força que Miguel fazia para pressioná-la contra aquela barreira de concreto. Miguel a pega em seu colo, as pernas da garota estão envoltas de sua barriga. Enquanto morde os lábios da mesma, caminha com ela, em seu colo, por aquele quarto, até que encontra a cama, deitando-se sobre a mesma e dominando-a em cada toque. 

Ouve um sussurro em seu ouvido, uma voz que lhe diz "Você é meu", mas não era a voz doce de uma garota, e sim a forte voz de um rapaz. As mãos de Steve prendem a parte de traz do cabelo de Miguel, puxando-os, fazendo com que o garoto se flexionasse para trás, aproveitando-se disso o pegou em seu colo. Miguel tenta se debater, mas Steve é mais forte, e o vira para a cama, agora está sobre o garoto. Pressionando seu peito contra o dele, cada vez mais seu corpo está junto ao dele, suas mão apertam, beliscam, espalmam, se movem desordenadas.

Fechou os olhos enquanto se entregava a Steve, quando tornou a abri-los, sobre seu corpo estava uma garota de lindos cabelos negros. Que movia sua cintura lentamente sobre o sexo do rapaz, fazendo com que a carne fosse penetrada, com que o prazer gritasse. Aqueles seios pequenos e pontudos, rosados, pareciam brilhar com a luz que o tocava, assim como reluziam as linhas de um suor que escorria sobre os mesmos. A segura forte, a tem sobre o seu poder, mas a garota é quem determina como dançam aquela música. 

Miguel está em uma enorme cama, diria que caberiam mais que duas pessoas nela, e sim, havia mais de duas pessoas nela. Reparou isso ao se virar e ver ao seu lado que dois corpos se moviam fortemente um sobre o outro. Uma garota se entrega sob o corpo de um rapaz que a envolve. Steve segura as enormes mexas negras do cabelo de Claire em sua mão direita, enquanto a esquerda desliza sobre os seios da garota. Eles estão presos aos olhos um do outro, enquanto o sexo de Steve está navegando sobre o sexo da garota. Miguel observa, tenta dizer algo, mas sua voz é falha. Ele se aproximam, os lábios se tocam..."

Miguel agora está em uma pequena cama, na casa de seu Tio Carlos. Observa enquanto o suor corre por sua pele. Mas existe algo que corre mais que tudo isto, algo que navega todo o seu corpo, pulsa no peito e mergulha um pouco abaixo de sua cintura. Os nós não são nada perto da confusão que estes se transformam naquele momento. Existe um ciúmes, existe uma alegria, uma angústia, uma raiva e uma coisa que existe e se sobressai sobre todas as outras, existe o tesão que envolve Steve e Claire. O tesão de fazerem parte dele, e somente dele. Mais que amar demais, Miguel sabia que era egoísta e que somente o seu toque encontraria aqueles corpos.

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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Hoje eu chorei

Sobre as lágrimas: Nascem em um par de olhos e morrem em um sorriso.
Isso é tudo de mais valioso que aprendi sobre elas, a história de seu nascimento e ao mesmo tempo morte. Ouvi dizer por aí, que elas doam suas vidas para que corações possam voltar a pulsar. Acho que a verdade é que as lágrimas seriam as criaturas mais nobres e humildes que viveriam dentro de um reino. Porém viveriam com essa maldição, a de surgir apenas em dias escuros e morrer quando o sol se postasse forte e pulsante naquele céu. A verdade é que as lágrimas de uma forma ou outra surgiriam e morreriam, mas o meu espanto foi quando as vi caminhando sob um dia quente.


Hoje eu chorei, esse é o título de nossa história, mas também a verdade mais explicita nos olhos deste que vos escreve. Este que já lhes contou o quanto é mentiroso, quando conta uma história de amor que nem se quer viveu; o mesmo que já disse para vocês deixarem as tristezas de lado e irem ser felizes sozinhos; Também sou aquele que falou sobre as laranjas completas fazerem mais suco que uma, falei sobre as oportunidades que você deixa passar. Mas teve algo que eu repeti durante todo este tempo: Os detalhes sempre serão a forma mais linda de se entender o amor.

Hoje eu chorei quando parei em frente a um espelho e me perguntei: Ei, quem é você?
Nesta hora normalmente eu responderia com um monte de elogios, estes que costumo me fazer para deixar claro o meu amor próprio e que os outros não são mais importantes do que aquele cara ali. Mas hoje eu tive uma resposta diferente, hoje eu sorri. Sim, vocês devem entender bem todas estas minhas coisas com sorrisos e pequenos detalhes. Se você lê as páginas do que escrevo sabe bem o que eles significam. Apenas isso, a resposta para a minha pergunta foi a apenas um sorriso.

Hoje eu chorei quando percebi que não havia mais motivos para chorar. Por um tempo eu dançava todos os tipos de ritmos que me oferecessem. Eu poderia sambar, dançar uma música lenta ou, até mesmo, uma dança de coreografias difíceis que precisam ser ensaiadas. Mas as pessoas nunca souberam que a minha verdadeira dança era aquela de pequenos passos apertados, rostos colados e corações unidos. A minha dança sempre teve um toque suave, mesmo que por um tempo eu tenha me esquecido disso, ainda tinha esperança de ter alguém que acertasse a coreografia. E um detalhe importante, eu não queria ter que ensina-la.

Hoje eu chorei quando percebi que há muito tempo não sabia o que isto significava. Afinal quando você diz que chorou a alguém, logo a preocupação o invade, então todos têm o choro como uma coisa ruim. Mas hoje eu experimentei um gosto bom. Se meus olhos tivessem paladar, diriam que hoje provei lágrimas doces,  que tinha um toque suave de pêssego. Seria um sabor diferente aos que eu já experimentara antes, um sabor incrível. Desculpem-me se me confundo nas palavras para definir o sabor que a alegria tem.

Hoje as minhas lágrimas nasceram em um dia de sol. Elas correram por todo o campo de minha face, brincaram com um senhor que mora um pouco abaixo daquela colina, um velho que andava passando frio de uns tempos pra cá. Um senhor que pulsa o sangue que percorre cada parte do nosso corpo. Pude perceber que ele saiu hoje para ver aquele sol, estava aquecido, estava feliz. Seus olhos brilharam quando viram as lágrimas correndo naquele campo verde e iluminado. As veias quase explodiram quando, com toda aquela felicidade, ele explodiu todo o sangue por aquele corpo. 

Aquele velho sorria como uma criança boba. Ele não saía para o campo nos dias escuros, nunca pudera ver as lágrimas. Talvez no seu passado as tivesse conhecido, mas isto já fizera um tempo. Encontrava-se doente e com frio, estava congelado, preso em um vazio. Mas hoje foi um dia diferente, hoje ele pôde vê-las em um dia de sol. Sol este que brilhava em minha face, o sorriso ilumina mais que um dia quente de verão, este sol é o tipo que pertence a gente. O coração estava feliz, as lágrimas eram lindas vistas dali, quando refletiam nos raios que dançavam sobre elas.

As lágrimas, hoje, nasceram em um sorriso, mas não morreram em um par de olhos. Correram por todo o campo, abraçaram aquele velho senhor, o aquecendo e dizendo que estava tudo bem, que ele poderia observá-las, que elas ali ficariam. Os dias frios foram embora, as nuvens que cobriam o céu desapareceram. As lágrimas antes tinhas gostos amargos, hoje eu as saboreei, hoje eu pude senti-las dançando sobre mim, hoje elas abraçaram meu sentimento, hoje acariciaram minha pele. Porque hoje eu sei o que encontrei, hoje eu sei o que sempre busquei. Mas hoje eu não apenas sorri, hoje eu também chorei.

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Eu não gosto de você

Então estávamos nós dois frente a frente novamente. Aquele pedaço de papel amassado e Eu. Não gosto quando isso acontece, porque sei bem que alguma história precisava ser posta ali, afinal todas começam com um papel em branco não é? Aquele que aguarda por pequenos riscos, que aos poucos se tornam letras e palavras, algumas frases, alguns parágrafos e então terminam em mais uma história. Umas com um final, outras que nunca terminam, afinal os "escritores" destas têm uma novidade sobre todo o conto a cada dia que surge. E Ai, daquele que se atrever a dizer que é preciso terminar, dar um fim pra ter sentido. Eu sinto pena só de pensar no que os escritores fariam com essa criatura que se atreve a se intrometer no conto que estão ali para escrever. Então voltemos ao inicio, quando estávamos frente a frente, papel e eu. O risco surgiu de outra história hoje, essa que me atreverei a contar.


Eu nunca gostei de muitas coisas. Desenhos engraçados, piadas mal contadas, noitadas com amigos. Essas eram alguma das coisas que eu costumava não gostar. Não gostava de esperar, não tinha paciência para isso. Não gostava de sorrisos em dias que não estava bem para sorrir. Também não gostava de choros na madrugada, quando queria apenas dormir. Não gostava de escrever uma linda canção para alguém que não iria ouvir. Não gostava da cerveja quente, da noite fria, dos falsos amigos e as festas que nunca terminavam.

Hoje em dia existem outras coisas das quais eu não gosto. Eu poderia listá-las de formas simples e de fácil compreensão, criando com isto um imenso texto sobre futilidades e falsidades mundanas. Mas vim aqui hoje lhes contar uma história e não reclamar de tudo, não é mesmo? Mas mesmo assim voltarei a dizer sobre coisas que não gosto, porque a coisas que mais "não gosto" nesta história toda é tudo sobre você.

Sim, eu não gosto de você. 

Não se assuste e nem comece a derramar essas lágrimas na minha frente, porque é aí que começa o meu não gostar. Nas suas lágrimas que começam a minha convicção. Eu não gosto de você quando te vejo chorar e não posso segurar este rio violento que escorre de seus olhos. Nesta hora eu só posso te colocar em meu colo, abraçar-te e sussurrar em teu ouvido que continuarei ali, te protegerei de todo o mal que se passa do lado de fora e formarei um escudo para o que vier do lado de dentro. Te guardarei em minha torre, onde serei o dragão que afasta todo o mal. Porque eu não gosto de você quando lhe vejo chorar.

Não gosto de você quando você se acalma e adormece ao meu lado. Cara, porque você sempre faz isso comigo? Me faz de refém do seu sono, me prende à sua pequena face tímida e feliz, eu sei que essa felicidade toda é por estarmos dormindo juntos, mas ainda assim eu odeio quando você faz isso. Eu preciso dormir, mas eu não quero fechar meus olhos e perder cada segundo do seu sono, por que diabos você tem de ser tão linda quando dorme? A pior parte, eu confesso, é quando eu quero te tocar e te apertar, mas não posso fazer isto, afinal eu te acordaria, então perderia aquele momento. Eu não gosto de você quando você dorme.

Eu não gosto de você quando sinto ciúmes. Sim, é uma grande tolice isso tudo. Como sentir ciúmes de alguém que deixa claro o quanto me ama, que deixa claro o quanto eu sou importante e que deixa claro que somente eu posso fazê-la feliz. Cara, você tem um espelho? Já notou o quanto é linda? Talvez você não consiga ver mesmo assim, mas meus olhos estão aqui, venha cá, eu irei emprestá-los a você. Afinal a única forma de você entender o quanto é linda, é olhando com os meus olhos. Então eu tenho ciúmes de tudo isto que eu vejo em você, porque tudo isto é meu maior orgulho, minha maior vitória. Eu não gosto de você quando você não vê o quanto é linda.

Então eu me vejo emburrado, você fez algo que não gostei e sabe bem disso. Talvez seja essa coisa de ciumes, porém ainda sim a culpa é toda sua. Então, por favor, não me faça rir agora com o seu jeito bobo de falar. Eu não gosto de você quando você age como uma ladra de meu sorriso, principalmente naqueles dias em que a culpada de eu estar de mal humor é você. Nunca entendi o porquê de você fazer essas coisas, essa sua forma de rir e me fazer sorrir também. Isso tudo me deixa ainda com mais raiva, mas não de você e sim de mim mesmo por gostar tanto da sua risada e acabar deixando aquela minha cara emburrada de lado. Eu não gosto de você quando você me rouba sorrisos.

Eu não gosto do jeito que você me olha, também não gosto do jeito que você fala. Já saquei bem todo esse truque que você faz, ainda mais quando desliza as mãos sobre seus cabelos. Eu não gosto da forma que você tenta seduzir os meus olhos sendo você mesma. Não gosto quando você coloca aquela camisa velha e deixa seu cabelo bagunçado, também não gosto quando você fica envergonhada quando eu elogio você logo pela manhã. Garota, eu não gosto tanto de você.

Eu não gosto de você quando você diz que me quer.
Eu não gosto de você quando você me pede pra ficar mais um pouco.
Eu não gosto de você quando você me pede isto com os olhos.
Eu não gosto de você todos os dias de minha vida.
Agora mesmo eu não gosto de você.

Também não gosto de mim quando me atrapalho nas pontuações e erro as palavras. Porque enquanto dizia o tal do "Eu não gosto, e muito, de você" eu me lembrei do seu sorriso e tantas outras coisas que me trouxeram aqui hoje. Eu não contei mentiras no meio dessas linhas, só inverti algumas palavras para que você não soubesse a verdade que você bem vê todos os dias em meus olhos. 

Você acha que não gosto de você?
"Não, eu gosto, e muito, de você."

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terça-feira, 11 de junho de 2013

Uma Comum História

Alguém disse um "Oi" a outro alguém. Talvez este outro tenha respondido de forma rápida e sem prestar muita atenção. Porém continuaram com a segunda frase que procede essa. E logo se viram numa terceira ou quarta, ao mesmo tempo que elas se transformavam em questões sobre "quem" "o que" "por que" e todas estas outras perguntas que surgem quando você decide que quer aprender muito mais sobre um certo assunto. Costumamos fazer pesquisas, rodear todo o assunto central antes de chegar a pergunta crucial, mas nunca fugimos ao assunto, estudaremos todo o seu contexto, mas ainda sim falaremos sobre o mesmo. Como eu já disse é uma história comum, ligue uma música, descanse em sua cadeira ou deite sobre sua cama, relaxe. Histórias comuns possuem segredos nos seus detalhes, não os perca de vista.


O primeiro nome que trataremos é o nome do garoto. Procurei por uma dúzia de possíveis nomes para este cargo, bati minha cabeça enquanto pensava-os. Alguns surgiram, por um momento achei que seria legal usar o "Pedro" porém este já esteve em minhas histórias, pensei em "Miguel", mas já protagonizou outra. O que? Você acha que estou perdendo muito tempo numa questão simples? É, realmente estou. Mas os nomes são importantes, as vezes prefiro não usá-los, afinal não quero que o personagem da minha história seja único, quero que ele seja você, ele, ela, eu e todos que assim desejarem. Por fim o nome do garoto será Eduardo. Nenhum motivo em especial, apenas protagonista de uma das histórias de amor mais reais e sinceras que já ouvi, porém não será esta história que contarei, apenas usarei seus nomes. Sim, a garota se chama Mônica.

Eduardo era deste tipo que muito sabia sobre si mesmo, mas pouco contava aos outros. Quem o conhece, sabe bem o porquê dessas paredes postas sobre seu peito. Mas ele não era uma pessoa ruim, nem amargurada com toda esta questão. Era apenas um cara normal, que se apaixonava todo dia por pessoas diferentes. Afinal era como atirar um cigarro, ainda aceso, dentro de um vidro de álcool. Entra, se encontram, explodem e fim. Isso é a paixão, um fogo que explode e queima, depois se apaga. Eduardo havia decidido viver uma vida de pequena explosões, mas a verdade é que buscava um fogo mais duradouro.

Como eu já havia dito antes, tinha uma garota, denominada de Mônica. Era uma boa garota, ressentida demais, talvez. Era segura de si, isso víamos de longe, também com aqueles cabelos louros e olhos, profundamente azuis, seria difícil imaginá-la com insegurança. Era uma mulher incrível, mas também era uma garota mimada e brincalhona. Não quero que vocês a imaginem com toda a sua beleza, mas é impossível não deixar de notá-la estando diante dos olhos e sorriso da mesma. Mas ela era muito mais linda quando parava ao lado de Eduardo e com um sorriso pedia um abraço.

Agora posso ter confundido um pouco suas mentes. Afinal eles ainda não se conheceram. Mas Eduardo sabia desde o primeiro "Oi" que esta seria a Sua garota. Mônica preferiu não dizer nada, apenas olhava, sorria, deslizava as mãos sobre o cabelo. A garota atirou o cigarro aceso dentro da garrafa de álcool assim que olhou para Eduardo, mas a explosão não cessou. Eduardo apenas sorri, Mônica se esconde em sua timidez.

Existiam paredes grossas que emolduravam todo o peito de Eduardo. As mesmas que foram derrubadas assim que a primeira explosão se fez presente. Aquela garota o enganou o tempo todo, aquilo não era apenas um vidro de álcool, era um objeto inflamável da melhor qualidade, acho que era um ácido que corroía o aço e toda a espécie de objeto que colocássemos diante dele. Houve uma explosão sim, claro que houve, mas ele não a ouviu como nas outras vezes, não viu o fogo acender e apagar em velocidades impressionantes. Seus olhos ainda ardiam diante de toda aquela chama, acho que teve as retinas queimadas assim que se pôs diante dela.

Mônica continua com seu sorriso bobo, enquanto o garoto tenta compreender o que aconteceu em meio aquele fogo que ardia sem se ver. Mas como eu já lhes contei, era uma mulher incrível, mas também era uma garota mimada e brincalhona. Poderia segurar a mão de Eduardo e sussurrar em seu ouvido que sabia o que estava acontecendo, mas preferiu fazer diferente. Se pôs ao seu lado, no meio de todo aquele fogo, olhou em seus olhos e disse com eles que precisava do seu abraço.

Eduardo e Mônica nunca passaram de uma história comum. As palavras podem colorir e fantasiar sua mente, mas são apenas adornos para todo o acontecimento. O que vocês precisam entender é que o grande lance nunca foi este com o que arde sem se ver e a ferida que dói e não se sente. A história não foi sobre duas pessoas que se conheceram, nem sobre chamas invisíveis. É apenas uma história comum que acontece todos os dias, as vezes com você, com um amigo, com um desconhecido, comigo.  História comuns tem gostos simples, toques suaves, chegam sem se ver e nunca mais se vão. 

Eduardo disse um Oi. Mônica respondeu.
Ele quis saber seu nome, ela sua idade; ele perguntou sobre seus medo, ela sobre suas amizades; ele disse que era feliz, ela disse sobre o que isto significava. Ele sussurrou em seu ouvido que ela estava linda, ela não respondeu, apenas o abraçou e, desde aquela noite juntos, têm dançado uma mesma música.

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Espelhos

Nem ir, nem vir, apenas observar. Ele sorri e percebe o reflexo do sorriso em resposta. Era apenas a própria imagem diante de si mesmo. Mas ele permaneceu assim, sem ir, nem vir, apenas a observar.


Tinha aquele cara que se apaixonava todo dia mesmo sem se apaixonar. Havia outro cara, aquele que havia desistido de acreditar nessas coisas bobas. Tinha o cara impaciente, que não queria mais esperar todo o desenrolar da história. Tinha o cara que chorava, o cara que sorria, o cara que brigava e o cara que descansava. E diante de todos eles tinha o cara que observava. É sobre ele que falaremos.

Um fato em comum sobre estes caras: Eles moravam todos dentro da mesma caixa de vidro que desenhava a imagem da mesma face todos os dias. Um objeto mágico que reflete uma imagem igual a que é posta a sua frente, porém diferente aos olhos que a enxerga.

A história sobre eles começa com um céu azul claro, limpo, porém com algumas nuvens se atrevendo a entrar no seu campo de visão. O sol se mostra forte, mas não queima, apenas acende o dia. Mas para aquele cara tudo tinha um gosto mais saboroso. O toque suave dos raios em sua pele o fazia dançar, enquanto olhava para o alto e se via refletido ali. É fácil perceber quando alguém está apaixonado por algo e/ou alguém. O Sorriso passa a ser brilhante, a imagem de sua face é limpa, sem nuvens que se atrevam a invadi-la. 

Num segundo momento conheceríamos outro destes caras. Os olhos pareciam pesados, as pálpebras tentavam se juntar enquanto uma força as empurrava em lados opostos. Era uma pequena batalha que travava há alguns dias. Era só mais uma história que acabou com outro "felizes para sempre as avessas". O cara que desistiu não olhou um espelho quando se levantou da cama, mas viu o seu reflexo quando lhe disseram algo sobre toda essa merda incessante que é o amor.

O segundo cara logo foi refletido diretamente no terceiro membro de nossa história. Sim, um diferente reflexo em um mesmo espelho, este que ele pôde observar em uma manhã cinzenta. Viu sua impaciência gritar enquanto o relógio lhe alertava sobre um novo dia. Olhou para o celular, claro que não havia mensagens, apenas o vazio e a certeza que toda estas histórias que as pessoas contam sobre o "felizes para sempre" não passava de um reflexo bobo de criança que não entende nada sobre a vida.

Uma lágrima foi o que refletiu desta vez. Neste momento estamos diante do cara que chorava. Não há outra forma de você imaginar como seria ele. Um rosto apreensivo, algumas lágrimas em olhos borrados, enquanto se esconde em algum canto em posição fetal. Mas para entendermos melhor este reflexo, prefiro contar-lhes sobre o gosto. Era salgado, lágrimas são salgadas. Mas o sabor era intensificado, como se a sua língua se recusasse a ser exposta ao mesmo, mas você a obriga, você precisa devorar toda essa angústia. Então vira um confronto entre os sabores que seu paladar oferece e o que você define ser bom para o momento. Mas após mastigar todo este alimento a história termina, então surge um novo cara em seu reflexo, aquele, que mesmo por mentira, medo ou qualquer outro motivo, sorri.

Os cacos do espelho estavam lançados sobre a pia, alguns caiam naquele chão gelado, o mesmo que abrigava o sexto cara que conheceríamos. Em suas mãos estão algumas manchas de um sangue, que escorre enquanto o mesmo tenta juntar todos os cacos que espalhou graças ao golpe que ofereceu a imagem que estava posta diante de si mesmo. Não queria ver refletido ali a imagem de alguém que está cansado, alguém que chora e sorri, nem mesmo de alguém que acredita, queria apenas conhecer outro cara, aquele que descansava.

Conhecemos muitos caras depois de todos estes momentos. E diante deles sempre esteve aquele que observava. As vezes de perto, outras vezes de longe. O fato é que esse se manteve presente durante todo o percurso. Era difícil querer entender ou acreditar, as imagens refletidas em um mesmo espelho eram tão iguais e tão diferentes. Maldita caixa de vidro que abriga tantos seres, estes que nunca vimos antes, mas sabemos que estão ali há muito tempo. 

Num último momento conheceríamos um outro cara. O cara que observa esteve diante de todos, porém ainda não havia se apresentado. Talvez fosse o mais tímido entre eles, aquele que fica com as bochechas rosadas quando é posto diante de si mesmo. Este não morava em uma caixa de vidro, morava em outro tipo de caixa, era difícil de explicá-la, mas talvez eu posso dizer.

Eram pequenas e redondas, meio úmidas, porém quentes. Eram azuis, sim as caixas eram azuis. Não me lembro com tanta certeza o momento exato, mas quando aconteceu a bochecha rosada do cara que observava se queimou. Era um lindo par de olhos, composta pela face que refletia o sorriso. Refletia também no céu azul claro, as nuvens não se atreveram a se mover. O cara que observava já havia conhecido esta história, mas não havia se apresentado diante dela. Queria correr, se esconder, já conhecia a todos que ali habitavam, não precisava novamente presenciá-los. Mas suas pernas ficaram fracas, e por mais estranho que isso possa parecer, essas caixas azuis eram um bom lugar onde estar.

Ele apenas sorri e percebe o reflexo do sorriso em resposta. Era apenas a própria imagem diante de si mesmo. Mas ela permaneceu assim, sem ir, nem vir, apenas a observar.

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