sexta-feira, 21 de junho de 2013

Hoje eu chorei

Sobre as lágrimas: Nascem em um par de olhos e morrem em um sorriso.
Isso é tudo de mais valioso que aprendi sobre elas, a história de seu nascimento e ao mesmo tempo morte. Ouvi dizer por aí, que elas doam suas vidas para que corações possam voltar a pulsar. Acho que a verdade é que as lágrimas seriam as criaturas mais nobres e humildes que viveriam dentro de um reino. Porém viveriam com essa maldição, a de surgir apenas em dias escuros e morrer quando o sol se postasse forte e pulsante naquele céu. A verdade é que as lágrimas de uma forma ou outra surgiriam e morreriam, mas o meu espanto foi quando as vi caminhando sob um dia quente.


Hoje eu chorei, esse é o título de nossa história, mas também a verdade mais explicita nos olhos deste que vos escreve. Este que já lhes contou o quanto é mentiroso, quando conta uma história de amor que nem se quer viveu; o mesmo que já disse para vocês deixarem as tristezas de lado e irem ser felizes sozinhos; Também sou aquele que falou sobre as laranjas completas fazerem mais suco que uma, falei sobre as oportunidades que você deixa passar. Mas teve algo que eu repeti durante todo este tempo: Os detalhes sempre serão a forma mais linda de se entender o amor.

Hoje eu chorei quando parei em frente a um espelho e me perguntei: Ei, quem é você?
Nesta hora normalmente eu responderia com um monte de elogios, estes que costumo me fazer para deixar claro o meu amor próprio e que os outros não são mais importantes do que aquele cara ali. Mas hoje eu tive uma resposta diferente, hoje eu sorri. Sim, vocês devem entender bem todas estas minhas coisas com sorrisos e pequenos detalhes. Se você lê as páginas do que escrevo sabe bem o que eles significam. Apenas isso, a resposta para a minha pergunta foi a apenas um sorriso.

Hoje eu chorei quando percebi que não havia mais motivos para chorar. Por um tempo eu dançava todos os tipos de ritmos que me oferecessem. Eu poderia sambar, dançar uma música lenta ou, até mesmo, uma dança de coreografias difíceis que precisam ser ensaiadas. Mas as pessoas nunca souberam que a minha verdadeira dança era aquela de pequenos passos apertados, rostos colados e corações unidos. A minha dança sempre teve um toque suave, mesmo que por um tempo eu tenha me esquecido disso, ainda tinha esperança de ter alguém que acertasse a coreografia. E um detalhe importante, eu não queria ter que ensina-la.

Hoje eu chorei quando percebi que há muito tempo não sabia o que isto significava. Afinal quando você diz que chorou a alguém, logo a preocupação o invade, então todos têm o choro como uma coisa ruim. Mas hoje eu experimentei um gosto bom. Se meus olhos tivessem paladar, diriam que hoje provei lágrimas doces,  que tinha um toque suave de pêssego. Seria um sabor diferente aos que eu já experimentara antes, um sabor incrível. Desculpem-me se me confundo nas palavras para definir o sabor que a alegria tem.

Hoje as minhas lágrimas nasceram em um dia de sol. Elas correram por todo o campo de minha face, brincaram com um senhor que mora um pouco abaixo daquela colina, um velho que andava passando frio de uns tempos pra cá. Um senhor que pulsa o sangue que percorre cada parte do nosso corpo. Pude perceber que ele saiu hoje para ver aquele sol, estava aquecido, estava feliz. Seus olhos brilharam quando viram as lágrimas correndo naquele campo verde e iluminado. As veias quase explodiram quando, com toda aquela felicidade, ele explodiu todo o sangue por aquele corpo. 

Aquele velho sorria como uma criança boba. Ele não saía para o campo nos dias escuros, nunca pudera ver as lágrimas. Talvez no seu passado as tivesse conhecido, mas isto já fizera um tempo. Encontrava-se doente e com frio, estava congelado, preso em um vazio. Mas hoje foi um dia diferente, hoje ele pôde vê-las em um dia de sol. Sol este que brilhava em minha face, o sorriso ilumina mais que um dia quente de verão, este sol é o tipo que pertence a gente. O coração estava feliz, as lágrimas eram lindas vistas dali, quando refletiam nos raios que dançavam sobre elas.

As lágrimas, hoje, nasceram em um sorriso, mas não morreram em um par de olhos. Correram por todo o campo, abraçaram aquele velho senhor, o aquecendo e dizendo que estava tudo bem, que ele poderia observá-las, que elas ali ficariam. Os dias frios foram embora, as nuvens que cobriam o céu desapareceram. As lágrimas antes tinhas gostos amargos, hoje eu as saboreei, hoje eu pude senti-las dançando sobre mim, hoje elas abraçaram meu sentimento, hoje acariciaram minha pele. Porque hoje eu sei o que encontrei, hoje eu sei o que sempre busquei. Mas hoje eu não apenas sorri, hoje eu também chorei.

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