segunda-feira, 6 de maio de 2013

Carpe Diem: Conflitos

Para acompanhar leia: As Ondas

Sentado sozinho em seu quarto apenas observando. Miguel passara o dia todo ali, desde quando o sol subiu aquele céu até agora, a hora que a lua se fazia linda e brilhante. Como explicar o que passava em seu peito, talvez essas duas grandiosidades pudessem aliviá-lo um pouco. Claire era um lindo brilho no céu diurno, iluminava-o e fazia sua pele queimar, seu gosto era salgado, seu toque derretia cada pedaço de Miguel. Steve era o brilho no céu noturno, fazia a sua pele congelar, arrepiando-o e uivando envolta de sua carne, seu gosto era doce, seu toque queimava, mas não como fogo e sim um gelo posto em seu corpo. Então era isso, uma briga entre Sol e Lua neste Céu que ele achava conhecer muito bem, mas percebeu que além de um azul claro existia uma camada bem profunda de marinho.


Vamos tentar entender o que nos trouxe até aqui, vou tentar separar isto por tópicos, ou qualquer outra coisa, mas acho bem difícil, afinal a vida não é dividida em etapas, pontos ou virgulas. A história começou com Lívia e Pedro. Uma paixão e um Melhor amigo, claro que esta parte eu não contei a vocês, já acho difícil administrar um triângulo, imagine um pentágono. Mas é importante para que entendamos a história a partir deste ponto.

Primeiro: Melhor Amigo
Miguel tinha seus doze anos quando o conheceu, dividiram muitas coisas juntos, mas a melhor delas, a que acompanhou o garoto até as linhas de nossa atual história, foi os passeios de skate. Miguel era novo na cidade, estava acostumado a este tipo de coisa, graças as várias mudanças que era obrigado a fazer por conta do emprego de seu pai, mas desta vez era, o que podia se chamar, de fixo. Na escola continuou no seu canto, conheceu apenas Pedro, graças ao esbarrão que deram de skate enquanto se distraíam com a música no fone de ouvido. Claro, eram coisas em comum demais para dois garotos que nunca se viram.

Depois disso foi uma sucessão de troca de cds e fugas de skate nas aulas chatas. Com quatorze anos fizeram a primeira tatuagem, graças a um amigo tatuador que conheceram em uma dessas voltas de skate. Uma questão engraçada a se ressaltar, mas o lobo que Miguel carrega na panturrilha é o mesmo que Pedro carrega no braço direito. Coisas de adolescentes e símbolos de uma amizade eterna. 

Segundo: A Namorada
Com quinze anos viu Pedro com sua primeira namorada, claro que aquilo o incomodaria, eram melhores amigos, faziam tudo juntos, desde as piadas em sala de aula, até as voltas de skate na madrugada, deixando seus pais loucos de preocupação. Miguel tentou não demonstrar, mas de certa forma existia um ciumes que ele não conseguia compreender, referente ao amigo. Várias vezes arrumavam garotas em festas e acabavam ficando com elas, mas não passava de coisas bobas, eram alguns beijos apenas, não existia sentimento. 

Agora Pedro tinha uma namorada, uma cúmplice. Miguel estava descartado, pelo menos era como se sentia. Ainda mais nos finais de semana quando ligava para seu amigo, mas este se encontrava na casa de Cíntia. Quis sentir raiva da garota, na verdade por um instante sentiu vontade de dizer a Pedro que ele não podia fazer isto, eram os dois contra o mundo, eram irmãos-Lobo, ou mais que isso, Miguel não entendia.

Terceiro: Primeiro Amor
Quase um ano após começar a namorar, Miguel havia se distanciado de Pedro. Não que quisesse isto, mas era impossível ficar ao lado dele com a garota, era uma troca de apelidinhos fofos e caricias que ele não suportava. Queria entender, ele queria muito entender, mas acreditava fielmente nesta coisa de melhores amigos, era um ciúmes bobo demais. Ele era seu amigo, estava feliz, deveria ficar feliz por ele. Pensando assim preferiu se afastar aos poucos, agora se encontrava sozinho.

Lívia surgiu numa conversa boba. Cíntia tinha uma amiga linda, Pedro sentia falta de sair com Miguel, então por que não apresentá-los? Agora o destino é mesmo sacana, o garoto corre pra não se sentir mal ao ver o amigo feliz, enquanto o amigo quer ele ao seu lado, também feliz. Foi o que aconteceu, olhos nos olhos, mãos nas mãos, Miguel se esqueceu de tudo quando seus lábios se encontraram com os de Lívia.

Quarto: Relacionamento
Era simples assim, estavam quatro amigos juntos e felizes, Miguel tinha mais tempo pra passar com Pedro agora, tinham mais coisas sobre o que conversar, entre essas coisas talvez um cigarro ou um baseado para acalmar a correria de escola e tudo mais. Claro que esta parte era uma coisa só entre os amigos, as garotas não aprovariam esse tipo de vida. Eles gostavam disso, o proibido tinha um gosto bom. 

Mas era estável os relacionamentos de toda a forma. As amigas, os amigos e também os namorados. Se entendiam bem, gostavam da companhia um do outro, preferiam por vezes ficarem juntos  ao invés de se separarem para qualquer coisa. Exceto quando o romantismo ou uma noite de amor entre os casais interferisse, mas isso é claro que prefeririam fazer apenas em casal, você me entendeu.

Quinto: O que nunca existiu
Foi em uma destas noites "só de garotas" que eles resolveram não fazer nada, apenas curtirem a boa e velha companhia um do outro. Mas seria mais divertido fazer isto fora de órbita, alguns cigarros, bebidas entre um baseado e outro. Era o que tinham programado para esta noite. Rir como loucos, conversar asneiras, jogar videogame, voltas de skate, claro se isso fosse possível após toda aquelas bebidas ingeridas.

Em meio a uma brincadeira e outra, não sei explicar ao certo como isso aconteceu, mas sei que estavam próximos demais, acho que foi após uma derrota no jogo, alguém se enfureceu e foi aplicar um novo golpe de luta, mas este saiu errado e agora pararam diante um do outro, olhos nos olhos e cada vez mais próximos. Os irmãos-Lobo não disseram a ninguém, mas naquele dia eles entenderam que tinham muito mais em comum. Então era isso desde o inicio, a história de ir embora, o medo, o término do namoro. 


Sempre foi isto, agora era fácil para Miguel compreender. A última briga que teve com Lívia, onde disseram coisas pesadas, mas que não feriram tanto assim, por fim quem tomou a decisão do término não foi a garota. Foi ele, sempre foi ele. Ele a amava sim, queria uma vida ao lado dela sim, mas apenas se isso lhe fornecesse um bom tempo ao lado de seu melhor amigo. Amava a garota, mas sentia algo por Pedro que nunca soubera explicar, até agora.

Neste céu já existiu um Sol e uma Lua, um beijo doce e um salgado. Nunca compreendeu, mas agora tudo se tornava mais fácil. Steve e Pedro, Lívia e Claire, Brasil e Austrália. Em qualquer lugar a história seria a mesma, escrita pelo mesmo autor, um mesmo romance com personagens diferentes. Miguel não queria mais ser este céu turbulento. Ser o dia e a noite, queria ser apenas um, então no meio desta confusão só teve uma certeza. Ele amava muito mais do que podia.

Marcadores: ,

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial