sexta-feira, 24 de maio de 2013

Sobre sua cama...

O sol hoje estava meio tímido, escondia-se sobre uma colcha de nuvens, que o cobria por completo. Da janela, ainda deitada em sua cama, percebeu que hoje seria mais um dia frio. Falo de ventos cortantes e narizes congelados, muitas blusas e poucas vontades de se levantar. As pernas se trançavam entre seus cobertores, o espaço vazio continuou lá, gritando para todos que quisessem ouvir o quanto aquela cama continuava larga demais, grande demais, após a última despedida.


Era uma cama de solteiro, não muito espaçosa, mas ainda sim aconchegante. Ainda mais quando ela deitava sobre sua barriga, fazendo com que a garota de olhos misteriosos acariciasse seus longos cabelos. Aqueles fios dourados sobrepunham sua pele, ela gostava do toque. Brincavam e riam de si mesmas, eram duas garotas que se amavam e que preenchiam todo o espaço daquela pequena cama de solteiro.

A garota era dessas bobas. Cabelos presos com um rabo de cavalo qualquer, os olhos tinham cores de mistério. Desfilava pelos cômodos usando apenas uma camisa velha que a cobria. O frio lá fora parecia só mais um dia gelado, nada que ela já tivesse experimentado durante todo estes meses. Lá fora poderia congelar, talvez ela gostasse disso, quando gelo tocava sua pele bem fria, acabando por queimar, mas era o fogo que a faria despertar.

O cheiro dela estava por toda a sala. A nossa garota com rabo de cavalo tinha uma amante, não hoje, nem ontem, mas há algum tempo atrás ela estava la. Era linda, tinha olhos serpentinosos e gosto de maçã. Era a fruta proibida que pedia por uma mordida. Mas esta foi embora, deixando apenas o perfume pela casa. Foi embora a tanto tempo, mas continuou ali na sala.

Era uma cama de solteiro, não muito espaçosa,  mas ainda sim aconchegante. Era lá que se amavam, lá que se deitavam e se dominavam. Animais amantes em seu ninho de amor. As unhas arranhavam a pele, rasgavam a carne, enquanto os suaves lábios adocicavam os momentos. Navega pelo corpo daquela garota, os cabelos louros estão entre seus dedos, o rosto é um segredo revelado aos poucos no sussurro de uma voz baixa. 

Ela gostava quando sentia o seu cabelo sendo puxado e o pequeno prendedor sendo atirado pelo chão do quarto, juntamente com aquela camisa velha que usava pra dormir. O perfume invadia o seu corpo, era como se o cheiro estivesse dentro dela. O toque suave, os lábios em seu pescoço, as mãos escorregando por entre seu corpo. Uma explosão de amores e tesões.

E não há garota que dance como ela, não há cheiro que se iguale ao cheiro dela. O gosto de maça mordida que só ela tinha. A fruta proibida caiu de sua árvore rolou por um chão de gramas e se foi. Agora resta apenas o frio, o inverno, o medo que toca sua pele. Sente saudade das chamas, aquela que a consumia dia-a-dia. Quando a pele ardia e os gritos de amor corriam por todos os corredores de sua casa. 

Era uma cama de solteiro, não muito espaçosa, mas ainda sim aconchegante. Foi de lá que avistou o sol escondido abaixo de tantas nuvens, talvez também estivesse com frio, sua amante deve tê-lo deixado. Muitas coisas poderiam passar pela sua cabeça, o cheiro, o gosto, os cabelos dourados ou os olhos serpentinos, mas a única coisa que conseguia ouvir gritando em sua cabeça era sobre uma cama grande demais.

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