segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Fragmentos do Diário de um Sorriso

Para acompanhar leia primeiro: Fragmentos do Diário de um Encontro

Mais um dia de aula, mais uma luta para mantes seus olhos abertos depois de passar o dia todo trabalhando. Mas ele estava ali porque era preciso estar, então vamos nos manter acordado. Seria mais um dia típico e monótono, igual a vida de milhares de outras pessoas. A única coisa que mudava é que agora ele não sabia como agir estando na mesma sala dela, sentando ao seu lado e ainda assim, tentando manter seu foco no cara la na frente falando algumas teorias de um livro ou slide que ele estivesse passando.

Ela continuava a mesma, ou era assim que todos os outros pensavam, mas ele não, ele via muito mais escondido atrás de alguns fios de seu cabelo negro caindo por sobre seu rosto, este era de um branco que poderia dizer até pálido, se não fosse pelo rosado corando a pele, era tão linda que o fazia estremecer, ao ponto de desviar o olhar sempre que aqueles olhos esverdeados apontavam em sua direção.

Qual era o problema dele afinal? Eles já haviam trocado algumas palavras em uma festa alguns dias antes, e até mais que isso, bem se lembrava do beijo na testa que oferecera a ela, que por sua vez ficou sem entender o ocorrido, mas correspondeu apenas com um sorriso. E este é o atual protagonista de sua aula hoje, o doce e suave sorriso dela.

A aula já havia começado, o professor ali na frente ainda falando várias coisas que ele não consegui mais ouvir. Injusto este tipo de coisa, ele precisando mante o foco naquilo que estava sendo dito, mas o seu foco ficava apenas naquele anjo com pele clara e cabelos negros sentado ao seu lado. Até poderia ser mais fácil, se esta agora não oferecesse a ele sorrisos tímidos e sem graças cada vez que seus olhares se encontravam.

E a história sobre ele era mais ou menos assim, um céu azul e limpo, alguns pássaros voando e esperando para que o brilho os iluminasse, num começo do dia, ali por volta de umas seis horas da manhã, quando você vê a claridade mas não vê o astro que está iluminando tudo. Então ele aparece, meio tímido, porém grandioso, as aves agora cantam pelo nascer deste ser, enquanto um vento passa refrescando sua pele. Nesta hora você começa a vê-lo e então se da conta que toda aquela luz e alegria no lugar vem dele. O sol é assim como um sorriso, ilumina tudo e a todos, fazendo-os cantar e deixar o dia ainda mais lindo.

Por mais que quisesse cantar e se deixar iluminar por aquele sorriso, sabia que ainda não era a hora, que este não era o momento. Tentou mais uma vez manter o seu foco a frente da sala de aula e tentar fechar os olhos para aquela ali ao seu lado. Seu celular por um momento deu um alerta, ao pegá-lo se viu obrigado a ler aquela sms, um número estranho sem um nome ainda anexado a tal. Ao abri-la viu alguns caracteres meio bobos, porém que simbolizavam alguma coisa. :)

Achou engraçado e por um segundo viu o sorriso surgindo em seu próprio rosto, simples mensagem boba e sem sentido, de alguém que ele nem sabia quem era. Mas logo sua dúvida foi respondida, quando ofereceu a resposta com o mesmo sorriso ali recebido, ouviu o celular dela apitar. Seu coração por um momento parou e voltou a bater, ela por sua vez o correspondeu apenas com mais um novo nascer do sol brilhando em sua face.


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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Finalmente te encontrei


Um enorme quarto do terraço de algum prédio, a janela parecia estar aberta a medida que o sol entrava e iluminava tudo ali, os moveis também em cores claras deixava o ambiente muito mais convidativo. Naquela enorme cama, ao estilo king size, ele acordou e se viu ali sozinho. Vagou as mãos por entre o lençol para ter certeza que o espaço não estava preenchido por ninguém.  Só quando teve completa certeza, se deu o trabalho de abrir os olhos e checar tudo ao seu redor.

Ainda vestido apenas com o tecido de sua própria pele, caminhou em direção ao chuveiro. Ficou surpreso ao se deparar com algumas lingeries no chão de seu quarto, o tom vermelho das peças não o deixaria deixar de se lembrar do contraste das cores na pele clara daquela garota. Está que agora ele não via em lugar algum, tentando ouvir algum barulho vindo da direção de sua hidromassagem, mas não se ouvia nada. Talvez ela já estivesse ido embora, e deixado aquilo ali para que ele pudesse se lembrar muito bem do gosto da noite passada.

A cabeça ainda zonza, o corpo um pouco cansado se entregaram quando as gotas geladas daquela ducha cairam sobre sua pele. E foi nesta hora que começou a se lembrar da noite anterior, melhor que isto, da garota que fez tudo valer a pena. Em meio a flashs, se lembrou a forma como ela dançava, aqueles longos e negros cabelos caíam sobre suas costas, o olhar de um tom esverdeado brilhando em sua direção e o sorriso que fez com que ele esquecesse todo o resto do lugar. Aquela era mais que uma garota.

Alguns drinks e muitas conversas jogadas fora, ele se lembrava muito bem de cada conversa com ela e esta por sua vez não conseguia unir as palavras a imagem. Quando notaram todos os amigos haviam se afastado, no meio daquela pista só sobraram os dois dançando alguma música dessas com batidas eletrônicas mas que dizem muito em suas letras. E foi nesta hora que ele percebeu que não tinha se esbarrado nela, e sim que a havia encontrado.

Sua boca tinha um gosto doce e isto fazia com que ele se sentisse muito bem ao tocá-la com seus próprios lábios. Sua pele parecia responder as investidas que as mãos dele ofereciam para aquele momento, e foi assim que se deixaram levar dentro daquele enorme quarto de um terraço qualquer. Ele sentiu quando aquela, uma de suas favoritas, camisetas havia se resgado em meio ao calor do momento. Não hesitou a retirar aquele vestido que tanto incomodava o toque dos seus corpos. Então teve a visão dos sonhos, aquela pele branca, quase rosada, vestida por uma lingerie vermelha que o fez perder a cabeça, e esquecer todo o resto.

Nesta hora percebeu que ainda estava sob a água fria caindo daquele chuveiro. E confessou que precisava de muito mais, afinal não era apenas uma garota, poderia ter sido alguns dias antes quando se conheceram. Ele conhecia a história dela, e ela sabia tudo sobre ele. Prometeram-se um dia que não se deixariam levar, mas hoje esqueceram desta promessa, afinal eles haviam se encontrado finalmente. Ela tinha um cheiro bom, e o olhar correspondia ao seu, o beijo se encaixava no dele e as conversas, eles poderiam passar horas com estas conversas. Ele precisava dela, e então se enrolou na toalha e caminhou em direção ao quarto.

Na sacada viu o sol se refletir e contornar a pele daquela garota ali sentada, um cigarro aceso e a visão que ficaria pra sempre na mente dele. A pele completamente nua, os cabelos negros amarrados de qualquer forma, só para não incomodar aquele banho de luz que ela ali recebia. Os olhos fechados mostrava que estava totalmente satisfeita em seu próprio momento, e ele por sua vez não conseguia se manter afastado.

Sentiu o arrepio em sua pele quando seus lábios tocaram a nuca daquela garota, sentiu também o corpo dela se entregar ao dele quando o braço colocou por volta de sua cintura. Pegando-a no colo, pode olhar naqueles profundo e verdes olhos, e sorrindo ela lhe disse que nunca entenderia o porque, mas sabia que este era o melhor momento da vida dela. Ele aproximou seus lábios dos dela, e ao terminar ofereceu a resposta:
- Porque finalmente te encontrei.


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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um novo final feliz


Uma enorme cadeira se encontra no meio daquele salão. Como uma torre que se ergue no meio de um reino inteiro, à sua volta, fixada em suas extremidades, cadeiras formavam o lugar deles, que pareciam ser os promotores daquele tribunal. No topo da enorme torre se encontrava um rapaz um pouco engraçado, as suas feições caídas, muito lembrava um cachorro velho, gordo e cansado, também, contrastado com aquela longa peruca branca, não tinha como não parecer engraçado.

O Julgamento estava para começar, enquanto muitos burburinhos eram ouvido pelo salão. O Juiz, ou o que é que aquele ser gordo de peruca fosse, soltou um grito pedindo por silêncio, e naquele instante todos os seres mágico e mitológicos que ali se encontravam se silenciaram. Afinal um julgamento pós felizes-para-sempre não acontecia todos os dias.

O primeiro a entrar foi um garoto engraçado, usando suas roupas verdes e um gorro como tal roupa. As crianças vestidas com roupas de animais, que se encontravam ali a frente sentadas, começaram a sorrir e incentivar para que Peter Pan continuasse confiante, mas os seus olhos já não se mostravam assim tão brilhantes. Ao olhar para cima o Juiz leu se decreto, e todos ouviram com atenção:

"Como crianças aprendemos a caminhar, nos alimentar, aprendemos a falar e com isso a nos comunicar. E aprendemos tantas coisas que o título de criança não nos cabe mais. Chega o dia de nos tornarmos adultos, e este dia é inevitável, precisamos amadurecer, colocar nossa aprendizagem em prática e assim ensinar aos outros pequenos que a vida tem um ciclo e precisamos respeitá-lo. Pete hoje você se torna um homem, e de agora em diante poderá não só aprender, mas também ensinar."

Todos fizeram silêncio no salão, e então com um gesto pediram para o segundo entrar. Ela era linda com seus longos cabelos louros e seu vestido rosa. Uma rapaz com trajes de herói soltou um belo sorriso ao ver o rosto de sua amada. Mas Aurora parecia cansada, os olhos estalados, se posicionou ao lado de Pan e ouviu o que tinha a ser dito:

"A nossa vida é muito injusta quando vista só com os olhos da realidade. Os sonhos têm o poder de nos fazer acreditar que o amanhã pode ser diferente. Com os sonhos podemos construir novas realidades, por mais fantasiosas que sejam. A sua vida pode ser a mais feliz do mundo, mas você só saberá disso se ao encostar sua cabeça no travesseiro seus sonhos refletirem sua própria história, caso contrário existe muito mais a se buscar. Aurora a vida acordada é a que temos que viver, mas você precisa aprender que sonhos também merecem seu espaço, eu lhe desejo uma boa noite hoje."

Por um segundo condenaram a escolha daquele juiz, mas compreenderam sua decisão, e o príncipe sorriu ao ver que agora sua Bela voltaria a dormir. Com isso uma terceira foi mencionada, e o silêncio tomou conta do lugar. Carregando uma enorme cesta de maças, Branca parecia assutada com o tanto de pessoas no local. Sete pequenos anões olharam surpresos com a fruto que ela carregava, mas conseguiram compreender antes que fosse dito:

"Experimentamos em nossas vidas algumas frutas que nem sempre têm o melhor gosto. As vezes o amargos nos mostra que precisamos adocicá-lo, e o doce nos mostra que podemos salgá-lo. O fato é que nenhuma fruta tem o mesmo gosto, por mais que pareçam idênticas. Então por isso, não tenha medo de prová-las, não tenha medo de arriscar tomar o veneno doce de uma bela maçã, porque até o mais azedo dos frutos, podem se tornar doce ao amanhecer. Branca, não tenha mais medo, é apenas uma maçã."

E após isso todos se entreolharam sem entender muito bem o que estava acontecendo ali, o silêncio foi solicitado mais uma vez. Em um tom agudo e baixo de voz, as últimas palavras foram lidas por um escrivão, um tanto quanto pequeno e engraçado. O Grilo Falante se posicionou e decretou:

A vida pode ser uma grande história, pode ser engraçada e até mesmo um pouco dramática. Não podemos ter medo de arriscar e crescer, temos que todo o dia se dedicar a ser muito melhor que ontem e um pouco pior que amanhã, afinal ser o mesmo para sempre não é o final feliz. Peter, Bela, Branca e todos os outros aqui presente. Hoje estivemos aqui para uma lição simples porém muito eficaz.

O tal final feliz que todos buscam, nunca será alcançado no medo. Precisamos crescer, sonhar, enfrentar. Só experimentando o gosto amargo da derrota, entenderemos o quanto vale a pena o doce gosto da vitória.

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sábado, 20 de outubro de 2012

Mais um

Mais uma folha em branco cheia de espaço para que novas linhas sejam escritas. Linhas de sentimentos meus, seus ou apenas sentimentos sem um dono vinculado a ele. Linhas que transmitem alguma mensagem, ou que, simplesmente, contam a história de um velho casal que nunca seria feliz por já ter se destruído ou se queimado em uma chama qualquer no peito de alguém. Linha as vezes retas, outras vezes circulares, dando voltas por toda uma história fixa.

Mais uma música tocando ao fundo, para que as lembranças possam vir a frente de qualquer outro pensamento aleatório que possa confundir a obra do autor. O engraçado com as lembranças é que podemos brincar com elas, intensifica-las, torná-las maiores do que realmente são, para com isso conseguir prender os olhos de um leitor até o fim de um pequeno trecho inventado. Tão idealizado na própria vida, que mesmo falando de um alguém que nem se quer existe, o sentimento aparece ali.

Mais um conjunto de palavras, nem tão bonitas, nem tão bobas, mas que juntas tomem algum rumo e então se tornem alguma história muito mais envolvente, dando um tempero a mais pra essa deliciosa salada de frases embaralhadas, deixando mais apetitoso todo este verde que se encontram perdido no meio das linhas.

Mais um texto que diz muito sobre algumas coisas que não sabemos mais o gosto, um texto tão cheio de sentimentos e crenças, mas que no fundo é tão vazio. Peço desculpas aos leitores, mas é um texto formado por sentimentos que nem ao menos fazem parte do autor, ou talvez façam. Desde que seja de algum alter-ego que ele não tenha conhecimento, mas que está ali junto o tempo todo, tentando transformar este casulo fechado em várias borboletas voando por dentro do seu estomago.

Mais uma vez ele tenta descrever o que não sente e nem tem vívido, arriscaria dizer que as linhas muitas vezes são só sobre as músicas se misturando em lembranças, e no fim o conjunto de palavras formam algum texto vazio, ou cheio que não descreve nada sobre quem o escreve e sim contam história sobre passado, presente e futuro de um tal de Você, Ele, Eu ou qualquer outro personagem que se identifique com tal.


Mais uma vez ele se sente insatisfeito com tudo o que escrevera, mas a verdade é que ele sempre se sente assim. Sempre esperando um pouco mais do menos que tem sido oferecido. Ele entende muito bem o começo da história, consegue trabalhar com o meio, mas o problema sempre será o fim. O autor sente que o texto precisa do final, mas infelizmente, este nunca será como ele espera.

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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Depois de uma ventania...


Depois de uma ventania as coisas costumam ser assim: algumas casas destruídas, alguns sonhos dizimados pela fúria de uma criatura que ninguém controla, ou determina. A natureza não é algo com o qual devamos brincar, e quem é que se atreveria a tal coisa?

Depois de um coração partido as coisas costumam ser assim: algumas histórias destruídas, alguns sonhos dizimados pela fúria de uma criatura que ninguém controla, ou determina. O amor não é algo com o qual devamos brincar, e quem é que se atreveria a tal coisa?

Após uma ventania as casas têm de ser reconstruídas, tijolo por tijolo. Começando a partir de um zero, a partir de um nada. O chão agora já não é o mesmo, deixou de ser a terra virgem que antes foi coberta pelo cimento de uma construção, hoje o cimento têm de ser retirado para um novo ser reposto no lugar. As paredes não podem ser reaproveitadas, afinal toda casa veio ao chão.

Após um coração partido as histórias precisam ser reconstruídas, momentos por momentos. Começando a partir de um zero, a partir de um nada. O sentimento já não é o mesmo, deixou de ser limpo e sem medo de acreditar, foi coberto pela esperança de um sonho, hoje o sonho tem de ser retirado para um novo ser reposto no lugar. Os planos não poderão ser reaproveitados, afinal toda a história se partiu.

Depois de toda esta ventania, alguns ainda, tentam reconstruir a mesma casa, ou ao menos uma que seja igual. Os detalhes pendurados na parede, ou os anões que enfeitavam o jardim. Tentam, porque afinal aquele nome riscado na parede por uma criança de cinco ou seis anos, não estará mais ali, será coberta por uma mão de tinta em uma parede nova qualquer.

Depois de um coração partido, alguns ainda, tentam reconstruir a mesma história, ou ao menos uma que seja  igual. Os detalhes de cada plano juntos, ou os sorrisos que ofereceram um ao outro. Tentam, porque afinal aquelas palavras ditas, bobas e sem sentido algum, em um momento de um primeiro beijo, serão esquecidas quando as mágoas voltarem para seus olhos.

Após uma ventania você aprende a construir uma casa mais resistente.
Após um coração partido, você aprende a ser mais resistente antes de construir uma casa.

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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Tentar, queimar...


A garganta estava seca, suas pernas tremiam como nunca e um frio, não um qualquer, um daqueles com ventos cortantes e profundos, passava por dentro de seu peito. Mas algo dentro de sua cabeça dizia para ir adiante, e mais uma vez tentar. Por mais que todas as pontes tivessem sido destruídas, ainda haveria um modo de atravessar.

Jogado em um chão frio percebeu que já não havia muito a se fazer, era aquilo, o de sempre. Duas pessoas juntas tentando lutar por uma vida que já havia se esvanecido. Enxugando juntos as lágrimas de um choro que por muitas vezes foi por felicidade, mas hoje eram apenas lágrimas, que já cansadas, não poderiam  mais tentar.

Mas alguém explica essa vontade humanamente imbecil e destrutiva, que torna nós, os seres-humanos, tão masoquistas ao ponto de apreciar esta dor e amá-la de forma estranha e doentia? É como se enfiássemos a própria mão no peito nu, rasgando a pele e retirando de la tudo que faz o nosso sangue correr e ferver nas veias, retirando toda a vontade e segurança da vida, simplesmente para entregá-lo a uma outra pessoa.

É como se qualquer indício de esperança, por menor que fosse, fizesse todos os sentimentos reacender, e toda a chama se levantar. E é óbvio que nessa brincadeira com fogo, muitos sairão queimados, ainda mais do que estavam antes. Uma queimadura de terceiro grau, penetrando a pele e deixando aquela marca lá, exposta a todos que olharem. E quando você tentar escondê-la será pior, irá doer como se fosse feita na hora.

Ele ainda se encontrava lá, naquela esperança fria de um sentimento em chamas, esperando a todo custo que pudesse novamente se queimar e novamente se marcar. O seu peito continuava vazio, e o espaço precisava ser preenchido, aquilo que ele entregou alguém precisava ser devolvido. E hoje ele entendia que isso não se preencheria com o "algo" de outra pessoa, ali dentro do próprio peito, ele precisaria sempre manter a sua própria bomba de sangue, e suas próprias vontades. Era a unica forma de não ter que enxugar mais lágrimas. Dividir o seu melhor, e não entregá-lo a outro.

Ele decidiu se levantar, queria ouvi-la, mais uma vez. Precisava ter certeza, a garganta ainda seca, as pernas tremiam cada vez mais forte e o vento agora cortava a deixar o sangue escorrer por sua pele. Mas ele era forte, por mais que parecesse destruído ainda existia uma pequena brasa, que o incentivava a lutar e tentar.

Ela saiu pela porta e o recebeu com um belo sorriso. Era tudo tão diferente, ainda linda com aqueles cabelos negros caindo sobre suas costas, os olhos castanhos sempre o hipnotizaram, a pele branca era o que o conquistava, contemplada pela boca vermelha onde ele sempre se perdia.

Olhando nos olhos dela, compreendeu, a chama ardia, a esperança reluzia. Mas o fogo não se acenderia mais ali. A abraçou e um beijo em sua testa ofereceu, dizendo o quanto se sentia grato por tudo que ela foi para ele, mas hoje ele estava ali apenas para buscar algo que ficou com ela, e por mais queimado que estivesse, ele estava grato por ela te-lo guardado tão bem.

Ainda sorrindo sentiu o espaço se preencher em seu peito, quando de volta colocou o seu "algo" no lugar. A sua própria bomba de sangue, foi esta quem mostrou a forma como esses corriam em suas veias agora. Ela sempre seria linda, a rainha de seus olhos, a chama que queimaria toda sua pele. Ele nunca desistiria de tentar, mas neste fogo ele não iria mais se queimar.


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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Qual é a tua?

- Ei qual é a tua? - Disse ele num tom de voz alterado, como se toda sua paciência tivesse se esgotado. Também, era de se esperar isso. Ele foi muito paciente até ali, mas aquilo já era demais, ela não tinha este direito, pelo menos não para com ele.

Ela era deste jeito, fingia que se importava demais com o que ele sentia. Por vezes o procurava, numa dessas noites frias e sozinha, onde todo mundo estava longe e ela sem ninguém para aquece-la. Não estou falando de um frio estacional (se é que está palavra existe), e sim de um frio sentimental. Aquele frio que lhe aperta a garganta enquanto desce em direção ao peito, era nestas horas que ela gostava de procurar por ele. Afinal ele sempre foi um idiota de estar la esperando por ela.

Visto de fora você poderia chamá-lo de bobo, idiota ou milhares de outros adjetivos negativos que sua mente pudesse criar. Mas quando visto por dentro, sua opinião mudaria. Ele sempre foi simples, com gosto singulares, e apegado (quase como doença) a detalhes.

Seus olhos podem passar desapercebidos, mas os dele conseguia focar aquilo. Coisas pequenas, tipo um sorriso quando uma frase boba fosse dita, ou a forma como ela se virava a noite ao dormir, tinha também os detalhes da forma como ela gostava de prender o cabelo, ou as músicas que ela dizia ser a história de um tal de "nós dois".

Mas qual era a daquela garota afinal? Ele não exigia nada dela, nunca a procurou, e nunca iria procurar. Afinal a história foi conturbada, talvez eu conte, ou já tenha contado alguma vez aqui, mas agora não posso focar a minha visão a isto, e sim ao fato de ela não respeitar o que eles viveram.

Pode parecer uma piada idiota, e sem sentido. Pensar que ele se importa tanto ao fato de ela não dar um mínimo de importância a estes detalhes bobos. Mas sentimento é sentimento, e não há tempo ou chateação que mude isto. O que foi amor ontem, continua sendo amor hoje, não o mesmo tipo de amor, nem o mesmo brilho no olhar, mas ainda sim, é amor.

Por um segundo ele quis conversar com ela, perguntar o porque daquilo, afinal fazia parte da história daqueles dois. Mas eu disse para ele não o fazer, não adiantaria de nada. É como se ela rasgasse uma carta que ele escrevera e entregasse este pedaço a outra pessoa, tirando todo o sentido da história e toda a lágrima ali derramada.

Sabe de uma coisa, ele tem o direito de saber, não é justo com ele e nem com ninguém que os detalhes sejam usados para com outra pessoa. Ele não é um cara qualquer e não merece ser tratado como tal, que falta de respeito é esta. Na boa, garota qual é a tua?


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sábado, 6 de outubro de 2012

Ei Você...

Que mania boba esta a sua de sempre colocar a frente dele coisas que já haviam sido esquecidas.  Como se você se divertisse com o fato de vê-lo afundando num enorme a profundo mar de pensamentos idiotas e histórias criadas sem tempo para se tornar verdade. Fazendo com que sentimentos que ainda nem existem, queiram pular para fora.









Ele me disse algo a respeito de sonhos antes de estar dormindo. Eu acredito que você também tenha participação nisto. Com seu jeito de esfregar, estas verdades e omissões singelas, explicitamente na cara do pobre rapaz. Sim, ele parece ser mais velho, mas não passa de um moleque com medo de crescer e ter que fechar a página do seu livro sobre alguma garota e seus anões.


Como em um conto de fadas em que mágica não se faz útil, você tem essa péssima ideia de transformá-lo neste ser mítico com sérios problemas relacionados a sua coerência em pensamentos e ideias retas. É como se uma estrada sobre uma montanha fosse construída dentro de sua mente, e cada pequena reta é contemplada com uma bela curva acentuada a esquerda.

Me explique como funciona está brincadeira. Afinal eu como um grande amigo e admirador, tenho que alertá-lo como jogar esse jogo sem regras. Sim, um jogo, infeliz e imaturo da sua parte. Sentimento não é uma coisa legal de se brincar, muito mais, quando eles ainda estão no forno assando,  os olhos a espera do apito final de um microondas prata qualquer, parte do bom gosto que ele tem para os detalhes.

As vezes eu acho que compreendo bem o teu plano, e confesso que consigo admirar o teu trabalho. Mas é que de vez em quando, eu desejaria que você o deixasse em paz. Sabe, se enganar e fugir também pode ser saudável em um certo momento.

O defendo porque estou ao seu lado sempre que procura as escapadas mais fáceis, assim como quando você as dificulta. Mas no fim isto vale de alguma coisa, que seja confuso ou não, ele consegue ganhar mais experiência.


É como se uma nova linha do seu "guia de como ter uma vida fácil" fosse escrita a cada vez que você joga, este sinistro jogo, com ele. Acho que minha raiva contigo agora passou, você se faz necessário, sendo de forma positiva ou o inverso. Não só ele como eu e todos precisamos disto, de uma brincadeira idiota e infeliz de um ser chamado: Destino.

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