quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um novo final feliz


Uma enorme cadeira se encontra no meio daquele salão. Como uma torre que se ergue no meio de um reino inteiro, à sua volta, fixada em suas extremidades, cadeiras formavam o lugar deles, que pareciam ser os promotores daquele tribunal. No topo da enorme torre se encontrava um rapaz um pouco engraçado, as suas feições caídas, muito lembrava um cachorro velho, gordo e cansado, também, contrastado com aquela longa peruca branca, não tinha como não parecer engraçado.

O Julgamento estava para começar, enquanto muitos burburinhos eram ouvido pelo salão. O Juiz, ou o que é que aquele ser gordo de peruca fosse, soltou um grito pedindo por silêncio, e naquele instante todos os seres mágico e mitológicos que ali se encontravam se silenciaram. Afinal um julgamento pós felizes-para-sempre não acontecia todos os dias.

O primeiro a entrar foi um garoto engraçado, usando suas roupas verdes e um gorro como tal roupa. As crianças vestidas com roupas de animais, que se encontravam ali a frente sentadas, começaram a sorrir e incentivar para que Peter Pan continuasse confiante, mas os seus olhos já não se mostravam assim tão brilhantes. Ao olhar para cima o Juiz leu se decreto, e todos ouviram com atenção:

"Como crianças aprendemos a caminhar, nos alimentar, aprendemos a falar e com isso a nos comunicar. E aprendemos tantas coisas que o título de criança não nos cabe mais. Chega o dia de nos tornarmos adultos, e este dia é inevitável, precisamos amadurecer, colocar nossa aprendizagem em prática e assim ensinar aos outros pequenos que a vida tem um ciclo e precisamos respeitá-lo. Pete hoje você se torna um homem, e de agora em diante poderá não só aprender, mas também ensinar."

Todos fizeram silêncio no salão, e então com um gesto pediram para o segundo entrar. Ela era linda com seus longos cabelos louros e seu vestido rosa. Uma rapaz com trajes de herói soltou um belo sorriso ao ver o rosto de sua amada. Mas Aurora parecia cansada, os olhos estalados, se posicionou ao lado de Pan e ouviu o que tinha a ser dito:

"A nossa vida é muito injusta quando vista só com os olhos da realidade. Os sonhos têm o poder de nos fazer acreditar que o amanhã pode ser diferente. Com os sonhos podemos construir novas realidades, por mais fantasiosas que sejam. A sua vida pode ser a mais feliz do mundo, mas você só saberá disso se ao encostar sua cabeça no travesseiro seus sonhos refletirem sua própria história, caso contrário existe muito mais a se buscar. Aurora a vida acordada é a que temos que viver, mas você precisa aprender que sonhos também merecem seu espaço, eu lhe desejo uma boa noite hoje."

Por um segundo condenaram a escolha daquele juiz, mas compreenderam sua decisão, e o príncipe sorriu ao ver que agora sua Bela voltaria a dormir. Com isso uma terceira foi mencionada, e o silêncio tomou conta do lugar. Carregando uma enorme cesta de maças, Branca parecia assutada com o tanto de pessoas no local. Sete pequenos anões olharam surpresos com a fruto que ela carregava, mas conseguiram compreender antes que fosse dito:

"Experimentamos em nossas vidas algumas frutas que nem sempre têm o melhor gosto. As vezes o amargos nos mostra que precisamos adocicá-lo, e o doce nos mostra que podemos salgá-lo. O fato é que nenhuma fruta tem o mesmo gosto, por mais que pareçam idênticas. Então por isso, não tenha medo de prová-las, não tenha medo de arriscar tomar o veneno doce de uma bela maçã, porque até o mais azedo dos frutos, podem se tornar doce ao amanhecer. Branca, não tenha mais medo, é apenas uma maçã."

E após isso todos se entreolharam sem entender muito bem o que estava acontecendo ali, o silêncio foi solicitado mais uma vez. Em um tom agudo e baixo de voz, as últimas palavras foram lidas por um escrivão, um tanto quanto pequeno e engraçado. O Grilo Falante se posicionou e decretou:

A vida pode ser uma grande história, pode ser engraçada e até mesmo um pouco dramática. Não podemos ter medo de arriscar e crescer, temos que todo o dia se dedicar a ser muito melhor que ontem e um pouco pior que amanhã, afinal ser o mesmo para sempre não é o final feliz. Peter, Bela, Branca e todos os outros aqui presente. Hoje estivemos aqui para uma lição simples porém muito eficaz.

O tal final feliz que todos buscam, nunca será alcançado no medo. Precisamos crescer, sonhar, enfrentar. Só experimentando o gosto amargo da derrota, entenderemos o quanto vale a pena o doce gosto da vitória.

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