segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sussurro


Sussurro é o que procede o som que o peito faz quando a boca não que falar.
O barulho sai correndo, pousa na língua, mas não forma palavra alguma.
Disseram-me que se um dia eu entendesse de amor, nele eu saberia habitar.
Quanta bobagem, sei todas as histórias sobre ele, e não faço parte de nenhuma.

Olhos brilhando, o corpo todo tremendo, boca seca. Meu Deus, O que está havendo?
Ela caminha lentamente, pede um copo de café, senta e abre um livro.
As palavras fogem, assim como tudo em minha mente. Dentes rangendo, a boca força um riso.
Ela continua sentada ali, e eu sem saber porque meu corpo se defende.
Aproximo-me devagar, “Posso me sentar aqui?”, o olhar é a resposta que diz “Claro, sente”.
Caramba, ela disse tudo bem, é a chance de dizer.
“Oi, sou um cara como tantos cem, porém precisava te ver.”
Aquele olhar, olhos azuis, diz tudo e também não me diz nada.
Ela sabe que neles me possui, então prefere se manter calada.
Eu insisto, instigo o seu olhar,
Dou aquele meio sorriso, ela tenta se desviar.
“Um dia você disse que me amava, grande bobagem.
Estou sentada aqui, machucada, comendo histórias de mentira, com medo das de verdade”
Lágrimas escorrem daquele azul sem fim. Eu sou o grande idiota.
“Ei garota, não sei porque pensa assim. Mas olhe, veja a sua volta,
Sou seu mais do que pertenço a mim, mesmo que isso seja uma bosta.”
Ela riu, e com a cabeça fez que sim. Ela me ganharia em qualquer aposta.

Sussurro é o que procede o som que o peito faz quando a boca não que falar.
O barulho sai correndo, pousa na língua, mas não forma palavra alguma.
Eu sou um cara apaixonado como tanto outros, e ela sabe fazer-me voar.
Porém de todas as histórias que eu contar, nunca vou pertencer a nenhuma.

Ela está sobre meu corpo, é uma cigana, sabe bem como se mexer.
Eu sou um filhote de lobo e ela uma serpente esperando pra me deter.
Não que lobos e serpentes devam se encontrar. Dois inimigos sem precedentes
Mas sobre o nosso sexo eu devo confessar, ela é tão bela quanto um sol poente.
E se houver uma dança, dentro dela eu vou ficar.
É como se eu fosse uma criança, e ela aquele meu brinquedo de montar.
Olhos azuis que pedem cuidado, para que eu não quebre, nem destrua seu sonho.
Faça-me o favor de se deitar ao meu lado, porque de hoje em diante, serei seu dono.
“Você é minha como sou seu. E se não for assim, vai ser da saudade.”
Ela riu, e por dentro estremeceu quando eu disse que essa era a história de verdade.
O livro está fechado, sobre a mesa, lá onde ele deve ficar.
Ela, eu, meio enrolados, sem roupas e luz acesa, brincando de se amar.
A história é toda uma mentira, ela nunca esteve lá.
Eu inventaria ela todos os dias, se assim a fizesse ficar.
Ontem ela estava aqui, deitada, nua entre meus cobertores.
Hoje, nunca mais a vi, desajeitada, procurando novos amores.
Olhos brilhando, o corpo todo tremendo, boca seca. Meu Deus, O que está havendo?

Sussurro é o que procede o som que o peito faz quando a boca não que falar.
O barulho sai correndo, pousa na língua, mas não forma palavra alguma.
Eu escreveria sobre você, sobre mim e sobre esse pesar.
Mas sejamos francos, essa história não é minha, muito menos, sua.

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1 Comentários:

Às 10 de julho de 2015 às 23:22 , Blogger Contos de uma tarde disse...

Parabéns pelo texto incrível, queria ter esse dom para escrever poemas e coisas sobre os sentimentos. Parabéns!

angelicabello.com
youtube.com/BelloSonhoMeu

 

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