segunda-feira, 8 de junho de 2015

Paranoia


Ouvi um barulho. Xiu! Espera! É estranho, faz um tic-tac grave, volta e muda pra um tac-tic sem sair do lugar. Agora! Não faz barulho... Ouviu? Caramba, qual o seu problema? Cale a boca! Aí! Soou novamente e você perdeu. Não fica falando asneira enquanto eu quero ouvir. Parece música, vem de onde nunca ouvi antes. Faz tic e logo já é tac, mas bate mais rápido cada vez.

Odeio esses sons sem sentido algum. Pulsa e pulsa e nunca torna música. Mas se eu ficar em silêncio e a senhorita parar de inventar tantas coisas sobre ele, eu juro que poderia ouvir algum acorde ali no meio. Mas você insiste né!? Fala e fala que esse som não é boa coisa, e eu sempre só fico com sua voz.

Qual o problema com o som? Como assim está desafinado? É uma das melhores músicas que já ouvi, talvez ficasse ainda melhor sem o seu "blá-blá-blá" descontrolado no meio. Não é ruim não, nem adianta me dizer que sim. Fica quieta só um minuto, eu quero poder ouvi-lo. Vai começar novamente. Não minta, você também está gostando.

Claro que isso é coisa boa. Já viu música fazer mal a alguém? Música só faz mal de saudade, mas saudade são lembranças de coisas que um dia fizeram bem. Logo, não há mal no meio disso. E essa música é bonita, vem de dentro do meu peito; não atrapalhe a melodia por favor. Ouviu agora? Caramba!! Este último foi um tic tac maior ainda

Claro que não é o tic-tac, mas gosto de pensar que posso encaixá-lo nesse termo. Tic-tac me remete ao tempo, e tempo é tudo o que há de mais precioso para qualquer coisa que nasce e cresce dentro de um peito. Então para de tagarelar sobre como eu chamo esse som, você sempre implica com tudo.

Sabe de uma coisa, estou me cansando de você. Sempre dizendo que não e não, como se não conseguisse ouvir esse som gritando no meu peito. E pode falar mais alto se quiser, espernear e dizer que estou enganado. Sua voz só vai continuar presa em minha cabeça, e desta vez eu não te darei ouvidos. Gosto do tic tac que vem do peito e da forma como ele tem conseguido me transformar em alguma coisa melhor do que eu sempre fui.

Não faço a menor ideia de quem te enfiou aí, mas tenho certeza que não preciso mais de você. Sempre me diz que não devo acreditar, cria monstros, faz barulhos e atormenta todas as minhas canções. Deixe-me um pouco em paz, eu não quero mais desacreditar. Essa coisa de amor existe sim, por mais que você dificulte isso pra mim.

Ei, cadê você? Foi embora? Caramba! Eu não consigo acreditar. Deve ser a primeira vez que isso me acontece. Ouço agora esse tic mais alto que o tac e logo mudando de lugar. Que som incrível você faz. Ouvi dizer que a Paranoia sempre se chateia quando você canta, mas dessa vez a mandei embora. Nunca mais vou deixa-la te calar.

Revisão e correção: Kelly Helena

Marcadores: ,

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial