terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Fria Metamorfose

Paixão, Tempo e Amor. É como a Lagarta, Casulo e Borboleta. 
A beleza só será completa na hora certa, nunca quebrando por fora e sim sendo rompida por dentro. O que se mantiver congelado, assim ficará, até que esteja pronta para queimar. Antes disso só sentira o frio tentando escapar, mas se vendo preso no mesmo lugar.


Coração, na questão biológica é um órgão que bombeia o sangue por todas as partes do corpo animal, no ser humano divide-se entre átrios e ventrículos. Na questão poética é a concentração de todo o sentimento guardado, que bombeia cada sentimento por toda área do corpo, que desencadeia uma série de sensações e questões que nem o próprio saberia responder. E é sobre este ponto de vista que falaremos hoje, o poético.

Existiu uma época em que apaixonar-se era uma grande aventura, era o mais esperado de todos os momentos. Sentir aquele controlador pulsando o sangue por todas a áreas de seu corpo, fazendo ferver cada centímetro do mesmo, aquela questão de pernas desordenadas, palavras gaguejadas em linhas embaralhadas diante aos olhos do emissor de um sorriso singelo, ou apenas um olhar bem direcionado. Fazendo com que nada, além daquele sorriso, precisasse de mais que dois segundo de sua atenção.

Como já dizia o grande Poeta português Luiz Vaz de Camões "Amor é fogo que arde sem se ver; Ferida que dói e não se sente". Paixão chega e devasta, queima, bagunça, desregula, desequilibra, cega, enlouquece e, por fim, acalma. Transformando-se em algo maior, amadurecendo em cada detalhe do sentimento. Cada conversa demorada sobre o futuro a dois, sonhos compartilhados de uma viagem de verão, qual o nome do animal de estimação e, futuramente, a cor do tapete que ficará na sala. Presenciamos o nascimento do velho brigão e exigente, companheiro e descontrolado. O Amor.

Paixão é um adolescente, que briga com tudo e destrói o que atrapalhar o seu crescimento, exige tudo na sua hora, no seu momento. Até que machuca, fere, corrói um ao outro. Amor é um adulto maduro, que compreende enquanto não é compreendido, que constrói enquanto tentam destruí-lo, que te mostra que "sentimento adolescente" nenhum vale o esforço, quando você já passou por todas estas fases. Ninguém chega no fim do jogo e fica contente de cair em uma casa que lhe manda voltar ao início.

O que antes era o fogo que ardia sem se ver, torna-se um inverno frio e gelado, que dói e se sente. Ao término de uma relação os corpos se separam, os amigos se dividem, os sorrisos se tornam forçados, sentimentos tornam-se ultrapassados. Ninguém consegue ocupar o espaço em seu peito, afinal a entrada está coberta por uma espeça camada de gelo, que não se romperá. Por mais doloroso que seja, o amor é sábio. Conhece o tempo certo e faz dele seu eterno aliado.

O tempo é um eterno amigo do Amor. Este cara bobo que passa sem se ver, que faz cada instante se tornar passado a partir do momento que você pensa nele. Determina quem vai e quem vem, quem fica e quem diz Adeus. Tempo, tempo, tempo. Uma criatura tão poderosa, que fica difícil definir o que não possa conseguir, o que não possa alcançar. A cada segundo que o ponteiro mostra, nos torna mais distantes do passado e mais próximo de um futuro.

O tempo nasce após o fim da paixão. Tenta auxilia-la, mas esta imatura que é, decide que quer agir sozinha, no agora, naquele instante. Despede-se, mas volta a procurá-lo quando amadureceu, quando se tornou Amor. E este como um fiel companheiro a ampara, dá abrigo, acolhe e protege. Cria um escudo de gelo envolta de sua superfície, este que ninguém quebrará antes do momento certo. Deixa viver novas tentativas frustradas de descongelamento, vê sorrisos forçados e carinhos manjados. Até que se cansa, e faz o peito pulsar.

Você sabe como se cria um antídoto a uma picada de Cobra? O veneno que feriu será o mesmo que curará. O inverno que congelou será sempre o verão que derreterá. E este é o trabalho do tempo, trazer a você uma cura e não uma operação frustrada sem sucesso. O que está ali guardado, será mantido. Até que o emissor do sorriso (aquele bobo que busca mais que dois segundos de atenção) seja a chama que arde sem se ver. Que derreta, que cure e que mostre que valeu a pena esperar.

Quando isto acontecer saiba apreciar, dedicar, mostrar. Deixe o peito queimar, o fogo adormecido pairar no ar, fazendo com que queime toda a sua pele, que derreta todo os seus medos. Deixe que a bela Lagarta voe livre daquele Casulo que se manteve presa por tanto tempo, a Borboleta tem lindas asas, detalhadamente desenhadas, cada linha contempla a beleza da asa oposta, cada movimento contempla a vida que esperou tanto para surgir. Por fim, deixe que esta pouse em seu peito e que extraia dali todo o pólen que precisar.


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1 Comentários:

Às 8 de janeiro de 2013 às 14:33 , Blogger Kleberson Marcondes disse...

E se o amor não nos transformar, não seremos nada e nem ninguém...

 

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