quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Carpe Diem: A Festa

Para acompanhar leia: Recompondo-se

Aquelas tochas iluminavam o caminho por toda a praia. E ao fundo Miguel conseguia ouvir o som da música, algumas batidas fortes e eletronizadas se misturavam ao som do mar. Olhou para este e viu a enorme lua que iluminava aquela noite, sentiu-se satisfeito pela escolha que fizera para aquela festa. Então com um aperto sobre seu ombro, e um grito agitado, Steve deixou claro que era hora de curtir a noite.


O Local era uma enorme tenda recheada por ornamentos coloridos que brilhavam ao toque das luzes que emanavam de um mesmo local. Este que ao canto da tenda, no lado oposto a água salgada do mar, abrigava uma enorme cabine, cheia de aparelhos e caixas de som que contornavam todo o local. Acima dela um rapaz com cabelos compridos pintados com alguma tinta que brilhava junto com os ornamentos, sendo oculto apenas pelo arco dos enormes fones sobre seus ouvidos. 

Conversava com alguns amigos de Steve que estavam parados em um círculo enquanto se movimentavam conforme a música era tocada. Miguel aos poucos se deixava envolver com as batidas, no começo parecia um pouco difícil, estar em um lugar, totalmente, desconhecido até o momento e, praticamente, sozinho o tempo todo. Mas conforme ia bebendo algumas bebidas de cores que ele achava interessante e cujo o conteúdo ele nem se importava mais de saber, seu corpo ia sendo levado devagar e continuou assim por boa parte daquela noite.

Steve estava acostumado a este tipo de festa, era sua habitual "fuga", quando sentia falta de sua casa, ou apenas um momento de diversão para um sábado a noite. Trouxera o novo amigo para experimentar este tipo de vivência, e estava disposto a fazê-lo experimentar o mundo que vivia alucinadamente. Enquanto se afastou de Miguel, observou alguns de seus amigos em outro canto, eles tinham algo que ele estava precisando. Um pouco exausto após o dia todo andando com seu skate, precisava de um "upgrade" para a sua noite. E foi ali com este amigos que conseguiu um pequeno comprimido para acabar com seu cansaço.

As músicas eram incessantes, e Miguel parecia estar perdendo o folego diante tantos passos e bebidas. Steve vendo o estado do amigo ofereceu então o remédio para toda esta fadiga. De cara Miguel não aceitou, sabia bem o efeito do Êxtase, seus amigos no Brasil costumavam usar este tipo de narcótico, mas ele nunca precisou disto. Infelizmente, só com a bebida e a música não conseguiria fugir de seus pensamentos sobre a garota que deixara para trás, então sem pensar muito sobre o assunto, aceitou a sugestão do amigo.

Era como se a pilha velha do controle remoto fosse removida, e uma nova pilha três vezes mais potente posta no lugar. As batidas pareciam estar mais lentas, enquanto o seu corpo se movia sem que ele precisasse de tanto esforço para comandá-lo. Esquecia-se do que lhe diziam no momento que concordava com a cabeça, assim como não se importava mais de ouvir o que lhe era dito. Só queria esquecer e dançar, a noite toda se possível. Viu Steve a olhá-lo e a segui-lo naqueles passos que pareciam doidos até certo ponto, após isto era só diversão.

Poderia ficar nisto a festa inteira, se a sede não fosse sua fiel companheira agora, e fizesse com que Miguel tivesse que parar por um instante para buscar por uma nova garrafa d'água. E foi em uma destas, concentrações que teve de fazer para saciar sua sede, que esbarrou com uma garota. Ainda estasiado pelo efeito da pastilha não deu muita atenção a imagem, até que se virou para desculpar-se e então a viu.

Os olhos eram azuis, como o céu de uma bela manhã de verão, meio acinzentados conforme o brilho lhe era dirigido, contrastados com o contorno de uma linha negra que se misturava a algo de um verde brilhante, com cintilantes pedras que se misturavam a pintura sobre suas pálpebras. O nariz descia em uma finesa e contraste sem igual, a boca - sua melhor parte - seus lábios superiores eram incrivelmente desenhados para acompanhar a beleza daquela espécie, e os inferiores eram fartos, como se o sangue quente emanasse de dentro deles. Este lhe ofereciam um sorriso, que fez Miguel perder-se nas palavras ao se desculpar.

Meu Deus! Que garota era aquela. Enquanto dançava observava os passo da mesma. Seus longos e negros cabelos voavam conforme seus movimentos. Trajava um pequeno top que fazia toda a atenção ser mantida naqueles pequenos e redondos seios. Sobre eles um pequeno tecido colorido, como se uma enorme quantia de tintas fluorecentes tivessem caído no mesmo, o corte deixava seus ombros desnudos, o tecido terminava na altura do umbigo, deixando-o a amostra, fermentando assim a imaginação. Sobre aquela pequena cintura um shorts, que o deixou ainda mais intrigado, devido ao tamanho singelo da peça. Suas longas pernas bronzeadas pelo o sol eram esculturais e por fim terminavam em um par de pequenos tênis baixos que também eram coloridos e demonstravam o estilo da garota.

O sol agora iluminava o local, enquanto as músicas nunca cessavam. Procurava que algo iluminasse sua mente, mas os pensamentos eram desnexos, iam e vinham de vários lugares ao mesmo tempo. Respondia a algumas perguntas de Steve, mas não prestava atenção à suas palavras. Então o mesmo tentou entender o que tirara a atenção de Miguel, encontrou a garota que ele fitava. Não prestando muito bem atenção ao o que dizia, falou algo sobre deixar se levar pelo momento e permitir-se um pouco mais nesta louca aventura. E foi tudo o que Miguel conseguiu ouvir.

Não fosse o efeito de tantas drogas que provara na noite, Miguel poderia tentar se aproximar. E este era um ponto contraditório, afinal, não tinha o que pensar, então o medo não o impediria de chegar e conversar com aquela garota, mas algo o impedia e quando se viu tentado a enfrentá-lo, não avistou mais a musa de seus olhos. Fazendo assim com que perdesse a esperança de reencontrá-la.

Steve já cansado e agora careteado após os efeitos dos narcóticos, se viu tentado a ir embora. Miguel havia perdido o foco, o sol já estava a pino, então decidiu que era a hora de partir. Caminharam sobre a areia, num corredor de tochas, agora apagadas, até encontrarem o carro. Steve ainda falava muitas coisas e Miguel mantinha-se perdido em pensamentos. Quem era aquela garota? Por que não perguntou ao menos seu nome? Tantas coisas a se pensar.

Já no carro partiram em retirada. Contou a Steve sobre a garota e confessou que nunca havia presenciado tanta beleza. Este escutou toda história, mas manteve-se neutro sobre o assunto. Deu alguma opinião sobre existir várias garotas iguais a esta por aí e que ele ainda conheceria muitas. Mas Miguel tinha certeza, existiam muitas garotas que o faria respirar mais forte quando as encontrasse, porém aquela garota o fez perder o ar, e isso o motivava a querer um pouco mais dela.

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2 Comentários:

Às 18 de janeiro de 2013 às 11:23 , Anonymous Anônimo disse...

HÁ!..Isso me faz lembrar de tantas as vezes que deixei passar as oportunidades, naquela época em que curtia muito as longas madrugadas de dança, som alto e luzes em movimento, buscando sempre um alvo para saciar a noite, mas no fim das contas nunca consegui encontrar naquele local uma beleza em que me permiti conquistar. Teve duas vezes, mas levei um fora. Tudo bem, não passava de diversão aquela adrenalina noturna.

 
Às 20 de janeiro de 2013 às 18:29 , Anonymous Anônimo disse...

*-*

 

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