segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Eu gosto é de poesia


Não que uma falta de rima seja descartada, nem palavras erradas devam ficar exiladas deste meio. Não exijo melodias, nem quero que isso seja apenas um musical de lindas canções contracenadas num palco onde a vida senta na primeira cadeira para assistir. Mas eu gosto é de poesia.

Cada verso tem seu miticismo, e desenham a história de dois pares de olhos. Dançando em silêncio. Falando coisas que eles entendem. Ninguém rima aqui, nem querem fazer muito sentido na verdade. A canção que eles dançam é sobre sentimento de um peito que é valsa, samba, lambada e qualquer outra coisa que necessite de movimento.

Não me venha com rimas em estrofes. Já disse que gosto é de poesia. Mas eu gosto é dessa poesia que a vida faz, não essa que você tentam planejar para si mesmo. Gosto quando o canto de um pássaro rima com o barulho dos ventos chicoteando as árvores. Gosto da água caindo num dia de chuva, esfriando tudo, e limpando o céu aos poucos. 

E não ordene palavra, nem a geometria do meu poema. Deixa ele ser como é. Vermelho, verde, anil ou violeta. Nem um arco-íris gosta de ser domado. Ele é poesia de sol e chuva, assim como aqueles pares de olhos. É só sobre seus próprios versos e de mais ninguém.

Como desvendar uma estrofe que fale sobre o seu cheiro? Ou que, ao menos, diga como ele fica sobre minha pele toda vez que você termina um abraço?  Não há rimas suficiente que descrevam o tremor que nasce e morre nela toda vez que você me toca.

Quem inventou a saudade? Ah, este sabe como ninguém o que é ser poeta. Esse, grande malandro, sabe bem como escrever as mais belas linhas de um poema. Falar sobre um alguém que está tão longe, sendo que esse alguém acabou de sair pela porta. Nem um arco-iris gosta de ser domado, mas às vezes, algumas pessoas conseguem manter as rédeas da sua inspiração.

Mas voltando ao inicio de tudo. Eu gosto mesmo é de poesia. Quando seu sorriso rima com o meu, naquele momento idiotas que você me torna um boneco fantoche e cria as minhas falas só para me ver rir quando acabei de acordar.

Eu gosto é quando seus dedos se tornam versos em minhas mãos. Durante nossa noite de sono, quando eu me afasto e você me traz pra perto, vira de costas e pede para que eu te abrace ainda mais forte, mesmo sem ter dito uma sequer palavra.

Gosto das estrofes que seus beijos criam nos intervalos que você me deixa sem ar. Quando meus dedos entram em seus cabelos e suas mãos começam a apertar minhas costas como quem pede pra parar. Mas se eu parar, sofrerei sua ira por isso.

E eu amo saber que você é o poeta que me escreveu.
Todos os dias, enquanto eu só queria ser mais um texto sem rima seu.

Desculpe aos que não se inspiram.
Mas essa é minha rima. E você minha poesia.

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