quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Quebrando o Gelo

História de Ariane Ribeiro


Tudo começa com o frio. Não sou o tipo de garota que demonstra certas fraquezas, pelo contrário, sou do tipo que mostra a sua força mesmo quando não tenho mais de onde tirá-la. Tenho muita fé em tudo que diz a respeito em ser e mostrar uma mulher forte, mesmo eu tendo a idade de uma menina.

Tudo bem, calma, só preciso que vocês entendam o meu jeito de ser, antes de entenderem o porquê desses detalhes serem importantes.

Mais um dia comum, os amigos reunidos com aquelas mesmas piadas de sempre. Cada rosto ali, é familiar. Amigos que gostava de conversar durante os intervalos de uma aula para outra. Sim a história começa no colegial, e nele havia um garoto, o qual eu, ainda, não conhecia (pelo menos, não pessoalmente).

Mãos frias, qual é o meu problema com elas? Não importa a temperatura, elas sempre estão geladas. E eu sempre fui um pouco mais friorenta que o comum. Não sou muito de reclamar disso, mas naquele dia, eu reclamei, em voz alta. “Estou morrendo de frio”. E aquele rosto, ainda não conhecido, com aquele sorriso de canto, olhou-me. E da forma mais abusada que poderia colocar numa frase, disse que poderia me esquentar.

Eu deveria é sair de perto. Esses garotos sempre têm essa mania de mexer com as meninas que eles acham bonita, e acabam fazendo com que fiquem sem graça. Mas tinha algo que me intrigava nele. As minhas mãos, ainda geladas, nada se comparava ao meu rosto, que agora estava fervendo. Não sou do tipo de mulher que fica sem palavras, nem ele era o tipo de cara que não soubesse usá-las.

Quer saber a verdade? Ele não ia me deixar sem graça, então eu disse que aceitava. Aproximei-me dele e colocou aquelas mãos frias em sua pele. Ele suspirou, ainda sorrindo (aquele mesmo sorriso torto e ousado), e disse que minha mão estava realmente gelada, achei que tinha se arrependido. Mas não. Ele tinha mesmo esse jeito de se gabar de tudo, e nessa hora, contou vantagem por poder aquece-las para mim.

Confesso que eu gostava daquela sensação, sua pele quente entre meus dedos frios. Mas com toda aquela timidez que não precisava estar ali naquele momento, ele me venceu, e eu retirei as mãos envergonhada. Ele nada disse.

Eu já conhecia a sua irmã, éramos amigas. Então eles me acompanharam até a minha casa. Ela mais atrás, ele ao meu lado.

É estranho quando um desconhecido rouba um sorriso seu, mais ainda quando rouba o segundo e o terceiro depois dele. E ele se mantinha assim, ouvindo sobre minha vida, contando sobre a dele, e roubando cada sorriso tímido e bobo que eu poderia oferecer. Ele, realmente estava empenhado em não me deixar naquele frio.

Dia seguinte, dessa vez, eu não deixaria que ele me ganhasse. Ao vê-lo, fiz questão de colocar aquelas mãos frias em sua pele. Ele riu de mim, eu me sentia uma boba. “Ele não vai parar com esse sorriso?”. E não parou, e o que havia sido uma quebra de rotina no dia anterior, hoje se tornou algo corriqueiro, e lá estávamos nós indo embora juntos enquanto conversávamos sobre nossas vidas.

Eu queria que ele soubesse o quanto eu me sentia em paz estando ao seu lado. Não sou o tipo que deixa claro os sentimentos, nem do tipo que se apaixona no segundo dia que está conversando com alguém. Mas ele, não sei, tinha a pele macia, fez meu rosto queimar, sem nem me tocar. Minhas mãos eram frias, havia um choque quando nossos dedos se cruzavam. Ei, espera, eu nem percebi, e nossos dedos estavam lá. Cruzados.

Ele, tremendo ladrão, roubou-me sorrisos. E com aqueles olhos me roubava toda a atenção. O mundo poderia esfriar por inteiro neste momento. Uma velha árvore estava lá, era a nossa cúmplice, oferecendo sua sombra como um abraço para dois tímidos, ousados, se chocando por completo. E eu sabia que ali nada importaria, eu estava aquecida, estava presa a ele. E assim me mantive, até que aqueles lábios quentes, tocaram os meus. Caramba, ele havia quebrado tanto gelo.


Deitada nessa cama, hoje, depois de quatro anos. Ainda me arrepio quando ele me abraça e deixa a sua pele quente me tocar, quebrando cada frio que possa se aproximar de mim. Ele, meu marido, ainda tem aquele mesmo olhar, o sorriso continua ousado e ainda se gaba por ter feito a garota tímida estremecer com ele. Nunca fui do tipo de garota que demonstra fraquezas, mas ele sempre foi o tipo de cara que demonstrou ser minha força.

Meus dedos estão tão aquecidos agora.


-------------------------------------------------------
Quer sua história aqui?
Envia para: naduvidasorria@gmail.com

Imagem: WallpaperHi

Marcadores: ,

1 Comentários:

Às 10 de setembro de 2015 às 16:33 , Blogger Unknown disse...

Linda a historia em jovem. Gostei hehe

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial