sábado, 13 de julho de 2013

Abrigue-me

Sou pequeno e indefeso, procuro um abrigo, um lugar para me proteger. Algumas pessoas me rodeiam, são muitas na verdade. Grandes demais quando passam por mim, algumas magras, outras gordas, louras, morenas, ruivas e até azuladas, mas todas têm algo em comum, nenhuma delas me nota. Minhas asas ainda estão molhadas, não posso alçar voo. Mas um dia voltarei a possuir todo aquele céu azul, dançarei em suas nuvens e morrerei em seu colo. Mas até lá continuarei aqui, pequeno e indefeso, procurando por um abrigo, um lugar para me proteger.


Olhei algumas vezes para o relógio, número suficiente de vezes para perceber que o tempo corre mais lentamente quando você não está. O ponteiro cisma em estacionar por volta daquela hora que você costuma me abraçar. Cogitei adiantá-lo, não uma ou duas vezes, mas muitas delas. Acelerar o tempo até ter você novamente na minha presença. Mas a verdade é que aprecio todo este sabor da saudade que você deixa preso a minha língua quando diz que tem de ir embora.

Sobre a saudade, não sei bem o que dizer dela. Existem aquelas amargas, que queimam nossas línguas e olhos quando provamos do seu gosto. Mas também existem aquelas que tem sabor de hortelã. Sendo suave, gostosa e causando muita dor de cabeça quando uma água fria é despejada sobre o paladar. Acho que você me proporciona um pouco de cada uma, mas não castigaria você por me deixar a espera de um pequeno minuto na presença de seu olhar, sou muito exigente quando desejo você todos os dias, abraçando-me e sussurrando uma linda canção em meu ouvido, enquanto meus sonhos serão recheados com seus olhos azuis.

Sou um homem grande, eu sei. Mas por vezes me sinto pequeno e indefeso, procuro por um abrigo e um lugar para me proteger. Eu vi uma pequena cadeira encostada nas paredes azuis que circundam o seu olhar, será que poderia me sentar ali? Estou um pouco cansado de caminhar. Lhe contei sobre minhas asas, estas que sempre surgem quando você está lá, com este olhar sobre o meu. Elas vão embora junto com você, então me vejo novamente em terra firme, mas não gosto de andar sobre estes ladrilhos. O céu azul que me desenha nestes olhos é muito mais acolhedor, me deixe dançar sobre ele, me deixe fazer isto com você.

Sobre você eu contaria inúmeras histórias. Mas ando muito mal educado com o amor, depois de tudo que este me aprontou, acho que ele merece um pouco da minha má disciplina. Mas ultimamente ele tem sido muito inconveniente, tem gritado no portão da minha casa, se intrometido em todas as minhas conversas. Até no céu azul que você me proporciona ele decidiu se abrigar. Fica tentando fugir pelas minhas palavras, mas eu sou forte, sei bem lidar com tudo isto. Na verdade eu não sei, mas seus olhos me intimidam e me ajudam a escondê-lo no meu sorriso bobo.

Estou rindo de mim agora, espera um minuto, permita que eu me recomponha...

Olhei para o meu relógio e ele continua lá, estacionado por volta daquela hora que você costuma me abraçar. Mas não vou alterá-lo, deixarei ele ali. A saudade começou com seu gosto doce, enquanto o amor começou a gritar. As asas parecem livres, acho que vou conseguir voar, porém preciso de um céu azul para me acolher, então por favor, abrigue-me agora e se permita ficar...

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