segunda-feira, 20 de março de 2017

Tem a ver com Esperança


Outro copo de cerveja, mais três música e hoje a festa termina assim. No carro dele, de todas as músicas que poderia selecionar sobre ela, a que toca é aquela canção que tocava quando eles ainda eram alguma coisa mais que estranhos.

Mais uma manhã, uma nova dor de cabeça e outros comprimidos com nomes que ele nunca imaginou existir. As semanas eram tão grogues e ficam sempre sob tantos efeitos de aspirinas que sempre voava e o dia terminava antes que ele se desse conta que começou.

Não tem a ver com sentir a falta de um alguém. Tem a ver com não entender o porquê de sozinho ter muito mais sentido. Quando a porta se fecha, alguém do outro lado vai embora e tudo que fica lá dentro é um amontoado de canções, lembranças e gostos que fazem, ou não, sentido.

Quando na rua, andado num desses dias de sol, os dedos não encontram nada além de espaço. E as respirações são ritmadas pelas canções nos fones de ouvido. Ninguém deixa uma mensagem de grande importância, e isso não importa mesmo. Porque é sozinho que tudo tem mais sentido.

Ele nunca achou que responder "onde vai?" fosse tão difícil. Pois antes a resposta vinha antes da pergunta. A satisfação vinha antes da indagação de uma outra pessoa que não muda em nada a direção, nem o ritmo dos teus passos. Ele nunca gostou dessas coisas.

Mas no fim de semana seria como na semana anterior. Um copo e mais três músicas antes da festa terminar. No carro a música é um aconchego sobre pessoas que se tornaram uma só. As canções são sobre ele se pertencer e nada de satisfações.

De manhã vem uma nova dor de cabeça, um par de olhos e boas horas de conversa.

Não tem a ver com sentir a falta de alguém quando você se encontra. Quando o perdido estava o tempo todo trancado dentro da porta do seu peito. Quando a pessoa do outro lado era ele mesmo. Não tem a ver com sentir falta de alguém, quando o Eu que tinha partido.

E então ele se perde em um novo sorriso bobo.
No seu peito vem aquele amontoado de canções, lembranças e gostos.

Mas no fim a outra pessoa também só queria alguns dedos para compartilhar uma caminhada de sol. Sem responder onde vai, porque no fim, eles acabam indo juntos.

Amanhã, talvez ela vá embora, e novas canções terão sentido.
Até lá, o aconchego se torna canção mesmo no silêncio do quarto quando as pernas só se entrelaçam. Quando as páginas ficam em branco e tudo o que ele sente sai da boca e não preenche mais linhas sem sentido.

Não tem a ver com sentir falta de alguém,
Mas com ela aqui, tudo sempre fica bem.

Imagem: ClipartFox

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