quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sob a Luz, Nós e café

Mais um copo de café. A luz baixa deixa meus olhos cansados. Mas eu continuo aqui como um soldado da guarda real. Sem sorrir, sem chorar, apenas em guarda, marcando o meu posto diante de mais memórias sobre você, sobre mim, sobre nós.

Na minha estante estão as mesma chaves de sempre, as roupas dentro do armário continuam lá, tanto as minhas quanto as tuas. Abri-lo é um processo longo e demorado, pois cada traço do seu cheiro impregnou em outras peças, então tudo que tenho é o meu terno e gravata numa nova entrevista de emprego.

Por falar em gravatas, este nó tem ficado estranho. Perco mais tempo nele do que perdia antes. É tão simples o contorno, é só imaginar algo igual que está na minha garganta e então reproduzi-lo num pedaço de tecido fino. Nós, é tudo o que restou. Nós, o da gravata mal feito e aquele na minha garganta tão bem esculpido, somente estes.

Tenho escutado outros tipos de músicas, daquelas que combinam com café, papéis rasgados e outras coisas que não existiam quando você estava aqui. Hoje sou amigo de Clarice, Nando, Marias e outras poesias mais doces que contam nossa história em melodias suaves. Mas isso não é sua culpa, não pense assim, sei que isso é coisa nossa, mesmo sendo claro que isso é tão eu.

Mais um copo de café, a luz baixa deixa meus olhos cansados. E eu continuo aqui, naquele lugar que os pós amores se hospedam e aguardam até o a chuva passar, o sol reaparecer num arco-iris único e singelo entre as nuvens e o ar voltar a ser leve. Onde você me deixou.

Às vezes na madrugada eu conheço duas ou três pessoas, todos os dias. Elas se aproximam, a gente fala sobre quem somos, fingimos que nos apaixonamos um pelo outro, dizemos que a distância é a única culpada desses amores não darem certo. Aí meu café acaba, e logo é sobre nós novamente.

Um dia desses eu contei nossa história. E nunca pensei que em voz alta isso doeria mais do que um choro silencioso na madrugada. Músicas, luz baixa, alguns comprimidos para dormir e mais nada adianta quando o seu nome está tão exposto.

Você não foi uma história que criei, mas bem que poderia ter sido. Porém um espaço enorme que sobra na cama toda a noite, diz que eu estou tentando me enganar. Os olhos fechados, relembrando o ultimo "Eu te amo" que saiu dos meus lábios, quando você me respondeu com silêncio e foi embora. Você bem que poderia ser uma mentira feliz, pois a verdade triste tem doído demais.

Sei que o meu lugar é continuar onde tenho estado. Como sei que o amor tem dessas coisas de ir embora pra sentir saudade. Mas explica isso para um peito que grita toda noite, um carinho que não chega em hora alguma. Explica, olhando nos olhos dele, que ainda é sobre nós e não sobre algo que ficou para trás.

Eu queria ser só a sua história e ficar.
Mas eu continuo aqui,
Atrelado a estes nós na garganta que já não têm sido
Nós em  mais nenhum lugar.

Porem tudo o que resta é essa luz baixa
E um café insistindo em esfriar.

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