quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Como Animais

Diga-me o que você sabe sobre amor, que eu prometo te devorar lentamente para que possamos acreditar em suas palavras. Hoje vamos brincar de gato e rato. E adivinha quem vai ter que fugir e se esconder. Adivinha quem vai se arrastar e tentar se manter viva enquanto é caçada. Mas continue, fale-me sobre paixões, diga algo sobre ser feliz num pôr do sol, que eu prometo escutar cada um de seus sussurros enquanto você ainda conseguir pronuncia-los.



Ela sempre fora desse jeito. Uma pequena presa que insiste em se esconder de seu predador. Como se ele não conhecesse aquele cheiro, não soubesse de onde vem aquela onda de calor quando caminha em sua direção. É como se ela acreditasse que dá para fugir, e ele deixasse ela crer nisso. Afinal o som de seu peito, batendo e pulsando mais forte, em meio a esta fuga, deixa tudo ainda mais gostoso.



E ela insiste, não uma ou duas vezes, muito mais do que eu poderia contar. Insiste em procurar outro peixes nesse mar, mesmo sabendo que só um te satisfará. Mesmo tendo a plena consciência que a droga que quer consumir não está ali, mas usa qualquer outra na esperança de conseguir voar alto com ela. Patética! Você só se entorpecerá por completo nas mãos dele, em meio a nicotina daquela pele e o cheiro daquela cocaína que ele emana a cada suspiro que faz ela criar.

Verdade seja dita: Eles não passam de animais.

Selvagens, burros e sem um pingo de juízo sobre tudo isso. Um enorme gato, caçando um pequeno rato. Sem nenhum tipo de armadilha ou truque. Apenas usando dos seus instintos mais primitivos e do pulsar de seus sentimentos a cada passo que se aproxima do alvo. Ele deseja devorar toda aquela carne, ela insiste que pode respirar e viver se escondendo.

Ele até tentaria deixa-la, se não soubesse que isso era perda de tempo. Estava tão faminto por ela, que nenhum outro alimento o faria esquecer isso. Poderia apenas mentir, dizer para seu estomago que aquela outra presa era mais gostosa que essa. Que a outra sabia rebolar melhor no passo dessa música, fazia aquele que ela não sabia terminar e ainda tinha a pose final que ela nunca criou. Mas grande merda essa de passos perfeitos. Ele queria comê-la viva, devorá-la pele por pele, e não importava que qualquer outra presa parecesse mais gostosa que ela (pois elas não pareceriam).

Ela corre. Mas sabe muito bem que queria estar entre as garras dele. Passa a mão sobre suas cicatrizes e se lembra de como aquele corte doeu, mas fora tão gostoso. Ele podia comê-la sem pensar duas vezes, agora não mais brincaria com a comida. Queria acabar logo com ela. E ela, bem, ela apenas queria ser devorada, mas morria de medo de sentir essa dor novamente.

Hoje eles brincaram de gato e rato. E adivinha quem era a presa, aquela que insistia em fugir. Eram como inimigos, mas se davam bem juntos. Ele a devoraria viva, todos os dias e todas as noites que os procedessem. Ela se rasgaria toda para satisfazer o gosto de seu predador. Mas a fuga deixa tudo tão mais emocionante, é como se o sangue que bomba aquela adrenalina e pulsa forte por causa do medo, ficasse ainda mais saboroso.

Eles não passam de animais.

Selvagens, burros e sem um pingo de juízo sobre tudo isso.

Ele a encurralou, e ela se rendeu ao gosto da derrota.
Ela disse tudo o que sabia sobre o amor, enquanto ele a devorava lentamente. Suspirou e explicou sobre paixões, enquanto ele arrancava suspiros entre suas palavras. Mas suas esperanças se perderam, então tentou mentir, negar que aquilo era seu prazer. Mas não havia como mentir, uma besta vivia ali dentro.

Eles eram como animais, e ele seria seu predador essa noite.

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