sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ninguém é perfeito

- Sou mesmo tudo de ruim.
Ao ouvir suas últimas palavras, ela só pôde desligar o celular. Claro que queria ter dito mais algumas coisas, em seu coração um sentimento explodia, um gosto amargo da raiva, misturado a secura das mágoas enquanto o doce gosto das lembranças tentava amenizar os dois. Mas era inútil lutar por esta causa, havia perdido a guerra já há algum tempo, mesmo que tentasse se esconder atrás de um escudo, privando sua visão e a deixando atrás de esperanças que já nem existiam mais. Ele era a história perfeita que nunca deu certo, ela era o último grito apaixonado que sussurrava para si mesmo que poderia ter acontecido. No fim eles eram a esperança de ser a primeira última história de amor de cada um.


O conheceu em um dia frio, não este tipo de frio que esse que vos escreve se encontra, mas um frio mais calmo, não muito turbulento. O garoto tinha algo nos olhos que a fez confiar, talvez fosse aquele brilho que lançara em sua direção todas as vezes que este navegavam sobre os teus. Ou então talvez tenha sido a beleza que eles abrigavam no seu ser, fazendo-a vê-los mesmo em dias que ele não estava lá. Mas por fim, eram neles que ela confiava, foi neles que despejou toda a confiança de sua vida, doando-se por completo, entregando cada parte de seu sentimento para guardá-los em seu peito.
Ele tinha um jeito doce de falar. Gostava de contar as coisas sobre a sua vida, e fazia isto de uma forma que ela amava ouvir. O sorriso que tinha, era um tipo diferente de sorriso. Era um riso tímido sim, porém surgia fácil em cada conversa com a garota. Ele tinha mesmo esse jeito engraçado de contar sobre seus dias, ela tinha um jeito doce de ouvi-lo. Era fácil saber o que estava preso ao seu peito, já que ele demonstrava, sem muito esforço, tudo o que tinha ali, apenas com seu jeito de falar, seu jeito de sorrir, e, sempre, com seu olhar.

Ela sabia que ele era a sua melhor parte. As noites frias que passará para chegar até ali, se tornaram aquecidas com os sussurros apaixonados por sobre seus ouvidos. Durante a madrugada gostavam de estar assim, um sob os olhos do outro, contando as estrelas que brilhavam ali. Ele tinha aquele jeito de abraçá-la e fazer com que se sentisse protegida de todo o mal que abrigava o lado de fora. A verdade é que as noites ao lado dele, a fazia sonhar com a hora de despertar e vê-lo ali.

Grandes piadas contadas até aqui, foi o que ela pensou quando leu estes trechos que escrevi. Com uma borracha tentou apagar cada parte do que havia sido escrito, mas ele já o tinha feito. Em um dia mais frio que este, ela soube que tudo chegara ao final. Os olhos dele se tornaram foscos, o brilho afugentou cada pedaço daquele par. Seu jeito doce de falar se tornou laminas cortantes que eram lançadas contra aquela garota, enquanto aquilo que era sua melhor parte, se tornou sua metade ruim.

As vezes erramos em nossas vidas, uma palavra, uma atitude, um momento. Cabe-nos rever e consertar cada uma destas coisas, porém quem conseguiria ver seus próprios erros, se o orgulho é uma venda que cega os olhos e prende nossa respiração? 

Ela, ao desligar o telefone, sabia que estas memórias dançariam a sua volta, não uma, nem duas vezes, mas muitas delas. Caminhar por uma estrada fria, de mãos vazias enquanto você está acostumado a usar um par de outras mãos para te aquecer, é mais difícil do que parece. Ela tem um tipo de brilho no olhar que antes nunca tivera por ninguém, sabe falar manso e ser a melhor parte de alguém. Isto foi o que guardou de toda esta história. Ele não é sua história ruim, nem mesmo sua maior mágoa. É apenas mais alguém que parecia ser a escolha certa, mas ninguém pode acertar todos os dias, ninguém pode te curar das feridas que você se permitiu fazer, ninguém é bom o bastante, afinal ninguém é perfeito.

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