segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ser, Rosas, de Manhã


É a terceira carta que rasgo, e ainda não consigo contar sobre você. Complicado, eu sei, mas toda vez é a mesma coisa. As ideias surgem, as palavras correm e no fim nada é tão bom que possa te definir. Não que você precise de uma definição, mas eu queria poder te por numa linha para ao menos entender o que é ser você, melhor do que isso, o que este “ser” faz comigo.

Sobre todas as outras pessoas, elas tiveram sua chance. Sorrisos dediquei a cada uma delas, tiveram a minha mão para caminhar onde quer que fosse e no horário que precisavam. Beijos, conheceram todos os tipos de beijos que eu poderia oferecer, e ainda puderam ver aqueles que nem eu mesmo sabia que poderia ser meu. Mas nenhuma delas viu esse brilho em meus olhos, este que surgiu por você.

É meio chato falar sobre outras pessoas incríveis e te comparar com elas. Mas não é esta a questão aqui, não há comparações, só quero que você saiba que eu vivi muito, antes de chegar até você. Caminhei tanto, deixei pétalas pelo caminho e recolhi algumas enquanto seguia em frente. Mas nenhuma delas me fizeram ser rosas todos os dias, e isso te torna singular.

É o quarto parágrafo que escrevo, e ainda não consigo contar sobre você. Quando escrevo as palavras costumam fluir, mas elas estão se recusando a te descrever. Querem permanecer aqui dentro sem que ninguém precise saber sobre quem é, o que é e o porquê é. Acho que estou sendo egoísta, não com você, nem com a carta, mas com o resto das pessoas ao te privar de ser descoberta.

Sobre o seu beijo, eu diria que ele faz tremer. Já voamos sem ter asas por muitas vezes, e em todas elas eu não consegui encontrar o chão na hora do pouso. Uma característica minha é ser meio tonto com essa coisa de equilíbrio, e uma característica sua é essa sensatez que surge quando segura a minha mão pra me colocar na direção certa. Gosto quando olha em meus olhos, e naquela calmaria, sussurra “fica aqui”.

Cara, você é a visão mais linda em minha manhã, com este seu cabelo tão negro e tão seu, minha bermuda e sem nada por baixo. Chego a sentir tanta raiva nessa hora, que não sei se devo continuar te olhando ou ir lá e desmanchar toda esta “não arrumação” que você se encontra. 

Gosto de flores e você faz elas parecerem insignificantes quando se aproxima. E estou falando das vezes que você vai até a janela de manhã, ainda sem nenhuma roupa, e deixa as rosas de minha sacada tímidas ao seu lado.

Já é a quinta-feira no meu relógio. E ainda tenho que aguardar mais de um dia para te ver. Se eu pudesse, dormiria todos os dias ao teu lado só para ter o prazer de ver-te acordar e refletir o sol da minha janela em seu sorriso. Mas eu não posso, isso implicaria em ser mais do que seu mero admirador e me colocaria no lugar de amante mais que responsável por você.

E convenhamos que ainda não posso ser seu amante, porque não sei lidar com o “tudo isso” que é ser você. Passos leves, mãos pesadas e olhar sem igual, essas coisas fazem parte do seu “ser”, aquele que eu comecei perguntando sobre o que ele faz em mim. A resposta ainda é um mistério, porque ser você é essa coisa toda de flores e sorrisos que não sei dizer.

Mas queria que soubesse, que talvez não acorde com você no próximo dia. Porém tenha certeza que terá uma rosa na minha mão no dia depois dele. Essa que entregarei a você quando se aproximar de mim. Porque eu gosto de como elas se sentem tímidas ao seu lado e como insignifico-me tentando entender este seu ser.

Cara você é a visão mais linda em minha manhã, mesmo não estando aqui.

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