terça-feira, 26 de março de 2013

Indios

- Ouviu isso? 
- É mais um animal.
- Sim, mas é aquele de pele branca, sem pelo, aquele que anda sobre duas patas.
- É o pior de todos eles.
- Mas por que estão invadindo nossas casas?
- Ouvi dizer que vagam por todos os territórios. Eles queimam e machucam com suas armas mágicas que atiram o fogo. Nos obrigam a usar roupas, dizem que temos de nos ajoelhar e aclamar um tal de "Deus todo poderoso". Mas deste eu nunca ouvi falar, sou filho da natureza, da Mãe Terra. Não uso pano branco que cobre o corpo, sobre ele uso tinta. Ei espere..
- Não quero adorar o mesmo Deus destes que destroem minha casa.
- Mas é o animal de pele branca, ou damos o que ele quer ou ele nos tira o que temos.

Assim começa a incrível história do Brasil. O tão aclamado "descobrimento" que orgulhosamente é escrito em cada linha de nossa história. Descobrimento esse que conta a história de um herói chamado de Pedro Alvares de Cabral, mas não nos esqueçamos do grande escritor Pero Vaz de Caminha que nos contou algumas histórias em suas cartas. Por outro lado, estavam eles: as índias sem pudor que mostravam seu sexo sem vergonha alguma e os índios que andavam e comiam como animais nessas terras "desabitadas".

Após muitos anos de história, das quais os homens brancos sempre foram heróis, ainda me pergunto: "Quem são os verdadeiro selvagens?" Sim esta é a maior questão que levanto aqui. Quem de fato mata, desabriga, não tem um pingo de compaixão, não são os índios. Afinal o que eles matam e consomem, são o que a Mãe Terra os oferecem, o que com suas próprias mãos se tornam alimentos, roupas, vida. Não sei tudo sobre culturas indígenas, mas como homem branco eu sei que tenho vergonha da minha própria raça.

Há algum tempo atrás uma questão muito importante foi levantada a respeito da usina hidrelétrica de Belo Monte. Um sistema que trará grandes benefícios ao país, gerará muito mais energia e bla bla bla. Já que somos capitalistas e queremos nosso país como um lugar de primeiro mundo, qual o mal de algumas famílias indígenas ficarem desabrigadas? Afinal, mato não é lugar de pessoas morarem. Se você não está na civilização, você é apenas um animal selvagem e animais não merecem respeito dos humanos, somos os racionais aqui, haha se ferraram.

Antes que comecem com aquela hipocrisia "é fácil você falar aí sentado no computador" "mas o país precisa disso pra crescer". Cara eu não preciso ser um revolucionário para ter compaixão pelo próximo, não preciso salvar tartarugas para mostrar o quanto admiro esta linda criatura. Eu não preciso morar numa aldeia indígena para respeitar suas culturas, assim como não preciso enfiar minha mão no ácido para saber que ele a derreterá. Eu só preciso de um coração, simples assim. Esvaziem um pouco seus bolsos e abram o coração para entender o que estou tratando aqui hoje.

Parabéns Dilma Roussef. Pelo incrível investimento em estádios de futebol para que a copa no Brasil seja memorável. Parabéns pelas incríveis infra-estruturas que estão sendo criadas, você me enche cada vez mais de orgulho, neste momento sinto uma lágrima de satisfação escorrer dos meus olhos. Lágrimas que nunca derramaria pelos Índios do Maracanã, assim se nomearam, que perderam seu museu histórico, que foram agredidos por seus policiais em suas atitudes democráticas e respeitosas para com o ser humanos. Obrigado mais uma vez, por fazer com que eu me sinta orgulhoso de ser o "Homem Branco".

Estou longe de querer sanar os problemas do Brasil, passaria horas falando de educação aqui. Só queria deixar claro aos Homens Brancos da minha nação que só seremos o País de primeiro mundo no dia em que deixarmos a selvageria de lado, no dia em que tratarmos o nosso igual com respeito, amor e carinho que ele merece. Roubamos dos índios, maltratamos os mesmos, exploramos suas terras, abusamos de suas mulheres, queimamos os seus Deuses e, o pior de todos os pecados, derramamos suas lágrimas.

- Ouviu isso?
- Vieram nos roubar mais uma vez?
- Disseram que é para o bem de uma nação.
- Eu ouço isso há mais de quinhentos anos, no fim eu só perco.



Quando a última árvore tiver caído,Quando o último rio tiver secado,
Quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que o dinheiro não se come.
Greenpeace

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