Lobisomen - Prólogo parte 2/2
...Ele a abraçou bem forte olhou em seus olhos e então viu o que tinha
que ser feito. - vamos levá-lo logo pra casa minha bonequinha. - enxugou suas
lagrimas e saiu do hospital. [Leia Antes]
Avistou aquele rapaz ainda ali sentado, como se
aguardasse pelo seu retorno. Sillas se aproximou com os pensamentos todos embaralhados,
não conseguia dizer nada. Então o cavalheiro começou dizendo:
– Caro Sillas, eu vejo o sofrimento em seus olhos, deixe-me te ajudar e
todo esse sofrimento sumira. – Passou a olhar para a lua e então continuou –
Ela se sente muito sozinha. Assim, como você, ela já perdeu seu filho, eu posso
ajudar vocês dois, basta que você confie em mim.
Sorrindo passou a olhar
Sillas nos olhos. Ele tremia e parecia não acreditar no que estava acontecendo,
um vento cortante passou entre os dois, o cavalheiro voltando-se para a Lua
continuou
– É uma lenda antiga que conta sobre o filho perdido da Lua.
"Até o mais puro dos homens sob a Lua
cheia sente sua vida queimar;
Ao brilho de sua luz prateada sente a besta se
aproximar;
Rasgando sua pele. Sente o gosto de sangue e seu
cheiro se espalha no ar;
Seu coração puro se parte e outro frio tomara
seu lugar;
Enquanto sua fome não saciar, ate o seu amor
mais profundo a besta destruirá;
Mas quando o sol se levantar, sua pele queimará;
Dando um último uivo, a besta deixa o homem,
sua vida, retomar”
Ao ouvir essas palavras um frio tomou conta do corpo de Sillas e então
percebeu que estaria amaldiçoando seu filho por toda vida, filho que nem havia
nascido ainda.
– Não! Não posso deixá-lo viver sob esta maldição.
Sillas lutava para
dizer estas palavras.
O Cavalheiro muito gentil olhou em seus olhos e disse em um tom suave de
voz:
– Eu posso fazer com que os dois vivam em paz, só daqui a vinte e um
anos a Lua proclamara seu primogênito. Seu filho vivera bem, um belo garoto se
tornara.
Sillas o olhava e o vento parecia ficar mais
forte, sentiu um frio, concordou com a cabeça e entrou de volta ao hospital. Porque não?
Se ele poderia deixar a todos feliz. Era tudo o que ele queria, Era a chance de
dar uma vida nova a sua mulher, de dar alegria aquela linda garotinha de
cabelos louros. Mas seria justo deixar seu filho que acabara de nascer viver
sob está maldição?
Ao chegar à sala de espera, uma senhora com um olhar sofrido e se
esquivando de dizer algo, olhava Sillas nos olhos, ela tremia, ele apavorado
então perguntou:
– Dona Alice, os médicos já deram alguma notícia sobre Marlene? – Seus olhos
aflitos não conseguiam esconder o desespero que continham àquelas palavras.
Alice uma senhora de meia idade, cabelos escuros, um tanto quanto
elegante, escondia seus olhos castanhos por de trás de um lenço já bem úmido
mostrando que ela não tinha parado de chorar a algum tempo.
– Eles disseram que o Chris está na emergência, enquanto a Marlene... – Pôs-se a
chorar agora com mais intensidade. Nenhuma palavra mais conseguia pronunciar.
Sillas começou a se desesperar, Victoria estava sentada em um banco olhando
aquela cena de sua vó chorando, virou-se para seu pai e perguntou sem entender:
– Papai, onde está minha mamãe e meu irmãozinho?
O coração
de Sillas se partia, não sabia o que dizer para aquela criança, aquele
Cavalheiro teria lhe enganado? Teria fingido querer ajudá-lo só para vê-lo se
humilhar? Uma angústia começou a tomar conta de seu peito e então se virou para
não deixar aquela linda criança ver suas lágrimas. Ao se virar viu uma
enfermeira com longos cabelos negros, negros como a escuridão que o afligia a
pele branca como o brilho daquela Dama Noturna que iluminava tudo do lado de
fora, seus olhos eram frios passando de um azul escuro e intenso para um tom
quase que preto por completo. Olhou para ele com um sorriso de satisfação e
entrou na maternidade ao mesmo tempo em que uma voz grave dentro de sua cabeça
dizia "Ela veio buscar o seu filho perdido, ele já estava predestinado a
essa vida, eu cuidarei da vida de sua mulher. Logo todos vocês estarão
juntos" Sillas começou a enxugar as lágrimas virando-se para Victoria e
dizendo:
– Eles estão chegando minha bonequinha, mamãe e seu irmãozinho. – Ao dizer a
última palavra passou por sua cabeça tudo que aconteceria com aquela pobre
criança que nem havia nascido e já estava indiciado ao pior.
Um médico entrou empurrando a porta com tanta pressa que parecia estar
fugindo de um animal selvagem.
– Ela está viva, está viva.
Um médico recém-formado, não conseguiria
suportar perder uma paciente em sua primeira experiência, a felicidade era
evidente em seus olhos e então Sillas levantando-se do chão o deu um abraço tão
forte que se ouviram os grunhidos daquele jovem Doutor. Alice pegou Victoria no
colo e agora dançava com ela como se estivessem em uma valsa. No meio de sua
alegria Sillas por um momento se esqueceu de que outra vida ainda estava em
jogo, e olhando para ele, o médico parecendo ter ouvido seus pensamentos,
disse:
– Ah, aquele garoto, nos pregou uma peça, nunca vi um garoto tão forte e
saudável.
Ao concluir essas palavras viu que Victoria sorria e controlava “Eu tenho
um maninho...”.
Sillas olhou para a filha e então por um segundo acreditou ter feito à
escolha certa, poderia viver em paz com sua família, onde estaria decidido a
não cometer mais os mesmo erros com sua mulher. E agora em diante estava
disposto a fazer de seu filho o melhor homem que pudera ser.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial