quarta-feira, 11 de abril de 2012

Lobisomen - Prólogo parte 2/2

...Ele a abraçou bem forte olhou em seus olhos e então viu o que tinha que ser feito. - vamos levá-lo logo pra casa minha bonequinha. - enxugou suas lagrimas e saiu do hospital. [Leia Antes]


Avistou aquele rapaz ainda ali sentado, como se aguardasse pelo seu retorno. Sillas se aproximou com os pensamentos todos embaralhados, não conseguia dizer nada. Então o cavalheiro começou dizendo:

– Caro Sillas, eu vejo o sofrimento em seus olhos, deixe-me te ajudar e todo esse sofrimento sumira. – Passou a olhar para a lua e então continuou – Ela se sente muito sozinha. Assim, como você, ela já perdeu seu filho, eu posso ajudar vocês dois, basta que você confie em mim.

Sorrindo passou a olhar Sillas nos olhos. Ele tremia e parecia não acreditar no que estava acontecendo, um vento cortante passou entre os dois, o cavalheiro voltando-se para a Lua continuou

– É uma lenda antiga que conta sobre o filho perdido da Lua.


"Até o mais puro dos homens sob a Lua cheia sente sua vida queimar;
Ao brilho de sua luz prateada sente a besta se aproximar;
Rasgando sua pele. Sente o gosto de sangue e seu cheiro se espalha no ar;
Seu coração puro se parte e outro frio tomara seu lugar;
Enquanto sua fome não saciar, ate o seu amor mais profundo a besta destruirá;
Mas quando o sol se levantar, sua pele queimará;
Dando um último uivo, a besta deixa o homem, sua vida, retomar”


Ao ouvir essas palavras um frio tomou conta do corpo de Sillas e então percebeu que estaria amaldiçoando seu filho por toda vida, filho que nem havia nascido ainda.

– Não! Não posso deixá-lo viver sob esta maldição.

Sillas lutava para dizer estas palavras.
O Cavalheiro muito gentil olhou em seus olhos e disse em um tom suave de voz:

– Eu posso fazer com que os dois vivam em paz, só daqui a vinte e um anos a Lua proclamara seu primogênito. Seu filho vivera bem, um belo garoto se tornara.

Sillas o olhava e o vento parecia ficar mais forte, sentiu um frio, concordou com a cabeça e entrou de volta ao hospital. Porque não? Se ele poderia deixar a todos feliz. Era tudo o que ele queria, Era a chance de dar uma vida nova a sua mulher, de dar alegria aquela linda garotinha de cabelos louros. Mas seria justo deixar seu filho que acabara de nascer viver sob está maldição?
Ao chegar à sala de espera, uma senhora com um olhar sofrido e se esquivando de dizer algo, olhava Sillas nos olhos, ela tremia, ele apavorado então perguntou:

– Dona Alice, os médicos já deram alguma notícia sobre Marlene? – Seus olhos aflitos não conseguiam esconder o desespero que continham àquelas palavras.

Alice uma senhora de meia idade, cabelos escuros, um tanto quanto elegante, escondia seus olhos castanhos por de trás de um lenço já bem úmido mostrando que ela não tinha parado de chorar a algum tempo.

– Eles disseram que o Chris está na emergência, enquanto a Marlene... – Pôs-se a chorar agora com mais intensidade. Nenhuma palavra mais conseguia pronunciar. Sillas começou a se desesperar, Victoria estava sentada em um banco olhando aquela cena de sua vó chorando, virou-se para seu pai e perguntou sem entender:

– Papai, onde está minha mamãe e meu irmãozinho?

O coração de Sillas se partia, não sabia o que dizer para aquela criança, aquele Cavalheiro teria lhe enganado? Teria fingido querer ajudá-lo só para vê-lo se humilhar? Uma angústia começou a tomar conta de seu peito e então se virou para não deixar aquela linda criança ver suas lágrimas. Ao se virar viu uma enfermeira com longos cabelos negros, negros como a escuridão que o afligia a pele branca como o brilho daquela Dama Noturna que iluminava tudo do lado de fora, seus olhos eram frios passando de um azul escuro e intenso para um tom quase que preto por completo. Olhou para ele com um sorriso de satisfação e entrou na maternidade ao mesmo tempo em que uma voz grave dentro de sua cabeça dizia "Ela veio buscar o seu filho perdido, ele já estava predestinado a essa vida, eu cuidarei da vida de sua mulher. Logo todos vocês estarão juntos" Sillas começou a enxugar as lágrimas virando-se para Victoria e dizendo:

– Eles estão chegando minha bonequinha, mamãe e seu irmãozinho. – Ao dizer a última palavra passou por sua cabeça tudo que aconteceria com aquela pobre criança que nem havia nascido e já estava indiciado ao pior.

Um médico entrou empurrando a porta com tanta pressa que parecia estar fugindo de um animal selvagem.
 Ela está viva, está viva.

Um médico recém-formado, não conseguiria suportar perder uma paciente em sua primeira experiência, a felicidade era evidente em seus olhos e então Sillas levantando-se do chão o deu um abraço tão forte que se ouviram os grunhidos daquele jovem Doutor. Alice pegou Victoria no colo e agora dançava com ela como se estivessem em uma valsa. No meio de sua alegria Sillas por um momento se esqueceu de que outra vida ainda estava em jogo, e olhando para ele, o médico parecendo ter ouvido seus pensamentos, disse:

 Ah, aquele garoto, nos pregou uma peça, nunca vi um garoto tão forte e saudável. 
Ao concluir essas palavras viu que Victoria sorria e controlava “Eu tenho um maninho...”.

Sillas olhou para a filha e então por um segundo acreditou ter feito à escolha certa, poderia viver em paz com sua família, onde estaria decidido a não cometer mais os mesmo erros com sua mulher. E agora em diante estava disposto a fazer de seu filho o melhor homem que pudera ser.

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