quarta-feira, 18 de abril de 2012

Lobisomen - Capitulo 1: Décimo Terceiro 1/6

...Sillas olhou para a filha e então por um segundo acreditou ter feito à escolha certa, poderia viver em paz com sua família, onde estaria decidido a não cometer mais os mesmo erros com sua mulher. E agora em diante estava disposto a fazer de seu filho o melhor homem que pudera ser. [Leia Antes]


Um garoto magro, aparentando ter uns treze anos, de pele branca como as nuvens, os olhos de um azul petróleo que deixaria qualquer ser perdido em meio aquele olhar, cabelos castanho escuro onde os fios se levantavam para todos os lados sem sentido algum, sentiu um frio, parecia que suas cobertas haviam desaparecido, abriu os olhos e reparou em tudo a sua volta. Uma escuridão sem fim em uma estrada de terra rodeada por arvores que a qualquer momento parecia querer envolve-lo entre suas folhas. Por entre as arvores quase luz nenhuma passa, seria difícil distinguir a noite do dia naquele local, se não fosse pelo brilho do luar que lutavam para entrar por entre as finas brechas das arvores. Sob seus pés uma terra molhada, cheiro de chuva se mistura com o de sangue. Um gosto amargo em sua boca e uma voz feminina suave, como a de sua mãe ecoava dentro de sua cabeça “Venha Chris...” sem entender continuava procurando e a voz cada vez mais forte em sua cabeça “venha meu filho... venha comigo.” Era um chamado maternal sem duvida, mas aquela não seria a voz de sua mãe. E então um silêncio tomou conta de todo o lugar. Chris permaneceu ali parado e só se ouvia o barulho dos animais caminhando por entre a floresta, um rosnado foi o que surpreendeu aquele menino, agora já assustado, percebeu que dois olhos amarelos o seguiam, ao ser tocado pelo brilho do luar os olhos mudavam para um vermelho intenso. E então se ouviu um uivo, tão alto que parecia que uma matilha inteira de lobos estava ali por perto, ao se virar só conseguiu ver aqueles enormes dentes vindos em sua direção...

Sentiu como se tivesse batido a cabeça e percebeu que ainda tremia de frio, olhou pela janela e a Lua ainda estava lá, uma parte dela pelo menos. Crescente, misteriosa escondendo o seu lado sombrio e revelando apenas uma parcela de toda sua beleza, uma senhora coberta por um lindo casaco onde espera que um cavalheiro a descobrisse. Chris se levantou do chão e olhou para o relógio onde anunciava serem Duas da manhã, ainda assustado com aquele pesadelo, fechou a janela e procurou por sua coberta, deitou-se e ficou tentando entender o que havia naquele sonho. A voz que lhe soava na cabeça era familiar, mas ele nunca a teria ouvido antes.

O relógio despertou às seis da manhã, como se fosse preciso, já que não conseguiu pregar os olhos nenhum instante após o pesadelo com aquela floresta. O estranho era a forma como aquelas coisas lhe pareciam familiar, a voz daquela mulher o gosto de sangue em sua boca, o cheiro de terra molhada e aquela floresta, ele não teve medo daquela floresta, se sentiu em casa, só não entendia como poderia se sentir tão bem em um ambiente como aquele. Levantou-se da cama ainda sem entender o que havia acontecido e foi se trocar, quando percebeu uma marca em seu ombro, como a de uma mordida, não qualquer mordida, a mordida de um lobo, ao tocá-la percebeu que ainda doía como se fosse recente. E então a imagem do Lobo cravando os dentes em seu ombro veio em sua cabeça, e então sua cicatriz por um instante começou a queimar e uma voz em sua cabeça começou a gritar “... eu irei te buscar.” Lagrimas escorriam dos olhos de Chris, ele precisava gritar, mas não conseguia, foi quando tudo em sua frente ficou preto, e seu corpo estava completamente amolecido, caiu no chão e por ali ficou apenas no vazio com os olhos amarelo do Lobo a te olhar.

– Chris, Chris. Por favor, filho acorde. Chris! – Marlene ao entrar no quarto se deparou com seu filho esticado no chão, ficou assustada e com os olhos lacrimejando balançava o filho em suas mãos – Vamos Chris, levanta meu filho.

Ele abria seus olhos ainda um pouco zonzo, como se estivesse se recuperando de uma surra, sua mãe o olhava com ternura, tentando entender o que havia acontecido. Aos poucos ele foi se recuperando e ao se virar reparou que não havia mais nada em seu ombro, começou a esfregar a sua mão e nada de dor. Marlene estava meio preocupada, o sentou na cama e percebeu que ele estava muito assustado.

– Esta tudo bem? – Marlene estava, realmente, assustada. Desde o dia de seu nascimento, Marlene teve medo de algo acontecer com ele, já que os médicos diziam a ela que talvez não conseguissem salvar seu filho. Eram tão unidos que pareciam sentir o que o outro sentia. Olhando nos olhos de Chris, ainda tremula – Filho fique em casa hoje. Eu não irei para o consultório.

– Não mãe! Está tudo bem, só tive um pesadelo. Acho que foi o susto. – Sorriu para ela. – Caso eu for desmaiar de novo te ligo avisando. – Sempre foi muito brincalhão, mas conseguiu tranquilizar sua mãe. Mas ainda continuava assustado com aquilo. Onde foi parar aquela cicatriz? E da onde ela surgiu? Esse pesadelo foi real demais.

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