segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Camisa Xadrez

Ontem vi aquela velha camisa xadrez. Ela estava bem aqui, no meu armário, há alguns meses atrás. Antes de você dizer Adeus, e eu notar que você adorava me ver vestido nela. O espaço que ela ocupava, agora abriga um camiseta de gola polo que eu gosto de usar, e você nem sabe qual é.



Minha barba cresceu, você notou?
Aliás, você tem me notado por aí durante todos esses dias?
Eu continuo indo naqueles mesmos lugares, os bares ainda são os mesmos. Ainda gosto daquela bebida de nome estranho e de cor escura que você nunca quis experimentar. Meus olhos ainda te procuram, e esperam encontrar aquela mesma cerveja presa em seus dedos.

Você cortou o cabelo. Eu vi, em uma de suas fotos numa rede social. Reparei que o sorriso continua o mesmo, e aqueles olhos castanhos continuam pequenos e com um brilho intenso. Sua pele ainda é muito branca, mas o cabelo mudou. Eu notaria seu cabelo, porque ele sempre foi algo que eu muito admirei em você.

Sua voz ainda é a mesma? 
Eu não sei, na verdade não me lembro dela. É triste pensar nisso, que a voz que me acordou durante um grande número de dias, tenha sumido da minha memória. Nunca mais pude ouvir aquele som doce que ela produzia, nem sentir a calmaria que as suas palavras me proporcionavam, sinto falta dela.

Lembra quando combinamos que Nando Reis seria a “nossa música”?
Nunca escolhemos uma, mas sabíamos que ele poderia descrever nossa história em algum momento. Eu diria agora que “[...]diga que você me quer, porque eu te quero também”, e você riria disso, mas concordaria com a escolha.

Porque esse sempre foi o seu jeito, o de fazer tudo por mim. Um dia, você quis ser mais que o sol e a lua, porém isso era exigir demais de alguém. E eu não pude lidar com esse tanto de você, fugi. Outro dia, eu quis ser o sol e lua, e agora sou eu quem escreve uma carta de saudade.

Ontem vi aquela velha camisa xadrez. Em uma foto, esquecida, presa na tela do meu celular. Ela me vestia, perfeitamente, bem. E eu gostava tanto de saber que você a adorava. A minha barba, continua maior do que estava na foto. Seu cabelo não é mais o mesmo também. Sua voz ainda não posso ouvir, mas ainda consigo sentir Nando Reis falando sobre nós dois.

Hoje vou colocar aquela camiseta polo que você não conhece, mas eu gosto de usar. Mudei os lugares, estou indo num bar novo, onde você nunca antes foi. Meus olhos, azuis, não têm mais profundidade e nem brilho algum. Minha bebida, hoje, será aquela cerveja que você adorava. Mas ninguém saberá o porquê da minha escolha, é apenas no meu íntimo que eu deixo claro minhas intenções com aquela bebida.

E assim vou tendo um pouco de você. Um dia de cada vez, até que eu não precise mais me importar em não pensar em nós. E apenas pense em mim, ou no que você deixou aqui.

Eu amo lembrar de quando você elogiava aquela camisa xadrez.

Mesmo ela nem existindo mais em mim.

Imagem: Favim.com

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