domingo, 21 de abril de 2013

Fragmentos do Diário de um Xeque-mate

Para acompanhar leia antes: Fragmentos do Diário de uma Beleza

Dia chuvoso, frio com gotas de água que congelam a alma. Mas o gosto doce da água da chuva está um pouco salgado devido as lágrimas que escorrem daqueles olhos. Ele poderia ter dito algo a mais, feito algo a mais, porém seria falho. Um desgaste para os dois, ele a amava, ela o amava, e está não é a dúvida levantada aqui. Os dias que antes eram grandes novidades, agora se tornaram monótonos. Mas hoje, em meio a este frio com gosto doce e salgado na boca, ele deixava seus sentimentos gritarem.

O cérebro é aquele cara que nunca assume. Aquele que diz não quando na verdade é sim, diz que o melhor a se fazer é sempre desistir, nenhum sofrimento vale a pena, por menor que ele seja. É também aquele que da pancada na sua cabeça deixando claro o que é realmente importante nisso tudo, mostra as visões racionais e concretas do que deve ou não ser feito. Diria que num jogo de xadrez o cérebro é o Rei, a peça chave, que anda de uma em uma casa se precavendo de tudo que acontece ao seu redor.

O coração já é o oposto aquele cara citado acima. É aquele que grita no meio de uma festa da empresa onde todos estão civilizados e calmos, mantendo o nível social. O coração é aquele que diz sim sempre, você leu corretamente, mas vamos intensificar,  é aquele que diz SIM SEMPRE. Para ele vale a pena tentar, mesmo que machuque agora, que a areia movediça te sugue para abaixo da terra, afinal ele espera sempre por um sim. Tem mania de ver além do que está à sua frente, vislumbra momentos do passado e planos no futuro, presente é coisa daquela peça de xadrez que anda poucas casas, ele seria a Rainha neste jogo, aquela peça que vai ao ataque correndo para todos os lados, chegando longe sem pensar no que pode lhe ferir pelo caminho.

Agora façam suas apostas, numa briga real entre Rei e Rainha. O grande Rei, cauteloso, diz para aquele garoto ir com calma, um passo de cada vez, afinal precisa ser racional para resolver estes conflitos no relacionamento. Mas a Rainha do jogo não quer saber o que ele pensa, ela quer agir, quer atacar. Os conflitos se resolvem com carícias em momentos que as peças do jogo dele se uniriam ao jogo dela, não existe tempo, nem espera, é hora de resolver isto, não se deve esperar nenhum segundo.

O problema é que neste conflito existe outro tabuleiro que também espera por uma resposta. Afinal se as peças negras estavam no poder dele, as brancas estariam no poder dela. E não adiantaria bolar um brilhante plano de ataque, sendo ele um a um ou avançando todas as casas, se ela continuasse a se proteger atrás de tantos peões e torres. E vice-versa, porque no fim alguém fez algo de errado, mas a briga tornou os dois culpados destes aborrecimentos em seus olhos. 

Ele ainda corria na chuva, a direção no começo era um mistério, mas agora suas pernas o levavam a casa dela. Estranho pensar que enquanto a realeza discutia qual seria a melhor estratégia de ataque, suas tropas já se posicionavam diante de um objetivo, acabar de vez com aquela guerra. Era isto o tempo todo, encontramos um ponto em comum, Rei e Rainha podem concordar com isto, eles lutam de forma diferente, mas por fim a Rainha grita por ataque enquanto o Rei só que proteger seu reino. É um jogo acirrado.

Bate a porta da garota, ela espantada com a atitude do mesmo, a roupa toda molhada, os olhos inchados. Ele tenta dizer algo, o Rei pede para informar que é o fim, a Rainha clama para que diga que é apenas o começo. A garota espera ansiosa para entender o que estava acontecendo ali. Ele ainda direciona seus olhos para o chão, sabia que se olhasse para ele a Rainha venceria a guerra. O Rei então ordenou que o reino se mantivesse cego diante aquela arma do inimigo.

Porém é nestas horas que tudo entra em conflito, ele sente o cheiro da garota ao se aproximar, enquanto é molhada pela água da chuva. Segura sua mão, enquanto seus olhos se direcionam aos dela, Linda, era tudo o que podia pensar. Rei e Rainha agora se abraçam e num sussurro profundo concordam em uma última questão. Uma em uma casa, pulando todas de uma vez, nada importa se no fim não pudermos ouvir o tal do Xeque-mate. As peças brancas e negras foram retiradas do jogo.

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