segunda-feira, 1 de junho de 2015

Sentir ia sua falta


Eu sentiria sua falta quando me deitasse e viessem todas as lembranças de nós dois. Quando meu travesseiro se sufocasse com o peso das minhas memórias, boas, sobre tudo o que aconteceu, ou quando escorresse alguma saudade dos meus olhos.

Sentiria a sua falta quando começasse a tocar aquela música, a nossa. Aquela que contava sobre dois jovens inocentes que se conheceram e acreditaram um no outro. Que fugiram de casa durante um dia, ou talvez dois, para dormirem juntos escondidos do mundo.

Eu sentiria muito a sua falta quando te visse em qualquer lugar e a gente fingisse não se conhecer. Nos olharíamos muito, mas somente quando o outro não estivesse olhando. Porque esse seria nosso jeito de dizer "sinto a sua falta, saiba disso".

Mas não posso, não é mesmo?
Não posso sentir a sua falta porque isso me remete a lembrar de algumas coisas boas e muitas ruins. 

Eu não posso sentir a sua falta porque lembro dos teus olhos, castanhos e negros como o mais escuro céu de outono. Lembro do vazio que você deixou no meu peito. Aquela vez que mentiu sobre não mais me amar, ou quando estava com outro diante de mim.

Eu não posso sentir sua falta porque isso implicaria em não amar a mim mesmo. Em dizer pra todos que sou um fraco que não sabe lidar com pessoas que me machucam, aí aceita, magoa-se, e tudo isso só porque acredita nessa coisa de amor. Eu seria um babaca.

Mas é assim mesmo que as coisas acontecem. As histórias mais bonitas que um dia escreveram as linhas de um papel, são as que mais sangram quando ele se rasga. Bela bosta estas regras.

Eu queria muito sentir a sua falta. Estou falando sério, como um homem, não mais como aquele moleque bobo que acreditava no amor cegamente. Queria sentir a sua falta como um adulto, porque a minha criança cega você fez crescer.

Mas não posso, não é mesmo?
Não porque eu não queira, nem porque você me magoou um dia. Eu apenas não sinto, nem que eu me esforçasse.

Essa noite eu vou me deitar e todas as lembranças sobre nós dois virão em minha mente. Talvez meu travesseiro se sufoque com as memórias boas de todas as coisas que aconteceram. E talvez escorra alguma saudade.

Besteira! Bem que eu queria que fosse saudade. Porém, sempre serão pela dor de ter visto aquela criança crescer. Droga!

Eu queria tanto sentir sua falta. Olhar-te de longe e dizer que te queria mais perto. Ligar algumas vezes naquele seu número (ele ainda existe?) e não dizer nada por falta de coragem. Eu queria, é sério.

Mas as histórias mais bonitas, elas sempre sangram. E meu papel está tão manchado que não vejo mais as suas linhas, apenas promessas. Essas que nunca foram cumpridas.

Então, talvez eu tenha sentido a sua falta hoje. Mas eu mentiria trinta e oito vezes para você nunca saber sobre isso. Porém as mentiras sempre foram coisas tuas e não minhas. Desculpe, mas não sei fazer isso.


Hoje senti sua falta, como sempre irei sentir. Sou mesmo uma criança idiota.

Revisão e Correção: Kelly Helena

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2 Comentários:

Às 1 de junho de 2015 às 15:42 , Blogger Danidani disse...

Que texto bonito, gostei bastante *-*

Beijos:*
Dani - http://www.escritasnachuva.com/

 
Às 5 de junho de 2015 às 18:31 , Anonymous Anônimo disse...

A saudade , principalmente quando e de uma pessoa que nós machucou porém que a gente ainda gosta vem com um gosto amargo , muitos não conseguem parar de sentir o amargo da dor.
Amei o texto *-*
bjnhs

karoline-o-meu-melhor.blogspot.com.br

 

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