segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Grande Merda

"Grande merda."
Foi a única frase que saiu da boca dela quando olhou ele, novamente, em pé em sua porta falando sobre amor. Também, esperar mais o quê depois de todo aquele desgaste? Que um buque de flores resolvesse tudo? Ou talvez uma caixa de chocolates, enfeitadas com a (porcaria) daquele sorriso que ele sempre ofereceu para ela? Grandes merdas.

Não, hoje não vou lhes contar mais uma história sobre o amor. Muito menos algo sobre a felicidade e paixão. Vou lhes contar sobre todo o cansaço, todo a merda que isso se torna quando, por fim, acabam-se as esperanças. Talvez Eu minta no meio de algumas frases, mas um grande foda-se para isso. Ser escritor é realmente ser um grande mentiroso. É dizer tudo o que gostaria que fosse verdade, fazendo com que pareçam ser. Enquanto a realidade não passa de caneta e papel manchado diante de seus olhos. 

Ela o amava, ou talvez o tenha amado um dia. Claro que sim, isto fica explicito no jeito que desvia o olhar quando os dele está sobre ela. Fez questão de não abrir a porta logo que ele anunciou sua chegada. Mentiu descaradamente, disse que estava ocupada demais para poder conversar neste dia. Mandou algumas mensagens falando sobre suas ocupações, enquanto sentava no sofá com as pernas postas sobre os mesmos. Aí foi a parte que saquei que ela o amava, aceitou aquela visita, mesmo não a querendo, não conseguiu dizer "não" para aquele cara. Grandes merdas.

Agora vem aquela parte que machuca, toda história precisa dela. Ele pede para que ela o deixe ficar. Ela, ainda sem saber para onde olhar, tentando fugir daquele par de olhos que a cercam, tenta ser firme e pedir para ele partir. Mas é impossível tomar coragem para dizer isso. Ela não precisa dele, nem mais um dia em sua vida, nem por um instante. Não precisa daquele momento de lágrimas, nem do que vem depois disso. Ela só precisava de um café quente para aquele frio, talvez alguns biscoitos, mas tudo isso estava na sua cozinha, porém ele estava entre ela e o seu destino. Que grande merda isso tudo.

Um banho gelado, foi isso que procedeu a noite após fazerem amor naquela cama onde ela gostava de dormir. Isso foi há mais ou menos três meses antes desta visita, mas ele fazia questão de mencionar o quanto os dois se entendiam bem neste momento. Ela adoraria fazer amor com ele agora, ainda mais se isso o fizesse calar a boca, fizesse silenciar os sentimentos que gritavam no peito e apagasse todas as marcas de mágoas, que ele causou, na pele dela. Talvez devesse fazer aquilo, apenas fazer amor e esquecer. Mas aí teríamos a grande merda do sexo interferindo em tudo.

A história que vim lhes contar hoje, foi de uma garota que não tem mais esperanças. Que gritou para ele ir lá e derrubar todas as paredes, invadir todo aquele espaço em seu peito e desenhar-te em sua pele. Desafiou-o a envolve-la em seus tecidos de palavras mal colocadas, entre beijos doces e frases amargas. Porém a grande merda que fica aqui, é mais um final feliz que nunca acontecerá.

Ele adoraria provar aqueles biscoitos, para acompanhar pediria um pouco daquele café, e mais uma vez diria para ela: "Está sem açúcar, denovo". Ela sorriria com o canto da boca, vestida apenas com a camisa velha dele, cinza com a estampa de um time de futebol, contrastando com aquele pequeno rabo de cavalo preso mais alto que de costume, e responderia suavemente no tom mais doce que conseguiria: "Grande Merda"

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