Lobisomen - Capitulo 1: Décimo Terceiro 2/6
Sempre foi muito brincalhão, mas conseguiu tranqüilizar sua
mãe. Mas ainda continuava assustado com aquilo. Onde foi parar aquela cicatriz?
E da onde ela surgiu? Esse pesadelo foi real demais.[Leia Antes]
No caminho para escola aquilo parecia não sair da sua
cabeça, como teria aparecido e desaparecido assim tão rápido de seu braço?
Chris tentou não pensar nisso. Sua mãe para garantir que estava tudo bem não o
deixou ir sozinho para a escola, o levou em seu carro enquanto o enchia de
perguntas sobre sua saúde, Chris não perdia a oportunidade de fazer piadas só
para deixá-la mais preocupada.
– Mãe! Acho que vou desmaiar. Não vou mais... Agora vou.
Até que Marlene se irritou e o pôs pra fora do carro dando-lhe um belisco na
orelha. Despediu-se de sua mãe prometendo-lhe mil vezes que ligaria se qualquer
coisa acontecesse.
Chris
estava na sétima série, estudava em uma escola particular na qual era bem
conhecido entre seus amigos. Sua família se mantinha em bom estado, sua mãe era
uma psicóloga renomada em sua cidade, seu pai era o diretor de uma empresa de
uma cidade vizinha. Sua família vivia bem, sua irmã estava no segundo ano do
colégio e já estava se preparando para a faculdade de direito, o que deixaria
seus pais com orgulho. Chris não mostrava interesse em estudos para seu futuro
ainda, apesar de gostar bastante das aulas de história, principalmente quando
se referia a histórias mitológicas.
Na
porta de sua sala estava Julio, um garoto um pouco mais alto que Chris, cabelos
castanhos caindo por sobre os olhos dando um efeito enquanto jogava sua franja,
a pele rosada que o deixava com cara de americano. Estudavam juntos desde a
primeira série, suas famílias eram bem amigas, já que se reuniam bastante com o
diretor graças às travessuras dos dois. “Amigos na vida e companheiros no
crime.” Era assim que se intitulavam.
– Chris. Pensei que você não ia vir hoje, e eu teria que me
sentar junto com o chato do Vitor.
– Nerd! Achei que você escolheria melhor seus amigos.
– Eu percebi que não desde que me juntei a você.
E os dois rindo foram se sentar em seus respectivos lugares.
Chris tentou por varias vezes contar seu pesadelo para Julio, mas este parecia
estar mais interessado em trocar bilhetes com a garota que sentava a sua frente. Então guardou para si mesmo aquele sonho
estranho, um tanto quanto real demais para um sonho. Ficou em silencio quando
viu sua professora preferida chegar. Adriana dava aula de história, em especial
história grega que era sua paixão. Chris sempre esperava o fim das aulas para
poder conversar com ela a respeito dos seus interesses e dessa vez não foi
diferente.
– Ótima aula hoje professora.
– Obrigada, Chris. E como anda seus estudos?
– Tenho procurado algo para ler, mas me parece que nada tem
despertado meu interesse.
– Então eu tenho uma coisa pra você – Virou-se e pegou um
livro em sua bolsa que se intitulava “Mitos da Licantropia”
– Licantropia? Já ouvi falar a respeito, é sobre pessoas que
acreditam serem lobos.
– Exatamente, achei uma leitura interessante, e já que você
demonstra tanto interesse a respeito de mitos tomei a liberdade de pegá-lo
emprestado para você.
– Muito obrigado. Vou adorar saber um pouco mais desses
lobos.
– Tenho certeza que vai. Agora corra senão irá perder seu
intervalo.
Chris se despediu da professora e saiu para o intervalo, no
corredor começou a pensar que parecia um pouco estranho que no dia que havia
tido aquele pesadelo, sua professora lhe oferecerá um livro sobre lobos. Talvez
ela o conhecesse demais ao ponto de saber com o que sonhou na noite anterior ou
foi uma mera coincidência muito estranha. Pensou por um segundo enquanto
percorria o corredor, mas não se prendeu a estes pensamentos.
Quando
chegou ao pátio, foi recebido com um enorme sorriso. Existem muitas coisas
memoráveis na vida de um garoto e uma delas é seu primeiro amor. Cintia tinha
longos cabelos negros que pareciam dançar ao vento, os olhos eram de um
castanho escuro, misteriosos, um sombrio segredo que adoraria desvendar, sua
boca havia de ter sido esculpida por Deuses em um tom rosa que realçava sua
pele morena pelo sol que a tocava. Chris sem perceber sorria de volta para ela,
e logo percebeu que John o encarava. Um garoto louro que já estava no colegial,
era atleta do time da escola, popular com as garotas. Chris entendia que nunca
teria uma chance com aquela linda garota, já que não podia ser como John, então
se virou e foi sentar junto com Pedro e mais outros três garotos que formavam
um grupo.
– O que é isso Chris, estudando no intervalo? – Disse o
garoto alto sentado na escada.
– Peguei com a professora.
– Ah, Chris daqui a pouco você vai estar junto com o
João-come-livros. – disse o garoto de óculos que estava em pé ao lado de Julio.
– Se Chris virar um come-livros, juro que eu mesmo bato
nele. – Julio falou dando um soco no ombro de Chris.
– Tudo bem depois eu guardo.
Chris virou-se para o lado e
não deu mais ouvidos para o que seus amigos diziam. Passou os minutos restantes
vacilando seu olhar para o lado em que aquela linda criatura estava.
John
parecia contar estórias engraçadas para seus amigos, que riam sem parar
enquanto conversavam com ele. Ela sorria e conversava com outra garota que
estava sentada ao seu lado. Chris as vezes se esquecia que todos estavam ali
perto e que o viam olhando para ela como um ladrão que deseja um diamante.
– Se você quiser vou falar com ela – Disse Julio sentando ao
lado dele.
– Ela está com John. E não tenho o que falar com ela,
gostaria só de saber se vai a minha festa.
– Todos estão loucos para que chegue o dia de sua festa. A
Bianca vai também, então não posso perder – Disse virando o olhar para a garota
ruiva que estava sentada do outro lado do pátio.
– Vocês não se cansam disso? Nunca assumem que um gosta do
outro.
– E você não cansa de deixar o John ficar com sua garota?
Chris calou-se por um segundo, percebeu que Julio estava
correto, desde a primeira série olhava aquela garota, mas nunca tivera coragem
de dizer a ela o que sentia. Já John era mais esperto, um pouco mais velho e se
dava bem com as garotas, resolveu atacá-la antes que Chris o fizesse. No fim
agora só o que podia fazer é olhá-la sorrindo enquanto estava do lado de seu
namorado. Esperou que soasse o sinal para que voltassem para sala. Julio falava
sem parar a respeito da tal festa, já Chris não estava preocupado com isso
hoje, já que aquele sonho havia, realmente, mexido com ele. Durante as outras
aulas permaneceu em silencio, mesmo com Pedro toda hora lhe questionando porque
estava tão quieto.
Na saída uma garota de dezesseis anos, cabelos longos
castanhos com alguns tons louros, magra, alta com uma pele bronzeada pelo sol, o
sorriso brilhante que combinavá lindamente com seus olhos cor de mel.
– Um dia ainda me caso com sua irmã, e então você terá que
me respeitar cunhadinho.
Chris deu um tapa de leve na cabeça de Julio enquanto ia ao
encontro de sua irmã. Ao lado dela estava Leandro, um pouco mais velho, já
estava na faculdade, cabelo raspado um pouco mais alto que Victoria, olhos
castanhos, ombros largos, os dois pareciam se encaixar no modelo de casal
popular da escola.
– Fala lagarto – Tinha a péssima mania de colocar apelidos
em Chris, o que o deixava irritado no começo. – A Vic me fez vir te buscar
porque você teve um pesadelo com monstros. - Soltou uma risadinha, mas logo foi
repreendido pelo olhar que Vic lançou em sua direção.
– Eu nem conseguia assistir aula direito, graças ao tanto de
vezes que a Mamãe ligou. – Fez um gesto pegando seu celular no bolso e passando
a mostrar o histórico de ligações, ele conseguiu contar um pouco mais que
quinze antes de Vic continuar – O que aconteceu pra ela ficar desse jeito
maninho?
– Acho que me senti mal hoje cedo e desmaiei – ouviu-se uma
risadinha baixa do lado, e então Vic deu um empurrão em Leandro – Mamãe
exagera, não foi nada de mais.
– Você conhece sua mãe.
– Disse Vic em um tom ironia – Vamos entra logo no carro.
Chris teve que agüentar por todo o percurso as piadinhas que
o cunhado fazia a seu respeito, sem contar os vários apelidos que pareciam
brotar de sua cabeça.
– Pronto valente, em
casa.
– Diz à mamãe que vou estar na casa do Lê, e que voltarei
mais tarde.
Concordou
com a cabeça e, sem rir das brincadeiras de seu cunhado, desceu do carro e
partiu para dentro de sua casa, enquanto os outros dois saiam com o carro.
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